A Athon Energia, empresa especializada no desenvolvimento e gerenciamento de projetos de energia solar, anunciou que nos próximos dois ou três anos, pretende investir R$ 1 bilhão em projetos de Geração Distribuída, em uma combinação tanto de private equity, quanto em estruturas de financiamento de longo prazo. Prova disso é que no início do ano, a empresa adquiriu 13 usinas solares da Raízen Gera Desenvolvedora S.A (RGD) e a empresa demonstra apetite em seguir com novas aquisições.
No total, a Athon conta com um portfólio de 37 usinas que representam 162 MW pico em ativos. Da transação com a Raízen, 11 já estão transacionadas e conectadas, e representam 50,5 MWp de potência instalada.
“Estamos sempre de olho em novas operações de M&A, com o objetivo de continuar atendendo aos nossos clientes com total confiabilidade para resultados de longo prazo, mantendo a satisfação como o pilar central”, afirmou o sócio-diretor da Athon Energia, Breno Megale em entrevista à pv magazine. “Essas 13 usinas que adquirimos têm uma aderência muito alta com a nossa estratégia de acelerar uma transição energética mais sustentável para clientes que se preocupam com a agenda ESG. Não estamos preocupados só com o amanhã, pensamos nos próximos 15 ou 20 anos, e por isso, temos predileção por clientes que olham para o longo prazo”, adiciona.
Dentre os clientes, estão gigantes dos setores de água e saneamento, saúde, serviços e telecom. Exemplos são a Algar Telecom e a Vivo, que inauguraram usinas no Centro-Oeste para implementar o 5G com redução das emissões de carbono.
Outro sócio-diretor da Athon, Raphael Eckmann, destaca o quanto a exigência destes clientes impulsiona o posicionamento da empresa. “Atendemos clientes que não buscam apenas companhias que entreguem a usina, mas que mantenham a geração com confiabilidade operacional. Essa boa performance faz com que os clientes demandem outras soluções, de acordo com suas necessidades específicas, e nos posicionamos como parceiros dispostos a resolver problemas”.
O Marco Legal da Geração Distribuída acelerou as operações de M&A no mercado fotovoltaico. De acordo com o associado da assessoria financeira Imeri, Victor Santiago, alguns dos fatores de aceleração foram a intensificação de processos de aquisições de pareceres de acesso e projetos operacionais, o gargalo no processo de conexões de usinas nas distribuidoras, o aumento da concorrência de players com descontos agressivos e a abertura do mercado livre, que passou a ser acessível para outra classe de consumidores. Essa concorrência acirrada vem movimentando os players da GD a agregarem tecnologia, em busca de manter a eficiência e a escalabilidade.
O sócio-diretor da Imeri, Bruno Borges, reforça que o setor elétrico brasileiro é bastante diversificado, porém, deve haver uma concentração de um menor número de players. “Como muita gente cresceu e temos petroleiras entrando no setor para competir com outros grandes de utilities, teremos um ambiente competitivo, que será bom para o consumidor final, especialmente quando entrarem os consumidores de menor volume/carga para a base do mercado livre. Essa evolução tornará cada vez mais acessível a energia solar por meio de planos pré-pagos, se não houver mudança na legislação”, explica.
Com este cenário, Borges ressalta que os entrantes no mercado enfrentarão um grande desafio, pois o momento de virada para o movimento M&A já aconteceu, e já recai a cobrança das tarifas para novos projetos, o que impacta a rentabilidade. Com o câmbio atual, a tarifa de importação impactando no custo dos módulos e o acesso dificultado para a conexão na rede, a expectativa é de um período de consolidação para os projetos que já existem com aprovação, implantados ou não.
Nesse sentido, a Athon considera que o mercado de M&A faz parte de um movimento natural de um mercado fragmentado, como é o da geração distribuída. Para a empresa, já está no radar continuar investindo em novas aquisições, além dos investimentos em usinas próprias.
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