O Ministério de Minas e Energia (MME) e a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) iniciaram estudo para avaliar como as mudanças climáticas devem ser incorporadas ao planejamento da matriz elétrica do Brasil do futuro. O projeto “Impactos das Mudanças Climáticas no Planejamento da Geração de Energia Elétrica” faz parte das ações da Cooperação Brasil – Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável, com recursos do Ministério Federal para a Cooperação Econômica e o Desenvolvimento da Alemanha (BMZ). O estudo será desenvolvido em parceria com o consórcio formado pela PSR e a Tempo OK.
O estudo vai simular os impactos de cenários futuros de mudanças climáticas sobre o sistema elétrico brasileiro, analisando, por exemplo, como alterações nas variáveis de precipitação, temperatura, irradiação solar e vento poderão impactar o planejamento e a operação da matriz elétrica brasileira. Serão utilizadas projeções climáticas de modelos do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC) e projeções do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA).
O principal resultado esperado do projeto é um diagnóstico detalhado de como a matriz elétrica brasileira se comportará diante de diferentes cenários climáticos, possibilitando um planejamento mais resiliente e adaptado às futuras condições climáticas. Além disso, o projeto abordará aspectos sociais como a pobreza energética e a transição justa e inclusiva, especialmente em regiões como o Nordeste do Brasil.
“Esses conteúdos são insumos importantes e estão bem alinhados com a estratégia que estamos construindo para o setor em termos de planejamento, da expansão de energia, da transição energética e da adaptação aos riscos climáticos”, destacou o secretário Nacional de Transição Energética e Planejamento do MME, Thiago Barral.
De acordo com o consultor técnico da EPE, Gustavo Ponte, a iniciativa surgiu a partir da ideia de revisitar o estudo de Integração de Fontes Variáveis Renováveis na Matriz Elétrica do Brasil, publicado em 2020. Os estudos concluíram que é possível operar o sistema “sob níveis extremos de penetração instantânea das fontes renováveis variáveis (FRV)”, como a solar e eólica, “garantindo sua segurança, estabilidade e confiabilidade”. Os estudos chegaram a uma configuração final do sistema com penetração instantânea máxima de FRV de cerca de 70% da carga instantânea. Em 2020, a participação instantânea das FRV era inferior a 53% da carga em 95% das horas do ano.
“Desta vez, são introduzidas novas variáveis, com o objetivo de avaliar a resiliência do sistema elétrico em diferentes cenários de mudanças climáticas projetados no âmbito do CMIP6 do IPCC, o que inclui a avaliação de alterações no consumo de energia elétrica e nos recursos energéticos renováveis, relevantes sobretudo para a geração hidrelétrica, solar e eólica e, consequentemente, para a oferta de energia elétrica para os próximos anos”, diz Ponte.
Metodologia
Partindo de um cenário em que a demanda elétrica seja igual ao dobro da atual — que gira em torno de 80 GW médios —, o estudo usará modelos computacionais de planejamento da operação energética de médio e longo prazo (SDDP) e de planejamento da expansão energética (OptGen) para a determinar cenários de expansão da oferta de energia para o atendimento dessa demanda. Posteriormente, a partir de três matrizes futuras possíveis, com diferentes composições de fontes e tecnologias, essas ferramentas permitirão realizar simulações operativas do Sistema Interligado Nacional (SIN) considerando os impactos das mudanças climáticas.
A consultoria PSR, responsável pela condução do estudo, destaca que um dos principais aspectos do projeto é o desenho de um ambiente para o planejamento energético que incorpore os impactos das mudanças climáticas, explicitando suas incertezas. “Será uma construção coletiva de novas metodologias e processos. A solução extrapolará a vigência desse projeto e será um legado importante para o planejamento do setor elétrico. O ambiente construído a muitas mãos também estará apto para se beneficiar dos avanços da ciência climática”, comenta o diretor executivo da PSR, Rafael Kelman.
“Esse estudo é muito importante para a resiliência do setor elétrico em um contexto no qual os eventos extremos estão se tornando mais frequentes e as variações meteorológicas, mais intensas”, acrescenta Head de P&D da Tempo OK, Luiz Fernando dos Santos. “A empresa tem experiência na utilização de modelos numéricos de tempo e clima e no desenvolvimento de soluções inovadoras de inteligência meteorológica, com modelos de machine learning para ajustar, refinar e reduzir as incertezas nas projeções climáticas, que podem contribuir para a precisão do estudo”, conclui Santos.
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