You.on aposta em crescimento nos mercados residencial e C&I para baterias

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A criação da You.on Energia, fabricante nacional de soluções de armazenamento por meio de baterias, nasceu ancorada pelo contrato firmado junto à ISA CTEEP para o desenvolvimento do primeiro projeto de armazenamento de energia em larga escala do Brasil, em Registro, São Paulo. O objetivo do projeto era evitar a interrupção de energia no litoral sul do Estado de São Paulo e ampliar a integração de fontes renováveis. Agora a empresa aposta no crescimento de 300% em vendas de baterias para o segmento e está preparada para atender em até 2 GWh de demanda caso as baterias sejam incluídas no Leilão de Reserva de Capacidade na forma de Potência de 2024.

No escopo do projeto, a You.on ficou responsável pelo fornecimento e instalação do banco de baterias de íons lítio de 67 MWh, inversores, transformadores, software de gestão de energia e sistemas de automação, proteção e controle. A empresa paulistana atualmente é responsável pelo monitoramento do sistema, que visa suportar o incremento pontual da demanda do litoral, especialmente durante o verão.

Para se ter uma ideia, a ISA CTEEP é responsável pela rede de transmissão por onde trafegam cerca de 30% de toda a energia elétrica transmitida no país e aproximadamente 95% no estado de São Paulo.

Essa experiência junto à ISA qualificou a You.on para atender outros mercados como residencial, comercial e industrial (C&I) e soluções de armazenamento para mobilidade elétrica, sem deixar de atender clientes de grande porte, como as geradoras e transmissoras de energia, avalia o o CEO da companhia, André Vitti.

André Vitti, CEO da You.on

Imagem: Divulgação You.on

“Apesar de termos iniciado nossas operações com esse primeiro projeto nacional junto à ISA CTEEP, inaugurado em março de 2023, a atuação voltada para o mercado residencial, C&I e de mobilidade elétrica começou em junho do ano passado, mas as perspectivas são as melhores possíveis. Estamos projetando 300% de crescimento em relação às vendas do ano anterior”, afirma o executivo.

Vitti avalia o potencial no mercado residencial é grande, mas os volumes são menores. “Uma das grandes funcionalidades da bateria é a arbitragem, que é carregá-la quando a oferta de energia está com custos baixos e utilizar nos horários de pico, quando a energia fica mais cara”, diz.

No universo C&I, além da arbitragem, outro fator relevante são os possíveis prejuízos na interrupção de energia nas linhas de produção, de indústrias que não podem parar a linha e, nestes casos, as baterias oferecem a reserva energética necessária para a continuidade das operações.

Apesar da You.on não fabricar baterias para veículos elétricos, a empresa aposta na associação de armazenamento junto aos carregadores veiculares com um grande nicho de mercado. “Por exemplo, os carregadores que são utilizados em garagens residenciais, a grande discussão do momento é a demanda adicional que está sendo colocada por esses equipamentos, já que usualmente os carros são abastecidos à noite e no horário de pico. O consumidor chega do trabalho às 19 horas e pluga o carro na tomada no momento de maior demanda energética. Por isso, estamos desenvolvendo aqui no Brasil a bateria associada ao carregamento elétrico cuja função é oferecer uma reserva de energia disponível para entrega rápida e num curto espaço de tempo, com bastante potência, e que não demande uma energia adicional do grid num momento tão sensível”, comenta o executivo.

A empresa vem trabalhando para intensificar atua na oferta de baterias junto a diversos players focados na fabricação e /ou implantação de pontos de recarga, não apenas para garagens residenciais, mas de forma mais ampla, junto às distribuidoras de combustíveis e montadoras de veículos elétricos, entre outros.

Estimativas de crescimento no mercado de baterias

Segundo Vitti, o crescimento do mercado de baterias anda de forma simultânea com a inclusão dos renováveis dentro da matriz energética. Então, o crescimento no Brasil vai depender da regulamentação para viabilizar economicamente o uso de baterias. Alguns mercados na América Latina – que já estão mais avançados nessa inclusão – projetam entre 5 GWh e 7 GWh de consumo anual. O Chile está bastante acelerado, o Peru tem essa realidade também se instalando e a Colômbia também está começando a olhar isso com bastante entusiasmo. “Inclusive, abrimos uma nova operação na Argentina para também explorar esse potencial”, comenta.

A possível inclusão de sistemas de armazenamento em baterias no próximo leilão de reserva de capacidade pode acelerar a regulamentação e tem potencial de atrair uma oferta de até 2 GWh em projetos de armazenamento.

A You.on acompanhou a audiência pública sobre a inclusão de fontes renováveis e não despacháveis, como eólica e fotovoltaica, aliadas a sistemas de armazenamento em baterias (BESS) no Leilão de Reserva de Capacidade na forma de Potência de 2024 (LRCAP 2024), previsto para agosto. Na ocasião, Vitti afirmou que a empresa teria capacidade para atender essa demanda com baterias próprias.

“Temos expectativa e capacidade de atender entre 1,5 e 2 GWh de investidores interessados nas baterias para eventualmente concorrer no leilão, entre players do setor, assim como fundos de investimento nacionais e internacionais”, pontuou o CEO da empresa e complementou que a “bateria é o agente que faz com que as energias renováveis sejam incorporadas de forma consistente e o governo sabe disso e entende que as baterias serão um player importante, mas que ainda precisamos de regulamentação. Então, o desafio do governo será o de regular rapidamente de um lado e, ao mesmo tempo, atender às demandas energéticas no curto prazo”.

Fabricação de baterias no Brasil e importação de células

Sobre a possível fabricação local de células para a bateria no Brasi puxado pela grande oferta de lítio nacional, Vitti comenta que essa não é uma realidade impossível a médio prazo, mas o segmento de veículos elétricos pode impulsionar essa indústria. “Para se ter uma ideia, das grandes produtoras de célula mundo afora, cerca de 30% do volume que produzido é destinado ao mercado estacionário e os outros 70% vão para o setor automotivo”.

Apesar da base menor de sistemas estacionários, quando essas soluções se incorporaram ao grid para grandes consumidores de energia, como foi o caso do I ISA CTEEP, são mais de 70 MW incorporados, abarcando velocidade e volume de crescimento. “Essa já é uma realidade que vem se consolidando no mundo afora e eu acho que daqui a pouco a gente vai conseguir incorporar aqui também”, apontou.

Sobre a crescente queda dos preços da bateria em nível global, Vitti estima que o valor atual de US$ 140 por kW, deve cair mais da metade, chegando a US$ 60 em cinco ou seis anos, dependendo da escala de adoção que impulsiona a redução dos preços.

De acordo com o executivo, em termos tecnológicos, a maturidade do mercado também impulsiona o aumento da densidade das baterias. “Então, por exemplo, o sistema da ISA CTEEP, em Registro, que a gente integrou, se a instalação fosse realizada hoje, teria ocupado apenas metade do tamanho da instalação atual. E esse aumento da densidade das baterias vem sendo puxado pelos veículos elétricos, que precisam ter cada vez mais autonomia”, finaliza o executivo.

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