Cotas de importação, aumento de frete e taxa cambial: fatores que podem aumentar o preço dos módulos

Share

Embora o mercado brasileiro de energia solar esteja se beneficiando do novo patamar de preços dos módulos fotovoltaicos, que podem  chegar a US$ 0,08 por watt pico (FOB) a depender da negociação e do fornecedor, e da redução da taxa básica de juros que melhora o cenário para o financiamento, outros fatores podem pressionar o aumento do preço dos kits de equipamentos solares.

A consultoria internacional Infolink estima que o Brasil importou 10,1 GW de módulos até maio, o que equivaleria a US$ 1,2 bilhão, superando a cota de importação válida de janeiro a junho, de US$ 1,13 bilhão. Ou seja, as importações em junho para módulos sem ex-tarifários já estarão sujeitas à alíquota de 9,6% do imposto de importação.

A próxima rodada de cotas de importação sem a incidência do imposto tem um limite ainda menor, de US$ 1,014 bilhão, e para um período mais longo, de de julho de 2024 a junho de 2025, podendo se esgotar rapidamente.

Além da incidência do imposto de importação sobre as compras que ultrapassarem o limite estabelecido pelo governo, o aumento do custo do frete dos módulos também pode influenciar em um possível aumento dos preços.

“O contêiner estava na casa ali de US$ 2.500/US$ 2.300, pulou para US$ 9.300 por contêiner”, diz a diretora comercial da WIN Distribuidora, Camilla Nascimento. Cada contêiner transporta cerca de 720 módulos, que vão absorver em seu preço final o custo do frete.

A executiva diz que não há muita margem para negociar o transporte, que é realizado em um modelo específico de contêiner, de 40 pés. “A gente fica ‘refém’ de utilizar esse tipo de modalidade. E os navios estão muito sobrecarregados por conta de todo o cenário internacional, a questão das guerras modificou o comércio internacional e o aumento do consumo de produtos chineses no Brasil e no mundo aumentou a demanda”, adiciona Camilla.

Diante da variação do câmbio, com a cotação do dólar aumentando em cerca de 15% frente ao real neste ano, e aumento no valor dos fretes, há uma expectativa de aumento no custo dos kits fotovoltaicos para o segundo semestre, alerta a executiva.

A Greener estima que 60% a 70% do volume importado neste ano foi destinado ao mercado de geração distribuída. Na visão da consultoria, porém, apesar de dólar e frete serem importantes drivers para a precificação dos kits fotovoltaicos, nos próximos meses espera-se como atenuante a entrada no país de módulos com valores baixos devido à alta capacidade produtiva chinesa.

Este conteúdo é protegido por direitos autorais e não pode ser reutilizado. Se você deseja cooperar conosco e gostaria de reutilizar parte de nosso conteúdo, por favor entre em contato com: editors@pv-magazine.com.

Conteúdo popular

Órigo Energia obtém financiamento de US$ 40 milhões da IFC para 90 MW de geração solar no Brasil
13 dezembro 2024 Os recursos serão usados para a estruturação, implantação, comissionamento e operação dos projetos de geração distribuída de energia solar, de 22 faze...