Faro Energy espera chegar a 250 MW de usinas GD remotas e compartilhadas até 2025

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Com uma expansão focada na geração compartilhada, a Faro Energy  prevê chegar a 250 MW em operação até o início de 2025, de 100 MW operacionais atualmente. A companhia vem de um crescimento focado no modelo de autoconsumo remoto, com aproximadamente 20 grandes clientes. A estratégia, agora, é atender as pequenas cargas dessas marcas com a geração compartilhada.

Para novas cargas desses clientes já existentes, a Faro oferece uma participação nos novos projetos de GD compartilhada. “E a gente vai encaixando novos clientes para completar a usina dentro da estrutura de consórcio na geração compartilhada”, detalha o diretor jurídico na Faro Energy, Raphael Roque. 

De acordo com o executivo, a companhia dispõe de mais de 400 MW desenvolvidos, que incluem os 150 MW que devem ser adicionados até 2025, a maior parte em geração compartilhada. 

Além disso, para fomentar a expansão, a Faro tem uma área especializada em avaliar operações de aquisição de projetos em diferentes estágios, desde mais embrionários até projeto em operação. “Atualmente avaliamos uma carteira de projetos que chega mais ou menos a 100 MW pico. Estamos sempre abertos a olhar, obviamente respeitando as instruções que tem hoje então não existe compra de parecer de acesso”, diz Roque.  

A Faro Energy iniciou suas atividades em 2017, quando inaugurou seu primeiro projeto, para o Aquário do Rio de Janeiro, até aquele momento o maior telhado solar da América Latina, com aproximadamente 600 kWp e mais de 2.000 painéis. Desde então, a empresa concentrou seus projetos na geração distribuída remota de pequenas fazendas solares, em pequenas usinas instaladas em solo.

Primeiro sistema instalado pela Faro Energy, no AquáRio.

Imagem: Faro Energy

Geração compartilhada ganhou mais clareza e segurança com Marco Legal 

Na avaliação do executivo, o Marco Legal da geração distribuída é um dos principais fatores que incentivam o crescimento da geração compartilhada. “Com a lei 14.300, em vigor desde 2022, temos um ambiente mais seguro e favorável para alguns investidores que até então ficavam reticentes com a forma como a minigeração se caracterizava no Brasil, baseada somente na regulamentação da Aneel. O Marco Legal trouxe muita clareza jurídica, especialmente para geração compartilhada. Então atualmente há essa proliferação dessas plataformas (de geração compartilhada) e acho que a segurança regulatória é o que traz essa possibilidade de investimento”, diz Roque.  

Ele comenta que esse modelo permite a criação de uma plataforma que conecta o consumidor final à empresa que gera energia. “Isso permitiu um aumento significativo no interesse de players financeiros, como fundos de investimento, ou mesmo grandes players do mercado de energia, por exemplo a Raízen ou a Brookfield, querendo entrar no mercado de minigeração”, cita o diretor.  

Raphael Roque, diretor jurídico da Faro Energy.

Imagem: Faro Energy

Apesar de os projetos da Faro serem predominantemente GD I, ou seja, enquadrados nas regras anteriores à Lei 14.300, a companhia também desenvolve projetos para GD II, sob as novas regras introduzidas  pelo Marco Legal.  

Roque avalia que a geração compartilhada é a forma mais fácil de democratizar o acesso a possibilidade, agora legal, de gerar sua própria energia. A lei, ele adiciona, tornou possível inclusive ampliar a variedade de consumidores que podem ser atendidos no modelo de geração compartilhada.  

Além disso, ele cita a perspectiva de aumentos na tarifa de energia regulada como fator determinante para a competitividade da modalidade no longo prazo.  

“Há aumentos significativos esperados para esse ano, muito acima da inflação. Quem dirá, mais aumentos na casa dos dois dígitos. Isso significa que as alternativas como a geração compartilhada serão atrativas. A gente confia muito nessa análise”, diz Roque.  

Atrasos na conexão por parte das distribuidoras 

O executivo admite que alguns projetos acabam enfrentando atrasos na emissão do parecer de acesso, no orçamento de conexão. “Mas acho que as mais recentes discussões com as distribuidoras são relacionadas ao atraso da vistoria, ou seja, conectar a usina que já está construída”. Ele avalia que os cancelamentos em série de orçamentos de conexão e pareceres de acesso já estão sendo contornados.  

“A gente conectou no último bimestre do ano aproximadamente 30 usinas, em sete estados, e o que a gente percebeu é que as concessionárias estão um pouco atoladas mesmo, com menos recursos para esse tipo de função”. Com os recursos apresentados pelas empresas às distribuidoras, ele aponta, alguns processos de conexão também podem atrasar. 

Desafios de construção e EPC próprio 

O executivo diz que esse esforço é resultado do posicionamento da Faro de operar o ativo por toda sua vida útil. “Então a gente sempre foi muito criterioso com o tipo de material, a técnica que é aplicada, porque a gestão vai ser nossa. Vou ficar com aquele ativo 30 anos”. 

A gente está falando aqui de projetos que ocupam no mínimo cinco, que já é uma área grande, chegando até quase 30 hectares. Os desafios são os mesmos de qualquer projeto de infraestrutura desde supply chain, entregar no prazo a obra em si. 

Para mitigar  esses desafios , a Faro Energy internalizou a construção e a gestão dos projetos. “sempre fizemos a gestão direta dos projetos com contratação de EPC. Atuamos em duas frentes: para projetos que a gente entende serem mais desafiadores, seja pelo prazo, seja pela própria estrutura do projeto, a gente coloca nossa equipe para fazer e temos tido muito bom resultado com isso, com projetos sendo construídos em três, quatro meses, o que é muito bom.  

Mas continua também contratando empresas EPC. “Procuramos sempre discutir com os EPCs as melhores técnicas e melhores formas de colocar os projetos de pé, com eficiência econômica para os dois lados. Mas acho que isso é um ponto que a gente conseguiu atacar bastante, nos últimos dois anos, e foi muito bom para a gente.  

Software de gerenciamento de ativos com gestão de contas 

Além disso, a companhia desenvolveu outras áreas de negócio para atender mais necessidades dos clientes, como a comercializadora de energia para Mercado Livre e uma plataforma de geração compartilhada de energia.  

“Temos um software proprietário, desenvolvido internamente, para gestão de ativos. Todas as nossas usinas são controladas de forma remota, não dependendo de ninguém para acessá-las”, comenta Roque. 

O software também faz a gestão das contas dos clientes com definição de proporção de rateio e conferências com base nas contas obtidas junto às distribuidoras. Esse software também é oferecido para terceiros. 

“A gente consegue fazer um mapeamento e uma previsão, com cruzamento de dados e a inteligência artificial, e estimar qual deve ser, daqui a dois meses, o rateio ideal que maximiza a percepção de benefício para os nossos clientes. Foi uma foi uma preocupação desde o início eu acho que hoje a gente consegue ter isso muito bem feito dentro de casa”, comenta Roque.  

Atualmente, são mais de 9.000 unidades consumidoras sob gestão do software. 

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