A BYD tem consolidado uma posição estratégica no mercado brasileiro de baterias e projeta um salto significativo na demanda por sistemas de armazenamento nos próximos anos. Impulsionada pela expansão da geração solar distribuída e pela evolução do marco regulatório, a empresa enxerga no país um terreno fértil para ampliar sua atuação, tanto na mobilidade elétrica quanto no fornecimento de soluções estacionárias.
Em entrevista à pv magazine para o especial de armazenamento, o diretor de Veículos Comerciais e Solar da BYD Brasil, Marcelo Schneider, revela os bastidores da operação nacional, os diferenciais da tecnologia da empresa e as oportunidades que podem acelerar o fortalecimento da cadeia produtiva de baterias no Brasil.
Produção nacional e foco em eletromobilidade

Imagem: BYD
A unidade fabril da BYD no Brasil está localizada em Manaus (AM), e tem capacidade para produzir até 2 mil baterias de fosfato de ferro-lítio (LFP) por ano. Segundo Schneider, essa planta tem papel central na nacionalização da cadeia de eletromobilidade e é responsável pela montagem dos sistemas utilizados nos ônibus elétricos fabricados em Campinas, no interior de São Paulo.
“A planta de Manaus foi inaugurada em 2017 com foco na montagem de baterias LFP para nossos ônibus elétricos. Ela permite a produção local de veículos com tecnologia limpa e alto valor agregado”, afirma o executivo.
Apesar do foco atual em mobilidade elétrica pesada, a empresa acompanha de perto a demanda crescente por soluções estacionárias, especialmente no setor solar, em aplicações comerciais e industriais.
“Estamos avaliando formas de ampliar nossa atuação nesse segmento, seja com novos produtos, parcerias ou até futuras fases de produção nacional”, sinaliza Schneider.
Embora as etapas de fabricação das células ainda ocorram fora do Brasil, a empresa mantém uma estrutura local de montagem e suporte. A verticalização é uma das vantagens competitivas da BYD, já que todo o processo, do desenvolvimento de materiais até o sistema final, é dominado internamente.
“No Brasil, os elos mais presentes continuam na comercialização, integração e operação dos sistemas. Mas vemos grande espaço para avançar, especialmente na criação de protocolos de reuso e reciclagem, que devem ganhar força nos próximos anos”, projeta Schneider.
Portfólio LFP e aplicações em escala
A BYD trabalha exclusivamente com baterias de íon-lítio e aposta na tecnologia LFP em diferentes formatos. Nos veículos de passeio, a empresa utiliza a bateria Blade, tecnologia proprietária que elimina o uso de níquel e cobalto, com destaque para a segurança e o aproveitamento de espaço.
“A Blade se diferencia pelo design em lâminas, que aumenta a densidade volumétrica e elimina riscos de incêndio, mesmo em testes extremos. É uma solução segura, durável e mais sustentável”, explica Schneider.
Já para veículos pesados, empilhadeiras e sistemas de armazenamento estacionário (ESS), a empresa utiliza baterias LFP convencionais, igualmente reconhecidas pela robustez e desempenho.

Imagem: BYD
Energia como serviço e soluções para diferentes perfis
Além da venda de baterias e sistemas integrados, a BYD já atua no país com o modelo BESS as a Service (sistema de armazenamento como serviço), voltado especialmente a integradores solares e clientes industriais. O portfólio atende desde pequenas aplicações residenciais até grandes usinas fotovoltaicas e consumidores do mercado livre.
“Temos soluções escaláveis, com alta desempenho, eficiência operacional e previsibilidade de custos. É um modelo que traz vantagens competitivas e se alinha à tendência de serviços na nova economia da energia”, afirma o executivo.
Modernização do setor elétrico e marco regulatório
Segundo Schneider, o setor elétrico será um dos principais impulsionadores da demanda por armazenamento no Brasil. As baterias passam a ser ferramentas estratégicas para estabilidade da rede, integração das renováveis e prestação de serviços ancilares.
“Há um movimento claro em direção a sistemas conectados à rede, com foco em resposta à demanda, reserva de capacidade e sistemas ancilares. A modernização regulatória tem papel decisivo nesse processo”, avalia.
A BYD participa ativamente das discussões sobre o marco regulatório para baterias e vê o leilão de reserva de capacidade como uma oportunidade concreta para consolidar o setor.
“Defendemos uma regulamentação que reconheça o armazenamento como um agente multifuncional, com papel na geração, consumo e suporte à rede. É essencial garantir previsibilidade, valorização dos serviços prestados e competição tecnológica”, reforça Schneider.
Perspectivas para a cadeia nacional
Com uma estrutura consolidada de produção para eletromobilidade, soluções em escala para armazenamento e envolvimento direto nas discussões regulatórias, a BYD se posiciona como um dos principais players no desenvolvimento do setor de baterias no Brasil. A expectativa da empresa é de crescimento contínuo e diversificação da atuação no país, especialmente diante da transformação energética e das novas dinâmicas do setor elétrico.
“Estamos preparados para atender às exigências técnicas do mercado e acompanhar esse momento de virada. O armazenamento vai ganhar cada vez mais protagonismo, e o Brasil tem grande potencial para liderar essa agenda na América Latina”, conclui o diretor.
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