Especial Módulos: Astronergy foca no TopCon e projeta avanço dos projetos residenciais no país

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Mesmo com a forte alta na demanda interna da China por módulos fotovoltaicos, os projetos brasileiros seguem sendo abastecidos pelos fabricantes asiáticos, ainda que com novos desafios de preço, tecnologia e falta de previsibilidade regulatória. É o que afirma o o Head of Sales LATAM da Astronergy, Eduardo Gama, em entrevista à pv magazine Brasil. Segundo o executivo, embora o volume de compras no mercado chinês tenha aumentado no primeiro trimestre de 2025, isso não afetou diretamente o envio de equipamentos para o Brasil, que segue sendo considerado estratégico para a companhia.

Eduardo Gama, Head of Sales LATAM da Astronergy.

Imagem: Astronergy

“A oferta de produto continuou a mesma, enquanto os preços apresentaram uma alta nesse primeiro trimestre”, explica Gama. O impacto, segundo ele, foi sentido principalmente nas margens das empresas. “Muitos fabricantes tiveram perdas financeiras significativas em 2024 e, neste ano, precisam se recuperar. Por isso, vemos uma postura mais conservadora de vários fabricantes.”

A Astronergy enviou cerca de 2 GWp ao Brasil em 2024, o que a posiciona como um dos principais fabricantes atuantes no país. A expectativa para 2025, contudo, é de um cenário desafiador, puxado pela instabilidade nos grandes projetos e pela necessidade de reorganização comercial do setor após um ano financeiramente difícil para a cadeia de suprimentos global.

Os preços do watt-pico (Wp) dos módulos Tier 1 no Brasil, segundo Gama, variam conforme a estratégia de cada fabricante, suas estruturas de custo e cronogramas logísticos. Ainda assim, a Astronergy acredita que os valores devem se manter estáveis no curto prazo. “Nossa expectativa é de que os preços fiquem estáveis até o final do semestre. Ainda não vemos motivos para uma alta mais acentuada nesse momento”, afirma.

TOPCon sim, HJT não (por enquanto)

Módulo TOPCon da Astronergy com potência de 630W.

Imagem: Astronergy

No cenário tecnológico, a Astronergy mantém seu foco nos módulos com tecnologia TOPCon, considerada atualmente a mais equilibrada entre custo e performance para os projetos brasileiros. Gama aponta que há um aumento recente na demanda por módulos HJT, mas vê esse movimento com ceticismo. “Houve um aumento na demanda de HJT simplesmente por uma questão de ex-tarifário e não pelos benefícios tecnológicos do produto”, pontua. “Quando avaliamos a eficiência econômica, ainda entendemos que o TOPCon oferece o melhor custo-benefício ao cliente final.”

A empresa, ao menos por ora, não pretende entrar na corrida pela produção de módulos HJT ou Back Contact.

Mercado em dois tempos: residencial cresce, grandes projetos travam

Segundo Gama, o ritmo dos projetos de médio e grande porte no Brasil desacelerou, travado principalmente por dois fatores: o curtailment (restrição de despacho da energia gerada) e os baixos preços dos PPAs (contratos de compra e venda de energia). “Enquanto essas questões persistirem, acreditamos que não haverá novos e grandes projetos saindo do papel”, afirma. Ele avalia que o cenário pode melhorar em 2026, mas para 2025, a aposta está no avanço do mercado residencial e de pequenos projetos.

Entre as participações relevantes da Astronergy no país, Gama destaca o fornecimento de equipamentos para a Usina Arupuá, da Kroma Energia, com 250 MWp de potência instalada, um dos maiores projetos em construção atualmente.

As instabilidades regulatórias também entraram no radar das fabricantes. “No final do ano passado enfrentamos diversos problemas com regime de cotas de importação e extinção de alguns ex-tarifários. Mudanças abruptas de políticas e regras geram incertezas e insegurança aos investidores”, critica o executivo. Para ele, o caminho está em reduzir essas incertezas para garantir um ambiente de crescimento sustentável.

Sobre o mercado de armazenamento de energia, Gama explica que a Astronergy não atua diretamente com baterias, mas o Grupo Chint, do qual faz parte, conta com a Chint Power System, especializada no tema. “É um sistema complexo e ter uma empresa focada nisso será um diferencial”, resume.

Mesmo diante das incertezas globais e locais, a Astronergy garante que está preparada para manter o abastecimento do mercado brasileiro em 2025. “Temos um time de projetos que pode dar suporte comercial e técnico. Para o mercado de distribuição, temos parcerias sólidas com os principais distribuidores do mercado”, finaliza Gama.

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