Eventos climáticos extremos expõe fragilidade da rede elétrica e reforçam busca por armazenamento

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Um ciclone extratropical que gerou ventos de mais de 98 km/h, na última quarta-feira (10/12) e quinta-feira (11/12), em São Paulo e sua região metropolitana levou a queda de mais de 330 e à interrupção do fornecimento de energia de mais de 2,2 milhões de clientes, no auge do problema. Nesta segunda-feira (15/12), são cerca de 54 mil clientes sem energia, dos quais 39 mil na capital paulista, segundo um mapa disponibilizado pela concessionária de distribuição Enel.

No domingo, o Ministério de Minas e Energia publicou uma nota afirmando que a Enel será responsabilizada caso não cumpra integralmente os índices de qualidade e as obrigações contratuais previstas na regulação do setor. “O descumprimento dessas exigências poderá acarretar na perda da concessão no estado de São Paulo, além da adoção de todas as medidas legais e regulatórias cabíveis”, diz a nota.

De acordo com o Painel de Indicadores de Continuidade da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), os indicadores totais de duração e frequência das interrupções (DEC e FEC) da concessionária ficaram acima do limite no período de janeiro e a setembro.

Ranking de DEC Total/Limite das distribuidoras de 01/01/25 a 30/09/2025. Fonte: Aneel
Ranking de FEC Total/Limite das distribuidoras de 01/01/25 a 30/09/2025.

As interrupções por motivos externos, como por exemplo a queda de árvores, podem ser descontadas para o cálculo de cumprimento de metas e fiscalização final da Aneel. No entanto, são incluídas no DEC e FEC global porque ajudam a refletir a percepção da população sobre a qualidade do atendimento.

A situação é uma repetição de eventos cada vez mais frequentes. Em outubro de 2024, 2,6 milhões de consumidoras ficaram sem energia na área de concessão da Enel SP, após a ocorrência de ventos fortes. A média anual de desastres climáticos relacionados à ciclones extratropicais no Brasil no período de 2021 a 2024 aumentou 240% em relação à década anterior (2011–2020) e 1.800% em comparação aos anos 1990, segundo um levantamento realizado pela Aliança Brasileira pela Cultura Oceânica.

Mas aumentar a resiliência das redes elétricas pode elevar o custo final da energia para o consumidor, o que dificulta decisões de investimento. Segundo a Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee) o custo de uma rede subterrânea é de 8 a 10 vezes maior que o de uma rede aérea tradicional. Além disso, em algumas regiões, não há espaço suficiente no subsolo para instalar redes elétricas, devido a outras infraestruturas, como água, esgoto e gás. Em regiões onde há ocorrência frequente de enchentes o enterramento também pode não ser indicado.

Apesar da necessidade crescente de aumento da resiliência das redes diante de eventos climáticos extremos, as interrupções no fornecimento de energia são um fator importante de impulsionamento da adoção de sistemas de armazenamento. Um estudo da Greener estimou que o armazenamento junto ao consumidor deve atrair R$ 22,5 bilhões no Brasil até 2030. E a confiabilidade é o principal motivador para a instalação, segundo o levantamento da consultoria, diante dos prejuízos causados pelas frequentes quedas de energia e interrupções prolongadas no fornecimento de eletricidade.

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