Ludfor aposta na geração solar compartilhada e migração para o mercado livre

Share

A Ludfor tem uma presença consolidada na região Sul, onde concentra a maior parte da sua capacidade instalada, de centrais geradoras hídricas (CGHs) de geração distribuída. A companhia também é responsável por 54% a 55% da energia comercializada no mercado livre no estado Rio Grande do Sul.

Desde 2023, com a abertura de escritórios em Goiás e Alagoas, faz um movimento de expansão para as demais regiões do país, focada na geração compartilhada de energia solar, onde enxergou oportunidade de retorno financeiro. Para 2024, prevê a inauguração de um novo escritório na Bahia.

A companhia investiu R$ 54 milhões em usinas de GD solar compartilhada em 2023 e, em 2024, serão R$ 70 milhões, com a previsão de entrada em operação de 30 MWp.

“Viemos desse mundo da geração hídrica do Sul, mas partimos para o ramo da energia solar, a maior parte com consórcio, porque a rentabilidade é melhor”, comenta o especialista em geração e regulação de energia elétrica da Ludfor, Alexandre Becker. O especialista ressalva que a empresa continua estudando oportunidades em CGHs.

Como primeiros resultados dessa visão, a companhia iniciou a operação, no segundo semestre de 2023, de duas usinas solares em Pernambuco, nos municípios de Buique e Inajá, com 2,3 MWp e 4,3 MWp, respectivamente.

Usina solar de 2,3 MW, em Buíque, Pernambuco.

Imagem: Ludfor

De acordo com Becker, a geração solar distribuída também oferece um retorno financeiro maior que investimentos em nova capacidade de geração para o mercado livre, onde a remuneração da energia está em um patamar baixo. “Com o PLD (preço de liquidação das diferenças) no piso ao longo de 2023, a GD solar estava oferecendo um retorno financeiro três a quatro vezes melhor que no mercado livre, especialmente nos estados com tarifa mais alta no mercado cativo”, comentou o executivo.

Nos projetos de GD solar compartilhada, a empresa tem se aliado a sócios com diferentes especialidades para viabilizar as novas usinas.

“A maior parte dos projetos têm sócios que têm uma parte das usinas, como empresas importadoras de equipamentos, o que é bom porque o projeto economiza. Por outro lado não fazemos muitos projetos de uma vez para evitar muita alavancagem”, conta Becker. Também entram como sócios empresas interessadas em reduzir os custos de energia.

A Ludfor tem parcerias com Lemon em Minas Gerais, assim como a Leve Energia, em São Paulo, a Axis Renováveis no Rio de Janeiro, e a Setta Energia. As empresas parceiras fazem a prospecção de clientes de média ou baixa tensão, para as usinas de geração distribuída.

Projetos de geração compartilhada seguem competitivos pós Lei 14.300

De acordo com Becker, todos os projetos atualmente no portfólio da empresa estão enquadrados na GD I, as regras de compensação de créditos de energia anteriores à Lei 14.300, mais vantajosas para o consumidor. São 14 MWp construídas e 40 MWp em desenvolvimento e construção, a partir de 13 usinas, incluindo duas usinas em Pernambuco, uma em Goiás e o restante em Minas Gerais.

Especialista em geração e regulação de energia elétrica da Ludfor, Alexandre Becker.

Imagem: Ludfor

As usinas em carteira, na modalidade de geração compartilhada, poderiam entrar em operação até 2026 em alguns casos, a depender do parecer de acesso. Isso porque, apesar do limite padrão de 12 meses para início de operação a partir da emissão do parecer de acesso para usinas acima de 75 kWp, se houver necessidade de obras das distribuidoras, esse prazo pode ser alongado.

“Há casos que dependem inclusive de obra contratada em leilão, de ampliação de subestação, isso já é considerado no parecer. Se, contando com as obras na rede, o parecer é para até 48 meses, mesmo que a distribuidora antecipe, o que é raro, vale a previsão inicial”, comenta Becker.

O executivo avalia que os projetos GDI  são mais viáveis, mas ressalta que, com a redução de custos de equipamentos até 40% desde 2021 e as tarifas subindo em, projetos enquadrados na Lei 14.300 ficam competitivos, especialmente em estados como Pará, Rio de Janeiro, Mato Grosso e Minas Gerais. “Neste estado, especialmente, a extensão de incentivos fiscais como a isenção de ICMS para usinas com até 5 MWp, especialmente, permitem ganhos de escala de projetos e melhores retornos financeiros”, aponta o especialista.

Mercado livre

Para Becker, a abertura do mercado livre para consumidores de menor porte, a partir deste ano, traz novas oportunidades para empresas que atuam na geração distribuída. O contrário também é válido, aponta o executivo, com empresas que já são consumidoras no mercado livre olhando para a geração distribuída como uma oportunidade de investimento e diversificação de negócios.

Será necessário que a empresa avalie as condições e necessidades específicas de cada cliente.

“Com a abertura do Mercado Livre, o tipo de empresa que vai migrar é muito diferente, mais do varejo, e isso vai chegar para o residencial. O perfil do consumidor mudou e as empresas precisam se adaptar, com mais oferta de serviços que de produto, seja de assinatura de energia solar ou migração para o mercado livre”, diz Becker.

Além disso, ele observa, muitos consumidores que já podem migrar para o mercado livre já investiram em GD anteriormente. “Todo integrador já vendeu um sistema solar. Ao levar esse consumidor para o mercado livre, através de parcerias, talvez não consiga vender outro sistema, mas, se o consumidor economizar, em alguns anos vai voltar a entrar em contato para ampliar”, aponta o especialista.

A Ludfor atua como gestora de investimentos e comercializadora, além de deter uma empresa de O&M, a OperaSul.

Este conteúdo é protegido por direitos autorais e não pode ser reutilizado. Se você deseja cooperar conosco e gostaria de reutilizar parte de nosso conteúdo, por favor entre em contato com: editors@pv-magazine.com.