Sistema fotovoltaico flutuante bifacial com rastreamento em operação em Campinas

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Um consórcio liderado pela Apollo Flutuantes colocou em operação em Campinas uma ilha solar flutuante com painéis bifaciais que gira de Leste para Oeste acompanhando o sol para maximizar a geração de energia. Os parceiros e fornecedores do projeto formaram um consórcio que já tem consultas para atender 8 GW de projetos solares flutuantes nos próximos quatro anos. Os potenciais clientes são tanto usinas hidrelétricas que podem optar por hibridizar seus ativos, quanto empresas de geração distribuída em busca de economia de escala.

A Royal Fic, distribuidora de combustíveis de Paulínia (SP), é patrocinadora dos flutuantes e proprietária das ilhas instaladas em seu lago na Estância Jatobá, e enquadradas na geração distribuída.

Os módulos bifaciais de 690 Wp são fornecidos pela AE Solar. “Desde o começo a AE Solar fez testes e descobriram algo que nem a gente sabia, que o flutuante Apollo tem um albedo ótimo, de no mínimo 17%. A característica de poder produzir energia pela parte traseira, que é o albedo, fez com que o sistema encolhesse muito de tamanho, de 10 mil para 7 mil metros”, comenta o diretor presidente da Apollo, José Alves Teixeira Filho.

Oportunidades na geração distribuída 

O projeto funciona também como um piloto e demonstração para a ilha padrão desenvolvida e patenteada pela Apollo, que tem 180 metros de largura por 280 metros de comprimento, com 9.000 módulos bifacias. A ilha pesa aproximadamente 1.200 toneladas flutuantes, com mais 396 toneladas submersas de ancoramento. A capacidade é de 7 MWp e 5 MW em corrente alternada.

“Pode parecer simples, só uma boia, mas não é. Essa ‘boia’ tem que durar 30 anos. Tem toda uma pesquisa, um desenvolvimento de engenharia. Esse é um projeto muito interdisciplinar, por isso precisamos dos parceiros”, pontua Teixeira.

A ideia do consórcio é ofertar essas unidades tanto para operadores de hidrelétricas que querem hibridizar seus ativos quanto para empresas do segmento de geração distribuída.

“Exclusivamente para fotovoltaicas flutuantes, é permitido construir grandes usinas instaladas, por exemplo, com 300 MW em um lago, fatiados, eletricamente, em 300 fatias de até 1 MW e negociar essa energia como geração distribuída, diretamente com o cliente final, o que é vedado para instalações no solo. Isso propicia um ganho econômico para usinas flutuantes seja muito rápido, só para ter uma ideia, uma obra de R$ 2 bilhões está com um payback menor que três anos. Não existe payback tão curto para obras de tamanho vulto”, disse Teixeira Filho.

Ele se refere à Lei 14.300, que veda a divisão de central geradora em unidades de menor porte para se enquadrar nos limites de potência para microgeração ou minigeração distribuída, exceto para as usinas flutuantes, desde que cada unidade observe o limite máximo de potência instalada.

Teixeira diz que um dos modelos que estão sendo estudado pelas hidrelétricas, além da oportunidade de hibridização, é o de ceder partes dos seus reservatórios para exploração por parte de outras empresas de geração distribuída, que podem se beneficiar do ganho de escala e explorar os ativos como geração distribuída.

O consórcio

Os parceiros no desenvolvimento do projeto que está atualmente em operação se juntaram à Apollo em um consórcio, o que, para Teixeira, demonstra a confiança e o interesse no desenvolvimento desse segmento.

“Nessa parceria com a Apollo, que é um flutuante super tecnológico e insubmergível, estamos aplicando nossos produtos de heterojunção com 210 mm de células. Estamos falando de produtos que podem chegar até 700 W, com coeficiente de temperatura reduzido e encapsulamento mais resistente à umidade e que pode chegar até 90% de bifacialidade”, diz o diretor da AE Solar no Brasil, Ramon Nuches.

A SMA  fornece os inversores com alta corrente de entrada, o que possibilita a futura integração de módulos ainda maiores. Já a Fortlev forneceu três toneladas de PEAD especial com fator UV 14 para a fabricação do flutuante.

A Universidade de Campinas (Unicamp) é o braço científico responsável pelos estudos e laudos comparativos entre as instalações no solo e na água – são duas na água, sendo uma fixa com face ao Norte e a segunda com movimento de Leste a Oeste.

O projeto ainda conta com CLP e sistema de controle da propulsão e seguimento solar da Altus; engenharia e EPC da On Off Grid; quadros elétricos e climatizadores para a contenção e proteção da automação e propulsão da Tasco e QRZ Metais; sistema de fibra ótica para alerta antecipado de invasão da Alfa Sense; sistema automatizado de preparação de concreto armado para as poitas de ancoragem da italiana Fiori; sistema de batimetria e correção de sinal GPS da CPE Tecnologia; otimizadores para solução de telemetria e segurança da a TIGO Israel.

A Transmaq forneceu guinchos de âncoras e do flutuante de manutenção e combate a incêndios (FMCI). Power Safe (AC Delco Jonssons Controls) forneceu todo sistema de baterias para o FMCI e para a ilha seguidora. INOX-PAR forneceu todos os parafusos em inox aplicados nas ilhas e no FMCI.

Essas empresas devem ter participação nos projetos futuros a serem fechados pelo consórcio liderado pela Apollo, diz Teixeira.

Uma versão menor do sistema será apresentado para interessados em outubro, durante o evento 360 Solar, que acontece em Florianópolis nos dias 26 e 27 de outubro.

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