Para construir uma usina fotovoltaica eficiente, não basta ter sol. Como dizia o filósofo Gaston Bachelard, “a ciência é a superação de opiniões bem fundadas”: o ponto de partida para a viabilidade de uma usina solar são a análise do terreno e a caracterização do recurso solar. Ambos requerem dados de alta qualidade e decisões estratégicas.
Apesar da abundância de irradiação solar em boa parte do território brasileiro, a escolha do terreno adequado para instalação de uma UFV é um dos pontos mais críticos — e onerosos — do projeto. O relevo, a composição do solo e a vegetação local influenciam diretamente no custo e na complexidade das fundações e estruturas de suporte. Terrenos com declividades acentuadas, por exemplo, exigem terraplanagens extensas e fundações especiais. Já regiões com alta presença de rochas ou solos instáveis podem inviabilizar o projeto ou gerar custos imprevistos. Além disso, o sombreamento causado por morros, construções ou vegetação nativa compromete a eficiência dos módulos.
Superado o primeiro obstáculo, o segundo desafio está nos céus: como medir com precisão a quantidade de energia solar disponível no local? Por mais paradoxal que pareça em um país tropical, a dificuldade em obter dados confiáveis de irradiação solar — sobretudo com resolução espacial e temporal suficiente — é um entrave técnico real para engenheiros e projetistas.
A medição direta com piranômetros ainda é limitada a poucos pontos no país e nem sempre está disponível para a área de interesse. A alternativa, até recentemente, era recorrer a bancos de dados internacionais, muitas vezes pouco ajustados às particularidades climáticas brasileiras. Para projetos de maior sofisticação — como sistemas bifaciais, trackers de dois eixos ou arquitetura solar integrada (BIPV) — essa limitação se tornava um gargalo técnico.
Foi para enfrentar esse desafio que a Tempo OK, empresa nacional com ampla atuação em meteorologia aplicada ao setor elétrico, desenvolveu uma nova plataforma para avaliação do potencial solar. Disponível gratuitamente em https://tempook.com/solar/, o sistema oferece acesso direto a dados solarimétricos com base em algoritmos de inteligência artificial aplicados a imagens de satélite.
O diferencial está na profundidade e flexibilidade das análises: o usuário pode consultar a irradiância global horizontal (GHI), a irradiância normal direta (DNI), a irradiância difusa (DHI) e, sobretudo, a irradiância no plano do painel (GPOA) — a variável mais relevante para estimar a geração de energia real. A plataforma permite simular diferentes inclinações, orientações azimutais, presença de trackers, bifacialidade e características do entorno, como o albedo da superfície.
Na prática, isso significa que o engenheiro pode testar virtualmente diversos cenários e escolher a melhor configuração antes mesmo de visitar o local. Em um clique, é possível comparar, por exemplo, a geração solar esperada para uma fachada leste inclinada a 10 graus com a de um campo solar voltado ao norte com trackers horizontais. A ferramenta também exibe estatísticas detalhadas — como valores médios, desvios padrão e percentis — e permite acompanhar a irradiação real dos últimos 15 dias, ideal para validações rápidas.
Ao reduzir o tempo e o custo dedicados à etapa de análise solarimétrica — uma das mais críticas do processo — a plataforma da Tempo OK surge como aliada da engenharia solar. Sua contribuição é especialmente relevante para o avanço dos projetos de geração distribuída, usinas de pequeno porte e sistemas arquitetônicos integrados, onde a customização e o aproveitamento eficiente da superfície disponível são essenciais.
Retomando Bachelard, lembramos que “o real não é aquilo que se opõe ao imaginário, mas aquilo que exige um esforço contínuo de verificação”. No caso da energia solar, esse esforço agora está mais acessível — e mais preciso — graças à inteligência aplicada a dados do céu.
João Hackerott, CEO da Tempo OK
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