Especial Armazenamento: protagonista no mercado automotivo, Moura prepara nova fase mirando transição energética

Moura desenvolve projeto de armazenamento de energia para a CEMIG

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Quando o assunto é bateria de carros e motos no Brasil, é quase impossível não lembrar da marca Moura. Por trás da força no segmento automotivo, a empresa também vem ampliando sua presença no mercado de armazenamento de energia para o setor elétrico, e com protagonismo crescente. Em entrevista exclusiva para a pv magazine para o especial de armazenamento, o diretor de armazenamento de energia e eletrificação da Moura, Luiz Mello, detalha as estratégias e os avanços da companhia nesse novo capítulo.

“Hoje, operamos com uma capacidade produtiva de mais de 11 milhões de baterias por ano, o que nos posiciona como líderes em acumulação de energia na América do Sul”, afirma Mello. Segundo ele, a escala só é possível graças a um ecossistema verticalizado, que integra desde pesquisa e desenvolvimento até a produção final.

O complexo fabril em Belo Jardim, Pernambuco, é atualmente o maior polo industrial de soluções em acumulação e armazenamento de energia do continente. Por lá, são produzidos cerca de 3.000 SKUs (Stock Keeping Unit (ou código alfanumérico único atribuído a cada produto para identificação e controle de estoque) diferentes, abrangendo desde as tradicionais baterias chumbo-ácido até as soluções em lítio. “Para o mercado fotovoltaico, oferecemos um portfólio completo nas duas tecnologias dentro da linha Moura Solar, além do Moura BESS, nosso sistema modular e inteligente para armazenamento de energia”, detalha o executivo.

Luiz Mello, diretor de armazenamento de energia e eletrificação da Moura.

Da garagem para a rede elétrica

Apesar da fama entre os motoristas, a atuação da Moura vai muito além da indústria automotiva. A empresa fornece soluções para segmentos como telecomunicações, logística, segurança, data centers, hospitais e até para sistemas ferroviários e náuticos. No setor de Telecom, por exemplo, a Moura já acumula mais de duas décadas de liderança.

Agora, com o avanço da transição energética, o olhar está cada vez mais voltado para aplicações estacionárias e para o setor elétrico. “Estamos nos posicionando como parceiros estratégicos em projetos de geração distribuída, sistemas off-grid, microrredes e sistemas híbridos que consorciam tecnologias fotovoltaicas ao Moura BESS”, afirma Mello.

A participação em projetos sociais também é destaque. A linha Moura Solar, por exemplo, já integra o Programa Mais Luz para a Amazônia, levando energia limpa e ininterrupta para comunidades ribeirinhas e indígenas. “Temos uma solução simples e ágil para sistemas off-grid, garantindo o fornecimento mesmo nos momentos de menor geração solar”, completa.

Agenda regulatória e leilões: a hora e a vez do armazenamento

A Moura também tem acompanhado de perto os movimentos regulatórios que visam estruturar o mercado de armazenamento de energia no Brasil. Para Mello, a publicação da Resolução Normativa nº 1.111/2024 pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) foi um passo importante, mas ainda há um longo caminho pela frente.

“É fundamental que governo, setor produtivo e sociedade civil trabalhem juntos para consolidar um marco regulatório robusto, transparente e alinhado com as evoluções tecnológicas”, defende o executivo. Ele destaca ainda a importância de modelos de negócio inovadores, como o fornecimento de energia como serviço, para garantir flexibilidade e atratividade ao mercado.

Sobre o primeiro Leilão de Reserva de Capacidade com participação de sistemas de armazenamento, previsto para este ano, Mello é enfático: “Consideramos esse leilão um marco histórico. Ele vai trazer previsibilidade ao setor, fomentar a nacionalização da cadeia de valor e criar um ambiente favorável a novos investimentos.”

O executivo reforça que, além de mitigar a intermitência das fontes renováveis, o armazenamento será fundamental para garantir a segurança e a eficiência do sistema elétrico brasileiro. “Países que já passaram por processos semelhantes tiveram avanços significativos na consolidação de um grid mais inteligente e resiliente. No Brasil, esse movimento está apenas começando, e a Moura pretende ser uma das protagonistas dessa transformação”, finaliza.

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