Bulbe Energia planeja expansão para a Bahia com 13 novas usinas em 2026

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A Bulbe Energia, empresa mineira de geração distribuída (GD) compartilhada de energia solar, anuncia sua expansão para a Bahia com a construção de 13 novas usinas no estado até o fim de 2026. A empresa, fundada em 2018 e com sua primeira usina concluída em 2020, já conta com um portfólio de 15 usinas em funcionamento no norte de Minas Gerais e outras nove a serem entregues até o fim do ano, dobrando sua base de clientes e atingindo 100 mil assinantes, dos quais 97,5% são residenciais. Para o próximo ano, a empresa também projeta entregar outras sete usinas em Minas Gerais. Com usinas com potências que variam entre 2,31 a 6,1 MWp, a potência total instalada dos 44 empreendimentos chegará a 160,7 MWp.

Em entrevista à pv magazine Brasil, André Mendonça, diretor de operações da Bulbe, conta que a estratégia da empresa se baseia na eficiência operacional e na consolidação de sua posição em Minas Gerais antes de expandir para outros estados. “A expansão para a Bahia representa um passo importante em nossa estratégia de crescimento, por isso preferimos atuar no estado de Minas Gerais primeiro, mas construímos uma boa relação com a Coelba (Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia), e trabalhamos em conjunto para garantir a integração das novas usinas à rede elétrica da distribuidora. A construção das usinas na Bahia está condicionada à conclusão das obras de rede, um processo que acompanhamos de perto para garantir a eficiência do projeto”, explica o executivo.

André Mendonça é o diretor de operações da Bulbe Energia.

Imagem: Bulbe Energia

Controle sobre toda a cadeia de valor

A previsibilidade é um dos pilares da Bulbe, tanto no relacionamento com os clientes quanto na operação de suas usinas. Por isso, a empresa tomou a decisão estratégica de internalizar etapas essenciais da construção, como o desenvolvimento dos projetos e a preparação dos terrenos. “A Bulbe adquire diretamente as curvas A e B dos fornecedores homologados e entrega as áreas já prontas, com terraplanagem e supressão vegetal concluídas, facilitando a etapa seguinte de montagem, feita por parceiros recorrentes e com escopo mais enxuto. Esse modelo garante maior controle sobre prazos, custos e qualidade da entrega”, diz Mendonça.

Operação e Manutenção (O&M) internas e mais eficientes

Na operação, a empresa também passou por um processo de internalização das atividades de O&M. Antes terceirizado, o serviço enfrentava desafios de gestão e cobrança de desempenho. “Optamos por montar uma equipe própria para as rotinas de manutenção e limpeza dos módulos, mantendo prestadores externos apenas para manutenções mais complexas e menos frequentes. Com várias usinas próximas umas das outras, a empresa também adota estratégias de clusterização para otimizar deslocamentos e reduzir custos operacionais”,

Todas as usinas da Bulbe utilizam trackers e módulos bifaciais (com exceção da primeira, localizada em Pirapora/MG), o que permite maximizar a geração. Segundo Mendonça, o acréscimo de cerca de 15% no CAPEX pelo uso dos trackers se justifica por um ganho de geração entre 11% e 15%, dependendo das condições do terreno.

Segurança operacional com saldo positivo de geração

Um dos pontos de atenção da Bulbe está na ocupação das usinas. A empresa opera com um saldo de geração acima do consumo dos clientes, de modo a garantir a entrega de energia mesmo em situações de variação climática, oscilações de consumo ou atraso na entrada de novos contratos. Essa estratégia oferece maior segurança tanto para o consumidor quanto para a empresa, evitando problemas de subgeração e aumentando a previsibilidade da operação.

Desafios na plataforma comercial e na comunicação com o consumidor

Com mais de 55 mil clientes ativos e crescimento mensal entre quatro e seis mil novos usuários, a Bulbe tem como meta alcançar 100 mil clientes até o fim de 2025 com uma equipe comercial composta com 65 colaboradores. Mendonça destaca que o principal desafio está na construção de uma plataforma comercial robusta e na comunicação com os consumidores. “Desenvolver e construir usina, a gente já sabe fazer. O difícil é explicar o que é geração compartilhada para o cliente, e até internamente”, afirma.

A equipe comercial da Bulbe.

Imagem: Bulbe Energia

De acordo com Mendonça, “a comunicação sobre geração compartilhada é complexa e leva tempo para ser entendida pelos consumidores. Além disso, a construção de confiança com os clientes é crucial, especialmente considerando que a Bulbe é uma empresa relativamente nova no mercado. Precisamos buscar formas para atrair os clientes, seja pelo aspecto da economia, da sustentabilidade, da economia com a sustentabilidade, além da força da digitalização”.

GD compartilhada como ponte para o mercado livre

Para a empresa, a abertura do mercado livre para todos os consumidores por meio da Medida Provisória da Reforma do Setor Elétrico – MP 1.300/2025 será uma etapa importante para o setor. “Acreditamos que a GD compartilhada será uma etapa intermediária antes do mercado livre e a migração dependerá da capacidade dos players de oferecer soluções sem que o cliente assuma riscos de preço de energia, especialmente em contratos de longo prazo”, relata o executivo.

Ele destaca ainda que há barreiras operacionais relevantes para essa transição. “Hoje, migrar para o mercado livre pode levar de seis a 12 meses. Voltar ao mercado cativo exige mais três anos. Isso não funciona para o varejo. Cada distribuidora atua de forma diferente, com processos e exigências distintas. É como abrir sete franquias de uma vez, com culturas completamente diferentes”, afirma Mendonça.

Essas diferenças regulatórias entre os estados representam um dos principais desafios para a expansão nacional da Bulbe. Mesmo com a estratégia de crescimento para a Bahia em andamento, a empresa opta por manter foco em regiões onde já possui escala, como Minas Gerais, até que o ambiente regulatório e a estrutura do mercado estejam mais maduras.

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