Ecom prepara migração de empresas que serão liberadas para o ML a partir de 2024

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A Ecom Energia, que atua no mercado livre há mais de 20 anos, já está fechando os primeiros contratos para atender consumidores que serão liberados para migrar para o mercado livre a partir de 2024, através da sua comercializadora varejista. A migração será possível para todos os consumidores do grupo A, aqueles conectados em tensão igual ou superior a 2,3 kV, a partir do ano que vem, incluindo aqueles com menos de 500 kW de carga.

Para o CEO da Ecom, Paulo Toledo, as primeiras empresas a migrarem serão aquelas que estão no limite de carga e já vislumbravam essa possibilidade. “Esses consumidores que já fecharam esses primeiros contratos são empresas pequenas, com 300 kW, 200 kW de carga, algumas um pouco menores. A maioria são pequenas indústrias, e temos também alguns varejistas, como supermercados. A Ecom desenvolveu um trabalho grande com essa indústria, então já tem esse acesso”, diz Toledo à pv magazine.

A companhia tem o objetivo de ter 15% de participação de mercado nesse segmento “varejista” do mercado livre nos próximos três anos. Atualmente, a empresa comercializa em torno de 800/900 MW médios por mês.

Assim como ocorreu no início dos anos 2000, será necessário fazer um trabalho de educação com os consumidores para explicar como funciona a migração, quais são as vantagens, as obrigações, compara o executivo. Por outro lado, o perfil mais distribuído desses novos consumidores demandará mais inteligência e digitalização das empresas.

No atacado [consumidores de maior porte, que já migraram] onde a energia elétrica representa mais 50% do custo de produção, as empresas já tem áreas específicas para fazer essa gestão, era uma venda até consultiva, mais técnica, com equipe que sabe sobre o que está negociando. Agora será outra abordagem. Antes eram grandes volumes de energia para poucos clientes, agora serão centenas de milhares de clientes, com volumes menores de consumo, será uma venda mais digital e menos consultiva”, diz Toledo. 

A Ecom já está desenvolvendo canais de venda, com representantes comerciais. Apesar do desafio em mudar a abordagem e aprender a vender “no varejo”, a demanda reprimida por redução de custo deve incentivar as empresas a migrar.

“É relevante em qualquer negócio ter energia mais barata, mesmo para empresas mais focadas em comércio e indústria de pequeno porte que não são eletrointensivas. De novo, também vai começar do maior para o menor. Aquele que já estava quase se enquadrando será mais fácil, já estava olhando para isso. O consumidor de  kW talvez ainda nem tenha ouvido falar”, comenta o executivo.

One stop shop e digitalização

A Ecom é uma holding que tem empresas atuando em diversos segmentos do setor elétrico para atender os consumidores de energia como uma “one stop shop”, seja na migração para mercado livre, seja na autoprodução de energia, na gestão de contratos com terceiros, ou com a instalação de geração distribuída. 

Esse perfil de cliente quer uma experiência, assim como as pessoas querem, quando vamos olhar para as empresas pequenas, é a mesma coisa. Quer passar e ter uma solução. Por exemplo, o mesmo cliente pode ter uma unidade no grupo A, que faz sentido ir para o mercado livre, e também algumas unidades no grupo B, que pode fazer sentido colocar a geração distribuída. Tem que ter essa opção. Ele quer ter uma empresa que o atenda, pode ser ML, GD, eficiência energética, mobilidade urbana no futuro, o que precisar de energia”, comenta. 

Para Toledo, com a abertura do mercado livre para todos os consumidores do grupo A, a geração distribuída se voltará cada vez mais para consumidores do grupo B, para os quais a liberalização pode demorar um pouco mais – “esse governo não tem tanto viés de liberalização”.   

Geração distribuída

Atualmente, a companhia tem a meta de chegar a 50 MWp de potência instalada de geração solar distribuída no estado de São Paulo. Está construindo uma usina de 3,8 MWp com previsão de entrega em setembro deste ano, na área de concessão da Elektro, na modalidade de geração compartilhada. Além disso, a empresa pode fazer a gestão de créditos e faturas para terceiros. “A gente fecha o negócio com o cliente, faz a gestão da fatura, assim também temos acesso a eles”, comenta. 

Essa é uma experiência que prepara para o atendimento do mercado mais pulverizado que o ambiente de contratação livre tende a se tornar. “As empresas comercializadoras, GD ou varejo, vão pfrecisar cada vez mais de digitalização, ferramentas, centrais operando com Inteligência Artificial. Assim como ocorreu com o setor de telecomunicação. São segmentos em que hoje se faz tudo pelo app. Você envia documento, fotos, faz o primeiro pagamento via pix. Tudo isso o setor de energia vai passar. As empresas têm que entrar nesse modelo. Trouxe pessoas de tecnologia que vieram de telecom. Vai ficar 100% digital quando vier o grupo B. Mesmo agora, com todos do grupo A, são mais de 100 mil novas empresas que vão poder acessar o mercado livre. Sem tecnologia não tem como atender”, diz Toledo. 

O preço tem sua tendência, estamos passando por um período de preços baixos, fazia tempo que não víamos uma recuperação tão rápida, também a carga não cresceu no mesmo ritmo uma mudança também da base de geração, GD também desloca a curva de carga. Toda essa mudança, a matriz e a modelagem de preço ficam no piso. É mercado spot, mas baliza o preço de energia. Vemos sinais de preços bastante baixo. O GC que quer um ppa de longo prazo e quer um preço maior para remunerar o investimento. Consumidor livre tem várias fontes, tem eólica, biomassa. Vai para o mercado livre e ter mais competitiva.   

Gestão de contratos e autoprodução

Para Toledo, ainda há boas oportunidades para a expansão da geração solar no mercado livre, especialmente na autoprodução. “Esses investidores [de geração centralizada] devem começar a partir para contratos de autoprodução. Um grande consumidor, justamente um eletrointensivo, pode não comprar 100% da carga dele na autoprodução, mas pode contratar 30%, 40% da carga dele, pagando um prêmio, um pouco mais [do que está sendo praticado no spot ou em contratos de curto prazo], para ter essa previsibilidade de preço de energia por um prazo maior. Também tem a vantagem de poder dizer que é sócio em um projeto renovável, tem benefícios fiscais também”, comenta o executivo. Olhar para o mix de contratos de consumidores no mercado livre também é parte da oferta de serviços da Ecom.

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