Solar no Agronegócio: as oportunidades do setor fotovoltaico no segmento rural

Soluções de armazenamento potencializam acesso à energia no segmento rural

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Com linhas de crédito incentivado disponíveis e mais familiaridade com investimentos em tecnologia e equipamentos para melhorar seus custos de produção, o agronegócio é um segmento com diversas oportunidades para a geração solar. O fim dos descontos nas tarifas de energia elétrica rural reforça o momento ideal para os empresários do setor considerarem investir em energia fotovoltaica.

Atualmente, os consumidores rurais correspondem a 14,5% da potência instalada de energia solar fotovoltaica distribuída no Brasil, com 3,5 GW instalados em 190 mil sistemas, de acordo com dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Desse total, 980 MW foram instalados só em 2023 e 1,1 em 2022.

Plano Safra com recursos para energia solar

A nova edição do Plano Safra 2023-2024divulgado em julho pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), que prevê R$ 364 bilhões para investimentos em projetos no agronegócio, com importantes atualizações em suas linhas para a sustentabilidade na produção agropecuáriaà medida em que amplia os recursos e opções de financiamento para produtores rurais que buscam investir em energia solar.

Um dos destaques desta edição é atualização de linhas de crédito como o RenovAgro, que financia a recuperação de áreas degradadas, a adoção de práticas conservacionistas, o manejo e a proteção de recursos naturais. Também podem ser financiados sistemas para geração de energia renovável e outras práticas que envolvem produção sustentável que reduzam a emissão de gases causadores do efeito estufa.

A tecnologia fotovoltaica é extremamente versátil e pode ser utilizada, por exemplo, no bombeamento e na irrigação de água, na refrigeração de carnes, leite e outros produtos, na regulação de temperatura para a produção de aves, na iluminação, em cercas elétricas, em sistemas de telecomunicação, no monitoramento da propriedade rural, entre muitas outras funcionalidades”, disse o presidente do Conselho de Administração da Absolar, Ronaldo Koloszuk.

Pensando nas projeções de negócios e nos benefícios, como as baixas taxas de juros, prazos e pagamento e carências estendidos para o setor rural, a Solarprime projeta movimentar R$ 8 milhões só com a venda de sistemas fotovoltaicos para o segmento. “A expectativa é alavancar as vendas, principalmente de sistemas de minigeração, destinados às propriedades rurais e que possuem aproximadamente 100 mil kWp de potência instalada. Com isso, esperamos contribuir para a modernização e sustentabilidade do segmento agro, que a cada ano, se mostra como um ator importante para o crescimento da energia solar no país”, adianta o CEO da Solarprime, Mário Campo Grande.

Fim da Tarifa Rural

De acordo com o decreto nº 9.642/2018, em dezembro de 2023 se encerra o benefício da tarifa rural na conta de energia, um desconto quase 30% menor em relação à tarifa padrão de energia das concessionárias. O subsídio rural, financiado pela Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) na qual trata-se de um fundo setorial com o objetivo de custear várias políticas públicas ligadas ao setor elétrico.

A chamada “luz rural” concedia às unidades de consumo classificadas no âmbito da agricultura familiar, camponesa, comunidades tradicionais, entre outras categorias, um da respectiva distribuidora. Dentro do custo operacional das propriedades rurais a conta com energia elétrica representa um dos gastos mais elevados para o produtor rural e este ano, pode ficar ainda maior. 

Armazenamento e energia solar no segmento rural

A baixa qualidade da rede de transmissão de energia elétrica que chega às propriedades rurais pela rede das concessionárias é também um incentivo para adoção não só de sistemas solares como também de armazenamento com baterias.

O gerente sênior de Marketing de Produto da Growatt, Silvio Robusti, explica que “as linhas de distribuição no segmento rural são uma linha longa e quase sempre única. São poucas conexões que estão propensas a grandes oscilações, já que percorrem grandes distâncias e com baixa densidade de consumidores por km. A manutenção também é mais complexa, a qualidade da energia elétrica é pior do que em grandes centros urbanos e é comum a incidência considerável de distúrbios elétricos. Em alguns casos, essas propriedades podem ficar até um dia e meio ‘no escuro’”.

No cenário de propriedades onde não há acesso à rede convencional de energia, os sistemas fotovoltaicos off-grid, aqueles sem conexão à rede das concessionárias, são os mais indicados. No caso das conexões off-grid, o excesso de energia gerado pelo sistema é armazenado em baterias e pode ser usado para cargas de emergência ou para abastecer a propriedade quando não há geração de energia.

Agrovoltaica em projetos pilotos no Brasil

Além das aplicações de solar para abastecer a produção e equipamentos rurais, quando a geração solar ocorre na mesma área em que o cultivo ou a pastagem são feitos, com os painéis instalados acima do solo e de forma a otimizar o microclima abaixo para as culturas específicas, a solução é chamada de Agrovoltaica ou Agrivoltaica.

Para testar essa configuração, uma parceria entre a Cemig, a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) e o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPQD) vai unir a produção de energia fotovoltaica e a produção agropecuária na mesma área, ampliando o valor do uso do solo e possibilitando o desenvolvimento de modelos de negócios inovadores. O investimento total é de cerca de R$ 10,5 milhões e as pesquisas serão desenvolvidas ao longo de 30 meses.

“Faremos uma avaliação completa do sistema Agrivoltaico customizado para Minas Gerais, envolvendo aspectos técnicos, regulatórios, econômico-financeiros, sob as perspectivas do produtor rural, distribuidora de energia e provedor da solução do sistema integrado”, explicou o gerente comercial do CPQD, Carlos Alberto Previdelli.

Já a Sunfarming, companhia sediada em Berlim e especializada em sistemas de 1 MW, com otimização do aproveitamento da luz para geração solar e para cultivo de plantas, desenvolve 4 GW de potencial agrivoltaico em quatro estados do país. No Pará, pretende desenvolver até 1 GW, a começar por Belterra, onde pode implantar até 30 MW aliados ao reflorestamento de terras. A empresa também desenvolve projetos no Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Ceará.

Renda extra para agricultura familiar com arrendamento para geração solar

Outra forma de aliar a energia solar ao agronegócio é o arrendamento de terras para projetos de solar por assinatura, com participação ou não dos proprietários. O Projeto 3 Marias desenvolvido pela Orion-E, por exemplo, é voltado para a produção e entrega de energia solar por meio do arrendamento de terras do pequeno produtor rural para a instalação de usinas fotovoltaicas.

No projeto, a BYD construirá as usinas por meio de seus parceiros integradores credenciados em todo Brasil e a Orion-E Sustainable Energy será responsável pela distribuição desta energia por meio da locação destas usinas ao cliente final. A parceria eleva a renda das famílias em até 40%, com contratos por um período de até 30 anos, com potencial de alcançar parte dos quase 4 milhões de produtores rurais inscritos na agricultura familiar espalhados por todo o território brasileiro.

Outro projeto, o Plante Solar, da startup Agrosolar, envolve a instalação de microusinas de geração solar distribuída em propriedades rurais para atender a demanda de outros consumidores, como por  exemplo, prédios públicos. A ideia é criar uma nova fonte de renda para a agricultura familiar, que poderia ter contratos de até 20 anos de aluguel de sistemas solares para o estado.  

Confira os artigos do especial Solar no Agronegócio:

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