Solução de armazenamento potencializa acesso à energia no segmento rural

Os consumidores rurais correspondem a 14,7% da potência instalada de energia solar fotovoltaica distribuída no Brasil, com 3,4 GW instalados em 186 mil sistemas, de acordo com dados da Aneel. Para comparação, o setor industrial corresponde a pouco mais de 7%. O número expressivo de sistemas fotovoltaicos no setor rural se dá, em grande parte, pela baixa qualidade da rede de transmissão de energia elétrica que chega às propriedades pelas concessionárias.

O gerente sênior de Marketing de Produto da Growatt, Silvio Robusti, explica que “as linhas de distribuição no segmento rural são uma linha longa e quase sempre única. São poucas conexões que estão propensas a grandes oscilações, já que percorrem grandes distâncias e com baixa densidade de consumidores por km. A manutenção também é mais complexa, a qualidade da energia elétrica é pior do que em grandes centros urbanos e é comum a incidência considerável de distúrbios elétricos. Em alguns casos, essas propriedades podem ficar até um dia e meio ‘no escuro’”.

O executivo, engenheiro eletricista por formação, também destaca que em algumas localidades rurais a rede de energia elétrica convencional ainda não chega e o custo para pedidos de instalação é muito elevado e o processo é moroso. “Nestes dois cenários, a energia solar fotovoltaica é a solução mais sustentável e, em alguns casos, a alternativa mais viável para prover acesso à energia elétrica no meio rural”, explica.

Energia fotovoltaica tem diversas aplicações no setor rural

Nas propriedades rurais a energia solar pode ser empregada em diversas finalidades, como soluções de backup, irrigação, bombeamento, refrigeração, entre outras aplicações. Em todos os casos, a possibilidade de gerar, dentro da propriedade, a energia que é consumida na produção contribui para reduzir os custos operacionais e a dependência de fontes convencionais de energia.

No cenário de propriedades onde não há acesso à rede convencional de energia, os sistemas fotovoltaicos off-grid, aqueles sem conexão à rede das concessionárias, são os mais indicados. No caso das conexões off-grid, o excesso de energia gerado pelo sistema é armazenado em baterias e pode ser usado para cargas de emergência ou para abastecer a propriedade quando não há geração de energia.

Solar off-grid mais barato que conectar à rede

No município de Tatuí, no interior de São Paulo e localizado a 187 quilômetros da capital, um empresário paulista adquiriu um sítio em busca de qualidade de vida. O proprietário também decidiu arrendar parte do terreno para produção de trigo, soja e milho, servindo como fonte de renda extra para sua aposentadoria.

“No início não havia infraestrutura básica como água e energia elétrica, o que tornava inviável a construção de duas residências que seriam habitadas pela família na propriedade. O cliente também fez um comparativo para ligação da rede elétrica da concessionária [a Neonergia Elektro] no local, mas o custo seria muito alto e o processo muito demorado. Ele então optou por um sistema fotovoltaico off-grid integrado a baterias de armazenamento”, explica o engenheiro especialista em OFF Grid e responsável pelo projeto, Oscar Makoto Kojima, diretor técnico da JAGS Sol Energia Solar.

A JAGS é empresa integradora sediada em Rolim de Moura, Rondônia, com uma filial em São Paulo, atuando há oito anos no segmento fotovoltaico com mais de mil projetos implementados no Brasil.

Sistema fotovoltaico fora da rede abastece obras rurais

No primeiro projeto de geração de energia elétrica que viabilizaria a construção das residências, o sistema foi inicialmente implementado com três inversores off-grid da Growatt de 5 kVA de potência, conectados a três baterias de lítio Dyness de 9,6 kWh e 36 módulos fotovoltaicos monocristalinos com potência de 440W da JinkoSolar.

A energia fotovoltaica também possibilitou o início da perfuração de um poço artesiano para acesso à água potável. “Essa etapa do projeto foi bastante complexa, principalmente porque não se tinha a noção exata da profundidade necessária para atingir o veio subterrâneo. Quando chegou a aproximadamente 200m de profundidade verificamos que seria necessário usar uma bomba muito mais potente de 10CV. Como nos primeiros testes verificamos que a corrente de partida era muito alta, optamos por utilizar um Soft Starter para obter uma partida mais suave na bomba com diminuição da corrente”, conta o engenheiro.

Depois da construção de duas residências para a família e pelo acesso à modularidade do sistema off-grid, optou-se pela expansão do sistema, acrescentando mais três inversores off-grid da Growatt de 5 kVA, mais uma bateria de lítio Dyness de 9,6 kWh e 18 placas de 440W chegando a seguinte especificação:

• 54 módulos fotovoltaicos monocristalinos com potência de 440W da JinkoSolar, totalizando 23,76 kW
• 6 inversores off-grid da Growatt com 5 kVA de potência cada – SPF5000ES (230V) em modo TRIFÁSICO 220/380
• 4 baterias de armazenamento Dyness Power Box 9,6 kWh

Agora, dois anos depois da instalação do sistema de energia solar na propriedade, o empresário se diz extremamente satisfeito com o projeto e já pensa em uma terceira fase a partir da integração com um gerador à diesel de pequeno porte, apenas como medida de segurança para assegurar 100% de disponibilidade de energia durante todo o tempo.