Especial Módulos: as certificações dos painéis solares fabricados no Brasil pela BYD e Sengi Solar

quais são as certificações dos painéis solares fabricados no Brasil

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Na quarta reportagem do especial sobre qualidade e segurança dos módulos fotovoltaicos, a pv magazine apresenta quais são as certificações dos painéis solares fabricados no Brasil pela BYD e Sengi Solar. Assim como os painéis importados, os módulos fotovoltaicos fabricados no Brasil também precisam da homologação do Inmetro. Entretanto, os painéis “made in Brazil” também possuem a certificação TÜV SÜD, instituição autorizada e especializada em serviços de testagem, certificação, auditoria e aconselhamento para diversas indústrias.

A TÜV SÜD é uma organização especializada em certificações e testes de qualidade, com ampla expertise em diversos setores, incluindo o de energia solar. Os testes avaliam o desempenho dos módulos fotovoltaicos com base em normas de segurança da Comissão Eletrotécnica Internacional (IEC), garantindo a confiabilidade de longo prazo dos produtos.

O Brasil é o segundo maior importador de módulos fotovoltaicos da China e, no ano passado, importou 18 GW em painéis, segundo dados da consultoria Greener. Juntas, as fábricas da BYD e da Sengi Solar têm capacidade de produzir 1 GWp em módulos.

A chinesa BYD chegou ao Brasil em 2015, quando inaugurou sua primeira fábrica de montagem de chassis de ônibus 100% elétricos em Campinas (SP). Em 2017, abriu uma segunda fábrica, também em Campinas, para a produção de módulos fotovoltaicos. Em abril de 2022, a BYD Energy inaugurou novas instalações e uma completa linha de módulos fotovoltaicos no mercado brasileiro e, neste ano, atingiu a marca de 2,3 milhões de painéis fotovoltaicos produzidos no país.

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A Sengi é uma empresa brasileira pertencente ao Grupo Tangipar, que atua no mercado solar desde 2015, com frentes de integração de sistemas, franquias de instaladores de módulos fotovoltaicos e como distribuidora de equipamentos. O grupo foi se verticalizando e investindo na parte de manufatura. Além da vertente comercial de importar e distribuir equipamentos solares do grupo, a Sengi passou a fabricar em Cascavel, no Paraná, sistemas de string box e, por fim, em 2021 decidiu apostar na fabricação de módulos em razão da pandemia, da oscilação dos altos preços dos fretes marítimos e das incertezas do mercado na época.

Certificações dos módulos fabricados no país

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De acordo o gerente de P&D da BYD, Rodrigo Garcia, “além do Inmetro, temos a certificação TÜV. Todos os produtos são testados internamente em nosso laboratório de P&D, para garantir a conformidade tanto do processo quanto do produto com relação às normas IEC61215 e IEC61730. O laboratório 3S, sediado na BYD Energy do Brasil, em Campinas-SP, é o maior e mais equipado laboratório da América Latina. Seus conjuntos de equipamentos de aferição de potência são de fabricantes europeias, e esse conjunto pode ser encontrado em apenas mais três laboratórios ao redor do mundo. Somado às linhas de pesquisas lideradas pelo departamento de P&D voltadas à tropicalização de módulos fotovoltaicos, tornam o Laboratório 3S único”, explica.

quais são as certificações dos painéis solares fabricados no Brasil
Certificação TÜV SÜD recebida pela Sengi Solar

Imagem: Agência Pro Connect

Os módulos da Sengi Solar, além do selo Inmetro, também obtiveram o selo TÜV IEC 61730 (desempenho e qualidade) e IEC 61215 (61730 (segurança elétrica dos módulos) em julho deste ano. Os módulos da empresa foram submetidos aos testes e avaliações da TÜV buscando validar a durabilidade, a qualidade e a segurança de seus produtos.

“Trata-se de uma comprovação embasada de que o produto apresenta o desempenho requisitado pelos mais exigentes órgãos internacionais. Essa certificação é mais conceituada que certificações locais, como a do Inmetro no Brasil, facilitando todo o processo de liberação legal de venda de produtos Sengi para o resto do mundo”, relata o gerente de P&D da Sengi Solar, Murilo Bonetto.

Garcia, da BYD, explica que “por conta de todo o conhecimento adquirido na fabricação nacional de produtos, em testes realizados no laboratório 3S e no laboratório de campo (usina experimental de P&D), temos a capacidade de alterar e melhorar nossos produtos para que se enquadrem em sua aplicação no Brasil, já que o consumidor brasileiro é o foco da empresa. Seguimos um critério de qualidade muito apertado, pois conhecemos o produto, coletamos dados a partir de nossa usina experimental – onde colocamos nossos módulos à prova – e desenvolvemos um produto brasileiro e feito especialmente para o Brasil. Além da validação em campo em nossa usina experimental, com uma taxa mínima de uma vez ao mês, são recolhidas amostras de um lote de módulos de nossa fábrica, onde ele é colocado no fluxo de testes de conformidade com as IECs. Dessa forma garantimos que todos os produtos BYD, a todo momento, mantenham sempre nossa qualidade de ponta”.

Certificação Inmetro X internacionais

De acordo com fontes do mercado ouvidas pela pv magazine, não há interesse dos fabricantes de módulos chineses para a certificação mais técnica e completa realizada no Brasil, além da homologação do Inmetro. Isso porque, além da obrigatoriedade do selo Inmetro, atualmente as maiores instituições internacionais já atestam a qualidade e a segurança dos módulos.

De acordo Bonetto, da Sengi, o custo médio para submeter um modelo de módulo para uma certificação internacional custa em torno de R$ 350 mil, mas pode chegar a R$ 1 milhão, dependendo da norma a ser certificada. “Mas é preciso certificar exatamente aquela ‘receita’ [de módulos]. Então se você tem dois fornecedores de célula, três fornecedores de EVA, o que é uma boa prática, esse teste acaba se multiplicando. Então você tem que testar todas as possibilidades de combinações possíveis, então assim R$ 300 mil viram um milhão, que viram R$ 5 milhões com muita facilidade, dependendo da quantidade de ‘receitas’ de módulos que você está certificando no Brasil”.

O executivo da BYD explica que “na Europa já existem outros tipos de preocupações além do preço – que, na verdade, fica em última posição nesta análise, já que os países não possuem área em abundância como no Brasil. Por isso, há outros aspectos considerados, como beleza, arquitetura, aplicação sustentável, menor impacto ambiental, pegada de carbono etc. Nosso dever é mostrar ao mercado onde vamos chegar, e qual caminho não percorrer”.

Bonetto, da Sengi, é a favor de uma certificação brasileira que ateste a qualidade e a segurança dos módulos fotovoltaicos. “Se a proposta da certificação nacional cobrisse todas essas lacunas que vemos hoje no selo do Inmetro, eu seria totalmente favorável”, diz o executivo.

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