Os desenvolvimentos recentes da tecnologia de usinas solares flutuantes estão tornando a tecnologia mais competitivas do que, por exemplo, usinas instaladas em solo com estruturas fixas, avalia o CEO da KWP Energia, Ediléu Cardoso Jr. A companhia é uma das responsáveis pela instalação da UFF Araucária, de 7 MWp instalada na represa Billings, em São Paulo.
Apesar de, no mundo, a solar flutuante ter se desenvolvido como uma solução mercados com pouca disponibilidade de terrenos, oque não é o caso brasileiro, a tecnologia tem outras vantagens que podem ser absorvidas no país.
“Em toda região metropolitana do mundo tem um reservatório de abastecimento para as cidades e há oportunidade de colocar ali uma geração próxima ao centro de consumo. Só a represa da Billings tem 10.500 hectares, em uma área, no centro de São Paulo, em que os terrenos são mais caros e há uma demanda concentrada de energia”, disse Cardoso Jr. durante sua participação no Greener Summit, evento realizado nos dias 7 e 8 de maio, em São Paulo. Ele adiciona que a instalação das flutuantes pode ainda evitar a supressão de solo e terraplanagem dos terrenos, além de entregar outras externalidades positivas para os reservatórios.
“Confirmamos na Billings, onde há uma carga muito forte de poluição, essa semana, que um cardume de peixes na UFF Araucária estava usando o sombreamento da usina para área de desova”.
Com 10,5 mil placas sobre a lâmina d’água e investimento inicial de R$ 30 milhões, a UFF Araucária tem capacidade para produzir até 10 GWh por ano a partir da matriz solar. A usina possui 7 MW pico de potência instalada, com 5 MW de potência de conexão e painéis fotovoltaicos instalados sobre flutuadores de polietileno de alta densidade. De acordo com Cardoso, em dois meses foi possível construir 90% da usina.
Em sociedade com EMAE, a KWP formou a empresa Universo Fotovoltaico, que aluga a usina para os clientes, no modelo de geração compartilhada. Individualização do complexo, cabines de conexão.
Ao todo, a Emae, companhia responsável pela represa, habilitou 112 MWp de projetos flutuantes em suas chamadas públicas, que utilizariam 0,7% da superfície da Billings. No total, serão construídos 80 MW na represa, segundo Cardoso.
Ele destaca que o desenvolvimento tecnológico permite gerar mais energia ocupando a mesma área. “Há alguns anos, precisávamos de 1 hectare para instalar 1 MWp. Hoje, com um hectare instalamos 1,4 MWp”. Itaipu poderia dobrar sua capacidade instalada, de 14 GW, ocupando apenas 10% do seus lago para adicionar mais 14 GW de solar flutuante.
“A flutuante está vivendo o que a solar de solo viveu há alguns anos, rampando, com a cadeia se estruturando aqui no Brasil”, disse o executivo.
O custo de instalação da solar flutuante está entre o das usinas fixas e o das com usinas com trackers, um pouco mais caras que as primeiras e um pouco mais baratas que as últimas. “O capex está em torno de R$ 4,5 milhões o MWp, em média, dependendo do painel”, comenta Cardoso. A tecnologia tem uma vantagem na geração de nergia em comparação com as usinas de solo fixas, de aproximadamente 15%, porcausa do efeito de resfriamento dos módulos instalados sobre corpos d’água.
Olhando para além dos centros urbanos, a KWP vem mantendo conversas para aplicação das flutuantes nos açudes do Nordeste, com a vantagem de reduzir a evaporação da água, uma das principais preocupações na região, além de gerar energia.
Flutuadores instalados em 2019 já passaram por 16 metros de variação de nível
A KWP utiliza polietileno de alta densidade com tratamento UFV, que é reciclável, no flutuador Hydrelio, fabricado com tecnologia da Ciel et Terre, em parceria com a Unipac. No Brasil, a tecnologia já foi implantada em diversos projetos, incluindo a Fazenda Figueiredo em 2018, o projeto piloto na UHE Sobradinho, na Bahia, em 2019, e um projeto piloto da EMAE, que culminou na implantação da UFF Araucária em 2024.
Em Sobradinho, a usina flutuante de 1 MW, instalada em 2019, já passou por uma variação de nível de 16 metros sem sofrer danos, destacou Cardoso Jr.
Potencial de 43 GW ocupando 1% da superfície de corpos d’água artificiais
Cientistas brasileiros calcularam o potencial de geração solar flutuante no Brasil, assumindo apenas 1% de área coberta de corpos de água artificiais. Os resultados mostram um potencial instalado de 43 GW para todo o Brasil, com o estado de MG liderando com 6 GW, seguido por BA com 4,59 GW e SP com 3,87 GW.
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