Eletromobilidade e microrredes são oportunidades para 2025, aponta CEO da Descarbonize

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A geração distribuída (GD) no Brasil tem atravessado desafios importantes, como o aumento no imposto de importação de módulos solares e reprovas crescentes de pedidos de conexão por parte das concessionárias, frequentemente justificadas pela inversão de fluxo de potência. No entanto, esses entraves impulsionam o mercado solar a se reinventar. Para entender mais sobre como grandes empresas do setor estão se reinventando para o mercado, a pv magazine conversou com Nuno Verças, CEO da Descarbonize, que acredita que este é o momento de o setor abraçar inovações e se adaptar às mudanças.

“Mudanças de lei sempre vão acontecer, e ao invés de nos lamentarmos, é preciso ir pelo caminho da adaptação. A energia solar sempre fará parte do nosso DNA, mas não basta fazer um negócio que gera dinheiro. É preciso continuar a fazer o que é bom, o que entrega qualidade de vida e sustentabilidade. Para isso, nossa ideia é fazer uma rede preferencial credenciada, criando uma espécie de selo da Descarbonize para atestar que o operador fala em nosso nome e está preparado para entregar projetos de acordo com nosso padrão. Já começamos a capitalizar no modelo B2C, e estamos realizando cada vez mais projetos.”, destaca Verças.

Dentre as tecnologias que vem ganhando espaço como alternativa viável para consumidores que buscam maior independência, Nuno comenta sobre o zero grid. Para o executivo, o zero grid é um exemplo de opção para lidar com os problemas normativos que o mercado vem enfrentando. Nuno afirma que a Descarbonizar já trabalha com zero grid e continuará oferecendo essa solução que, segundo ele, se tornará ainda mais representativa.

Mobilidade elétrica pensada para condomínios

Uma das grandes oportunidades que Verças enxerga está na mobilidade elétrica. “O meu condomínio agora já tem 50 carros elétricos, e aqui na Descarbonize já estamos estudando a possibilidade de oferecer o serviço de implementação dos carregadores elétricos em condomínios residenciais. A estrutura de mobilidade elétrica vai bombar nos próximos dois ou três anos aqui no Brasil. Com isso em mente, estamos montando um fundo para financiar carros elétricos em parceria com operadoras de motorista por aplicativo”.

A empresa também planeja expandir sua atuação no setor: “Estamos olhando para outras alternativas, e aí vamos vender os equipamentos elétricos e carregadores veiculares, bem como projetos para condomínios. Há muito o que ser feito, e quem explorar as oportunidades será referência no mercado em breve”, afirma.

Microrredes como inovação para o agro

Outro ponto de destaque são as microrredes, que oferecem uma combinação inteligente de geração, armazenamento e consumo local de energia. “As microrredes significam a geração para autoconsumo durante o dia, além de baterias que armazenam o excesso para o uso noturno e um gerador a diesel para quando a bateria está descarregada. É uma ótima alternativa para quem tem uma operação agrícola ou fabril remota. Cada vez mais, o mundo agro olha para as microrredes com interesse, e já existem boas opções de financiamento para isso”.

O executivo ainda complementa que “além do agro, condomínios grandes, com cerca de 200 casas, que tenham uma superfície favorável para a instalação da própria usina também podem se beneficiar de baterias individualizadas, uma para cada casa. Com uma solução de gerador comum para garantir a energia, é possível colocar todo um condomínio fora da rede elétrica. Acredito que esses são projetos que merecem cada vez mais atenção”.

Um mercado que será dividido entre os adaptáveis

Para Verças, pensar apenas em painéis solares residenciais e inversores é limitar o potencial do setor. “Isso é esperar que o mundo volte ao que era, sem fazermos nada de diferente, e isso não funciona”, esclarece.

O CEO também enfatiza que 2025 será um ano decisivo, que exigirá o desenvolvimento de novas vertentes como a de energia solar e armazenamento para motorhomes, barcos. “Vertentes estas que nem são tão novas assim, como as baterias de chumbo ácido, por exemplo, que são um mercado gigantesco graças às questões ambientais que levaram à adoção do lítio em maior escala. Todas as unidades hospitalares têm salas de operação com baterias de chumbo ácido, por exemplo, assim como todas as antenas de telecomunicação das operadoras ainsda usam essas baterias. Só nessa transição de tecnologia há uma oportunidade gigantesca”.

Por fim, Verças deixa um conselho para o setor.  “No mercado solar atual, quem não buscar se modernizar e antecipar mudanças terá que sair. Não digo isso em um sentido negativo, é apenas o caminho natural de qualquer setor, como também acontece no mercado financeiro. O cara que é jogador de futebol não necessariamente é um bom jogador de basquete, e se quiser se destacar no esporte, terá que treinar. Faz parte. É preciso ter mentalidade de provedor de soluções energéticas, e não apenas de distribuidor de energia solar. Viveremos um processo intenso de reorganização do mercado”.

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