Módulos fotovoltaicos: como garantir qualidade, desempenho e segurança

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Nova série da pv magazine mostra como garantir a qualidade, o desempenho e a segurança dos módulos fotovoltaicos, além de apresentar como mitigar os riscos associados à guerra de preços, à proliferação de módulos “piratas” e à falta de uma certificação local que ateste a qualidade dos módulos comercializados no Brasil.

Com o crescimento acelerado do setor solar e considerando que o custo dos módulos fotovoltaicos em um sistema médio responde por 50% do valor de um sistema solar (já chegou a 70% há pouco tempo), uma preocupação crescente é com a qualidade dos equipamentos utilizados nas instalações. Assim como qualquer outro equipamento, é necessário que os módulos fotovoltaicos sejam testados e certificados, como garantia de que entreguem a potência prometida pelos fabricantes.

Em um estudo recente, a Clean Energy Associates (CEA) encontrou um aumento “massivo” de microfissuras em módulos fotovoltaicos a partir de testes com amostras de 16 países ao longo de oito anos. As microfissuras nos módulos solares estão sendo tratadas como um problema crescente e recorrente. “Testes EL com mais de 300 mil módulos fotovoltaicos em 148 locais mostraram que 83% tinham rachaduras de linha, 78% tinham uma anomalia de solda e 76% tinham rachaduras complexas”, disse o relatório. “A descoberta mais surpreendente foi o recente aumento maciço de microfissuras”. Ou seja, mesmo que os módulos recebam as certificações de qualidade, muitas vezes o que se encontra no mercado são equipamentos com defeitos.

Requisitos mínimos de qualidade

A fabricação de grande parte dos módulos ocorre na China, mas é necessário garantir que os painéis que são comercializados no mercado brasileiro atendam aos requisitos mínimos de qualidade, desempenho e segurança e sejam testados por instituições idôneas com as devidas certificações. Por isso, as certificações e rankings de bancabilidade – dados financeiros e capacidade de produção dos fabricantes de módulos e inversores de energia solar, que também tem a ver com a capacidade da empresa de atender as garantias dos equipamentos – são tão importantes.

O coordenador do Grupo de Pesquisa Estratégica em Energia Solar da UFSC, professor Ricardo Rüther, um dos  pioneiros da energia solar no Brasil, conta que “no telhado da minha casa há dois geradores fotovoltaicos instalados por uma empresa que contratei em 2017 e em 2022. Apesar de eu entender sobre energia solar, eu não tenho como saber se aquele módulo atende às especificações da etiqueta. O que eu consigo fazer é verificar o desempenho do sistema e ver se ele está entregando a eficiência que contratei. Mas o módulo, mesmo, eu não tenho condições de saber. No fim, o consumidor final é refém dessa situação”.

Rüther também ressalta a importância de se confiar em fabricantes idôneos, com boa reputação, que possuam as principais certificações de qualidade e segurança e estejam entre os mais bem ranqueadas em bancabilidade.

Marcas estranhas, módulos esquisitos

“Estamos vendo uma profusão de marcas estranhas, que estão gerando problemas no mercado. Vendem módulos como 550 W, mas na verdade só entregam 500 W. Apesar da popularização dos sistemas de energia solar, ainda é um investimento alto e de difícil acesso para grande parte da população. Portanto, é preciso verificar a idoneidade do fabricante e se a empresa ainda estará no mercado ao longo dos 25 anos de garantia do equipamento”, comenta o professor.

O fundador e diretor de produtos e tecnologia da distribuidora mineira de soluções fotovoltaicas Genyx, André Hipólito, comenta que “hoje o que se vende no mercado é preço. E o que vimos no mercado recentemente foi essa guerra de preços. Algumas empresas chegaram a trocar a etiqueta do módulo como se ele tivesse 600 W, mas na verdade o módulo era de 550 ou 500 W. Hoje, quase todos os fabricantes são Tier 1 da Blommberg, que teoricamente indicaria o topo da pirâmide em bancabilidade, mas a fábrica não passa por qualquer sistema de qualidade, não tem certificação TÜV SÜD. Enfim, não ter uma verificação do que está entrando no mercado brasileiro. É um absurdo”.

O Brasil é o segundo maior importador de módulos da China

Depois da Europa, o Brasil é o segundo maior importador de módulos fotovoltaicos da China e trouxe ao país cerca de 7,8 GW no primeiro semestre deste ano, contra 9,9 GW, no mesmo período de 2022, de acordo com recente pesquisa da Greener. Apesar de uma leve redução frente ao que era esperado pelo mercado, o índice do volume de importação é atribuído em grande parte aos empreendimentos de Geração Centralizada (GC), que possuem previsão de construção e entrada em operação em 2023 e 2024.

O professor Ricardo Rüther explica que “que a qualidade dos módulos fotovoltaicos é ainda mais relevante entre os investidores das usinas de grande porte. Isso porque, qualquer queda na eficiência dos painéis, impacta a geração. Portanto, em grandes usinas é comum que os investidores arquem com os custos de envio de até dois caminhões de módulos para laboratórios certificadores no Brasil, como o da USP, por exemplo”.

Para elucidar essa e outras questões, nos próximos dias, a pv magazine publica uma série especial matérias sobre qualidade, segurança e eficiência dos módulos fotovoltaicos, incluindo temas como:

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