A Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD) divulgou hoje (25/11) os resultados de um estudo técnico inédito que demonstra que a micro e minigeração distribuída (MMGD) gera benefícios ao sistema elétrico brasileiro. O anúncio ocorreu em evento realizado em parceria com o Instituto de Energia e Sustentabilidade da Universidade de São Paulo (IEE-USP).
Entre as principais conclusões, o estudo mostra que, em redes de média tensão, a geração distribuída reduz perdas técnicas em até 3,7%, melhora a qualidade da tensão, diminui subtensões em até 15,6%, alivia a sobrecarga de transformadores em até 10,4% e contribui para postergar investimentos na rede. Os benefícios predominam até cerca de 70% de penetração e eventuais efeitos adversos surgem apenas acima desse patamar, sendo mitigáveis com reforços pontuais ou com a adoção de sistemas de armazenamento.
Em redes de alta tensão e na rede básica, os resultados indicam melhoria dos índices de severidade de tensão, redução da energia não suprida e diminuição de perdas na região analisada, sem qualquer impacto sistêmico negativo.
O estudo indica ainda que a integração de baterias — efetiva para ampliar a capacidade de acomodação da GD — e carregadores de veículos elétricos representa o caminho natural para a modernização das redes e para a flexibilização do sistema elétrico brasileiro.
O estudo destaca ainda que a MMGD desloca diretamente a geração de usinas térmicas fósseis, evitando a emissão de 60 milhões de toneladas de CO₂e de forma acumulada até 2038, reforçando seu papel para a descarbonização do setor elétrico. Também aponta que esses ganhos podem ser ampliados com a integração de sistemas de armazenamento.
Resultados econômicos demonstram que cada R$ 1,00 investido em MMGD adiciona R$ 1,60 ao PIB brasileiro. A fonte solar fotovoltaica desponta como a principal geradora de empregos, e a redução das emissões de CO₂ revela alto valor ambiental quando se considera o Custo Social do Carbono, estimado entre US$ 100 e US$ 600 por tonelada evitada. Os dados reforçam o papel estratégico da GD na transição energética e na mitigação climática.
O estudo foi conduzido por uma empresa especializada no setor elétrico, composta por consultores, professores e pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), sob contratação da ABGD e tem como objetivo apoiar o debate regulatório sobre a metodologia de precificação da energia injetada na rede, etapa ainda pendente de regulamentação pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), conforme determinado pela Lei nº 14.300/2022 e a Resolução nº 2/2024 do CNPE. O trabalho reúne um benchmarking internacional com países como Austrália, Estados Unidos, China e nações europeias, além de análises das redes elétricas típicas brasileiras e do impacto socioeconômico no país.
“A geração distribuída precisa ser valorizada por tudo o que entrega ao sistema, desde a redução de perdas e a postergação de investimentos em redes até os benefícios econômicos, ambientais e sociais”, afirma o presidente da ABGD, Carlos Evangelista.
Valoração locacional e temporal da MMGD
No campo regulatório, a ABGD propõe que a Aneel adote critérios de valoração locacional e temporal inspirados em modelos aplicados na Austrália, remunerando a energia exportada conforme as condições de operação da rede. O relatório recomenda ainda o reconhecimento dos serviços ancilares prestados pela MMGD, como regulação de tensão, resposta rápida a contingências e controle de frequência, já incorporados em mercados maduros por meio de agregadores de carga e geração.
A sugestão aparece em um momento no qual a regulação está direcionando o mercado para sistemas sem injeção de energia na rede.
Para a diretora regulatória da entidade, Raquel Rocha, o início dos debates sobre os benefícios da implementação da MMGD não apenas na rede elétrica, mas também sobre seu impacto na macroeconomia, representa um marco fundamental para a consolidação de uma política energética mais moderna, eficiente e sustentável. Segundo ela, discutir a MMGD no contexto da digitalização das redes e da gestão inteligente dos fluxos de energia permite evidenciar ganhos sistêmicos, como redução de perdas, alívio das redes, postergação de investimentos e maior segurança operacional, ao mesmo tempo em que se amplia o entendimento sobre seus efeitos positivos na competitividade industrial, na geração de empregos qualificados e no estímulo à cadeia produtiva nacional.
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