Segundo análise da CELA (Clean Energy Latin America), o armazenamento de energia renovável gerada em horários de menor demanda garante redução dos efeitos das interrupções na geração solar e eólica, bem como aumenta a flexibilidade de operação de todo o sistema elétrico nacional.
A inclusão de sistemas de armazenamento de energia elétrica no Leilão de Reserva de Capacidade do Governo Federal, previsto para junho de 2025, conforme previsto pelo Ministério de Minas e Energia (MME), pode se configurar como um grande avanço para a segurança energética do país, ao mesmo tempo em que acelera a transição para uma matriz energética mais limpa e flexível.
Segundo a análise da empresa, ao comtemplar as tecnologias de baterias neste leilão, o Sistema Interligado Nacional (SIN) ganha mais estabilidade e robustez. “Ao permitir o armazenamento da energia renovável gerada em horários de menor demanda, teremos uma redução importante dos efeitos dos cortes recorrentes da geração solar e eólica, o chamado constrained-off (ou curtailment), além de aumentar a flexibilidade operativa do sistema”, explica a especialista Camila Ramos, CEO da CELA.
Segundo a executiva, com tal medida, o Brasil poderá ingressar em um novo patamar de modernização do setor elétrico, incentivando o uso de tecnologias de ponta para garantir a segurança do fornecimento e viabilizar a o uso de mais fontes renováveis intermitentes no médio prazo. “Ao mesmo tempo, a inserção de sistemas de armazenamento acelera discussões técnico-regulatórias, impulsiona a inovação no setor e fomenta a digitalização do grid elétrico brasileiro”, acrescenta.
O leilão prevê a contratação de projetos de armazenamento com disponibilidade de potência mínima de 30 megawatts (MW) pelo equivalente a quatro horas de despacho contínuo por dia no sistema elétrico, com máximo de um ciclo de carga e descarga diárias, em horário definido pelo Operador Nacional do Sistema (ONS).
Segundo a CELA, todas as normas técnicas do edital ainda estão em fase de elaboração, mas é esperado que a metodologia de escolha dos vencedores seja uma combinação entre o menor preço fixo ofertado e a Capacidade Remanescente do SIN para Escoamento de Geração no barramento do projeto.
Já no modelo de remuneração, deverá ser determinada uma receita fixa mensal, corrigida pelo IPCA a cada 12 meses, com a possibilidade de receita adicional com serviços ancilares, desde que mantidos requisitos do leilão. Já o balanço de energia será liquidado no Mercado de Curto Prazo (MCP) e revertido para a Conta de Potência para Reserva de Capacidade (CONCAP). No volume do contrato, o vendedor não estará exposto ao risco de preços.
“Na prática, o leilão oferece um modelo com risco-retorno atrativo”, explica Camila. “Além de um modelo de receita fixa indexada à inflação e sem exposição ao risco de preços, o certame estabelece um prazo de quatro anos para execução dos projetos. Desta forma, vencedores poderão optar por arbitrar o melhor momento para compra dos sistemas, especulando uma queda adicional nos preços das baterias ou acelerando a implantação e antecipando a receita fixa (caso demonstrem benefícios técnicos e econômicos ao SIN com a antecipação). Se mantida desta forma, essa combinação de fatores pode gerar retornos acima da média”, aponta a especialista.
Mercado de US$ 12,5 bi em sistemas de armazenamento
Segundo estudo recente da CELA, o mercado brasileiro de sistemas de armazenamento energético deve atingir um crescimento de 12,8% ao ano até 2040, com um incremento de até 7,2 GW de capacidade instalada no período.
De acordo com as projeções da CELA, o avanço do mercado de baterias a serem incorporadas na infraestrutura de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica no país pode movimentar mais de US$ 12,5 bilhões anuais, considerando as regulamentações atuais.
No entanto, pela análise da consultoria com incentivos adequados, regulamentações bem definidas e metas estabelecidas, esse potencial poderia ser ampliado para além dos 7,2 GW previstos e alcançar valores de até 18,2 GW, sem considerar o potencial dos chamados sistemas behind the meter, que são instalações particulares em indústrias, comércios, propriedades rurais e residências.
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