Em um momento em que o mercado de armazenamento de energia ganha protagonismo no Brasil, a gigante global Chint está estruturando suas operações locais para atender à crescente demanda por soluções em baterias. Em entrevista à pv magazine Brasil para o especial de armazenamento, a CEO da companhia no país, Raquel Zhou, falou sobre os planos da empresa, os produtos já disponíveis e os próximos passos da regulamentação que podem destravar esse novo capítulo da transição energética.
Crescimento acelerado, mas ainda inicial
Para Zhou, o mercado de baterias no Brasil vive um momento comparável ao estágio do setor fotovoltaico por volta de 2015, com muitas oportunidades, tecnologias em evolução e um ecossistema ainda em formação. “Já existem empreendimentos pioneiros, mas a tecnologia ainda não está amplamente difundida. O mercado está em crescimento e em grande velocidade”, avalia a executiva.
A expectativa é de que o leilão de capacidade de baterias, previsto ainda para 2025, sirva como um divisor de águas. Zhou destaca que esse tipo de iniciativa pode impulsionar tanto a maturidade tecnológica quanto a redução de custos, facilitando a adoção em diferentes perfis de projetos, comerciais, industriais e utilitários.

Imagem: Chint Power
Tecnologias e soluções para cada perfil
O portfólio da Chint contempla baterias de fosfato de ferro-lítio (LFP) com células de 314Ah, que contam com refrigeração líquida para maior uniformidade térmica e vida útil. “Trabalhamos com packs em cabines e contêineres tudo-em-um, com alto grau de segurança e eficiência energética. Nossa experiência na produção de inversores também nos dá vantagem na etapa de conversão via PCS, com soluções modulares e de fácil manutenção”, explica Zhou.
Hoje, a empresa oferece três linhas principais:
- Residencial, ainda incipiente no Brasil;
- C&I (comercial e industrial), com soluções como a cabine de 261 kWh e 125 kW;
- Utility scale, com contêineres de até 5 MWh de armazenamento e até 4,8 MW de potência em média tensão.
Embora atualmente atue apenas com vendas diretas, a Chint está estudando a oferta de BESS as a service no país, em parceria com integradores e operadores.
Cadeia produtiva e produção nacional no radar
Apesar de ainda não fabricar baterias localmente, a Chint estuda a viabilidade de uma unidade fabril no Brasil. “Estamos verificando parcerias estratégicas e buscando agilidade e qualidade nos processos, com foco total no atendimento ao mercado brasileiro”, afirma Zhou.
Hoje, a empresa realiza a integração dos packs e oferece todo o sistema de conversão, mas ainda depende da importação das células. Segundo a CEO, o avanço da produção nacional exigirá uma cadeia coordenada que envolva regulação, incentivos e infraestrutura. “É preciso analisar cada etapa com cuidado, desde a importação até a operação, passando por logística, certificações e conexão à rede.”
Aplicações diversas e casos de uso promissores
O campo de atuação das baterias é amplo, com aplicações tanto frontais ao medidor (armazenamento para usinas solares, eólicas e híbridas) quanto atrás do medidor (uso em indústrias, comércios e residências). Os principais drivers de adoção incluem: arbitragem de energia (compra e venda nos horários mais vantajosos); redução de demanda e controle de picos; Substituição de geradores a diesel; qualidade de energia; e economia em comparação com extensões de redes de transmissão.
“O Brasil tem particularidades que favorecem o BESS. Muitas regiões têm redes distantes e com pouca capacidade, o que encarece a expansão. Nesse cenário, o armazenamento se torna uma solução mais viável técnica e economicamente”, avalia Zhou.
Participação ativa na regulação
A Chint tem participado das discussões sobre o marco regulatório do armazenamento e do leilão de reserva de capacidade. A executiva defende regras claras, compatíveis com o sistema interligado nacional e que tragam previsibilidade para investimentos. “Queremos produtos seguros, mas também que possam ser implementados de maneira simples e financeiramente viável.”
Para isso, a empresa propõe a otimização de processos entre todos os agentes, concessionárias, desenvolvedores e integradores, e defende o desenvolvimento de boas práticas para homologação, transporte, instalação e operação dos sistemas.
Próximos passos
Com o leilão de reserva de capacidade no horizonte, a Chint aposta no Brasil como um mercado-chave para a expansão de seus negócios. “Vemos uma grande oportunidade de mostrar a qualidade e a confiabilidade da marca. O mercado começa a entender o armazenamento não apenas como backup, mas como investimento com retorno real e baixo risco”, conclui Zhou.
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