CEO da SolarVolt prevê 2025 como desafiador para o mercado solar no país

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A SolarVolt, integradora mineira com mais de 10 anos de atuação no mercado solar e com duas spin-offs, a Voolta, com foco em soluções de eletromobilidade, e a Solve, voltada a projetpos de operação e manutenção (O&M) de usinas, apresenta uma previsão bastante realista para o ano que se aproxima. Seu CEO, Gabriel Guimarães, em entrevista à pv magazine durante o evento 360 Solar, em Florianópolis, Santa Catarina, prevê 2025 como um ano desafiador para o setor solar no Brasil, graças a uma série de fatores que incluem problemas de inversão de fluxo de potência, que já vem impactando a expansão da Mini e Microgeração Distribuída (MMGD), além da diminuição de geração distribuída remota com o fim de projetos em GD0 e GDI.

De acordo com executivo, esse fenômeno pode afetar a estabilidade e a eficiência da expansão da geração distribuída, o que traz incertezas para o setor. Ele menciona que a SolarVolt pretende mitigar esses desafios focando no aumento das vendas no varejo, em investimentos na autoprodução e em contratos residuais de EPC, buscando estratégias que possam compensar as dificuldades esperadas no segmento de geração distribuída e encerrando 2024 com um faturamento próximo a R$ 300 milhões, abaixo da previsão inicial de R$ 500 milhões.

Gabriel Guimarães, CEO da SolarVolt.

Imagem: SolarVolt

Guimarães aponta que o modelo de contratação mudou, com mais contratos BoS (Balance of System ou Balanço do Sistema, que é quando o investidor fornece os principais equipamentos do projeto e todo o resto é executado pelo epcista) do que contratos full EPC (Engineering, Procurement, and Construction), o que impacta diretamente a receita. “No ano passado fizemos mais obras full turnkey (fornecimento completo de todos os equipamentos, materiais, engenharia e construção de um projeto de energia solar), mas este ano a preferência do investidor por BoS diminuiu nosso faturamento por obra pela metade. Isso ocorre porque o investidor acredita ter vantagem na negociação de grandes volumes de equipamentos”, detalha.

Diversificação e complementariedade no setor solar

São cerca de 100 MW de projetos de EPC em 2024, e a empresa segue buscando expansão no varejo em estados como São Paulo e Rio de Janeiro. Seu portfólio para o varejo é segmentado para atender diferentes faixas de consumo: projetos pequenos (0 a 20 kW), médios (20 a 110 kW), grandes (110 kW a 1 MW) e gigantes (acima de 1 MW). “A segmentação nos permite atender melhor às necessidades específicas de cada tipo de cliente, oferecendo soluções personalizadas e competitivas”, destaca o CEO.

Além disso, a empresa tem explorado soluções de armazenamento com baterias e iniciativas em mobilidade elétrica, incluindo estações de recarga para veículos. Guimarães ressalta que o movimento de diversificação tem como base a complementariedade entre energia solar e tecnologias emergentes, como baterias de lítio e estações de carregamento veicular. “Agora, com a redução dos preços das baterias de lítio, a conta já fecha melhor”, comenta, explicando que antes, o custo elevado e a vida útil limitada das baterias de chumbo tornavam essa oferta inviável.

Faturamento com mobilidade elétrica quintuplica

Lançada em 2023, a Voolta, empresa do grupo focada em soluções de recarga para veículos elétricos, deve fechar o ano com faturamento previsto de R$ 2,5 milhões e com mais de 100 instalações, representando um crescimento de 500% em relação ao ano anterior. A expectativa é de que a empresa continue crescendo em 2025, acompanhando o aumento da demanda por infraestrutura de carregamento em grandes centros urbanos e áreas residenciais.

Guimarães explica que a estratégia da Voolta é consolidar-se como uma provedora de soluções em eletromobilidade, oferecendo desde projetos de estações de carregamento rápido até carregadores de corrente alternada (AC) para residências. “Nosso objetivo é garantir que a Voolta ofereça soluções de carregamento com segurança e disponibilidade, além de contribuir para a expansão da eletromobilidade no Brasil”, destaca.

Faturamento de R$ 3 milhões com O&M para minigeração

Outro pilar importante da SolarVolt para 2025 é a Solve O&M, focada em serviços de operação e manutenção (O&M) para usinas solares de minigeração. A Solve se destaca pela utilização de engenharia de dados e instrumentos avançados para análises preditivas, o que permite antecipar necessidades dos sistemas e reduzir custos operacionais. “Não estamos falando apenas de limpar painéis e roçar terrenos; nossa abordagem é muito mais técnica e orientada a resultados”, explica Guimarães.

Com um crescimento de mais de 100% em 2024, a expectativa é a Solve fature R$ 3 milhões e espera fortalecer seu posicionamento em 2025 ao oferecer um serviço de O&M estruturado, atendendo grandes players e ampliando sua base de clientes. A empresa aposta na automação e na análise de dados como diferenciais, com o uso de plataformas de inteligência artificial para apoiar decisões com precisão.

Visões de longo prazo para manter o crescimento

A SolarVolt também está abrindo uma nova unidade de negócios focada em sistemas híbridos de armazenamento, com foco inicial no agronegócio e potencial expansão para o mercado residencial. Segundo Guimarães, o aumento da demanda por sistemas de backup está impulsionando essa aposta. Outra área promissora é a autoprodução, que permite que clientes do mercado livre atendam parte de seu consumo por meio de um sistema próprio, como o grid-zero para indústrias. “Já entregamos um projeto de 2 MW e temos outro em construção. O mercado de autoprodução é uma tendência que deve crescer em 2025”, prevê o executivo.

Pensando no futuro, a SolarVolt considera investir em projetos de Build Operate and Transfer (BOT), um modelo em que a empresa opera um sistema por um período e, ao final do contrato, transfere o ativo para o cliente com um desconto. Esse tipo de contrato pode durar entre 10 e 15 anos, sendo uma solução atraente para clientes que buscam contratos de longo prazo com previsibilidade de custos. “Essa abordagem oferece segurança para o cliente e abre novas possibilidades de receita para a SolarVolt”, comenta Guimarães.

A SolarVolt e suas spin-offs vem apostando na diversificação de negócios para enfrentar um mercado solar dinâmico e competitivo. As estratégias de expansão, aliadas ao investimento em tecnologia e novos modelos de negócio, visam garantir que a empresa mantenha sua relevância e solidez no setor, oferecendo soluções completas e sustentáveis para seus clientes.

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