A empresa brasileira SunR, pioneira na reciclagem de painéis fotovoltaicos na América Latina, anunciou uma parceria estratégica com a PV Cycle, organização internacional que atua de referência na destinação correta e reciclagem no setor fotovoltaico.
A parceria marca a entrada da PV Cycle, conhecida por suas redes de articulação, informações e certificações em diversos países, no mercado brasileiro. Já a SunR poderá ampliar sua capacidade de reciclagem e eficiência operacional, o compartilhamento de tecnologias e conhecimentos. A companhia também poderá oferecer certificação internacional para seus clientes no Brasil.
Devido ao descarte antecipado de painéis danificados, a demanda por reciclagem de módulos atendida pela SunR aumentou significativamente no último ano. Só em 2024, a empresa recebeu aproximadamente 91 mil módulos (45 MWp) para reciclar, ou 2.800 toneladas, volume equivalente ao total recebido nos quatro anos anteriores. Até o final do ano, a projeção é alcançar a marca de 4.500 toneladas (75 MWp).
Com unidades operacionais em Valinhos, São Paulo, e Montes Claros, Minas Gerais, a SunR planeja expandir para o Nordeste (Pernambuco ou Ceará) para estar mais próximo dos projetos e reduzir custos logísticos dos clientes.
“A parceria com a PV Cycle representa um passo crucial para a SunR e para todo o setor fotovoltaico no Brasil. Além de fortalecer nossas operações, seremos capazes de oferecer a nossos clientes uma certificação reconhecida internacionalmente, o que agregará valor às suas operações e orientará com as melhores práticas ambientais,” afirmou Leonardo Duarte, CEO e fundador da SunR.
Aumento de interesse e responsabilidade pela logística reversa de módulos
Proprietários de usinas representam atualmente 78% dos clientes da SunR, seguidos por fabricantes (10%), distribuidores (7%) e integradores e epcistas (2%).
As responsabilidades de cada parte em relação à destinação correta e reciclagem dos módulos não são definidas em nenhuma legislação vigente. Conforme a Política Nacional de Resíduos Sólidos, os módulos fotovoltaicos são considerados equipamentos eletroeletrônicos e, portanto, estão sujeitos à logística reversa obrigatória para equipamentos de uso doméstico. No entanto, o estabelecimento de cadeias de logística reversa ainda não começou no setor.
Há pelo menos dois projetos de lei estabelecendo regras de logística reversa e destinação adequada específicas para o setor fotovoltaico em debate no país (leia mais abaixo).
“Recentemente estamos vendo um aumento no interesse dos fabricantes nacionais e internacionais em firmar parceria com a SunR para desenvolver as cadeias de logística reversa e garantir a reciclagem dos módulos de seus clientes”, comenta Duarte. “Internacionalmente cada país possui sua legislação e a PVCycle certifica os fabricantes e empresas do setor, sendo uma parceira para que esses fabricantes e empresas tenham acessos às legislações vigentes, e a recicladoras que prestam um serviço seguro.”
Certificação de reciclagem PV Cycle
A partir de setembro, a SunR e a PV Cycle começarão a emitir certificados para fabricantes, proprietários de usinas e outros agentes do setor que desejarem garantir a destinação correta dos módulos fotovoltaicos. Este certificado será um diferencial competitivo para as empresas, especialmente em um mercado que ainda carece de regulamentações específicas para a logística reversa de módulos fotovoltaicos.
“Somos uma empresa Aterro Zero, o que significa que nenhum subproduto é destinado a aterros, sendo todos reinseridos em suas cadeias produtivas originais. Isso contribui para a preservação dos recursos naturais e minimiza o impacto ambiental”, diz a gerente de Desenvolvimento de Negócios da SunR, Marinna Pivatto.
“Atualmente, reciclamos mais de 80% do módulo fotovoltaico. No entanto, ainda há uma grande quantidade de demanda sendo direcionada para locais que não tratam adequadamente todos os componentes dos módulos (vidro, alumínio, cabos e metais). Isso pode prejudicar a imagem do setor fotovoltaico se não houver regulamentações apropriadas”, comenta.
A SunR garante certificados de destinação ambientalmente correta de equipamentos. “Infelizmente, muitas empresas do setor, mesmo as grandes, não adotam essa abordagem devido aos altos custos logísticos, optando por destinações locais que frequentemente resultam na disposição inadequada dos equipamentos em lixões ilegais”, adiciona.
Como escolher um bom serviço de reciclagem de painéis solares
Os módulos fotovoltaicos, após o processamento, são classificados como resíduos perigosos devido ao conteúdo de metais pesados. Por isso, é importante verificar se a empresa possui todas as licenças ambientais necessárias e se está registrada nos órgãos competentes, além de confirmar se a empresa tem autorização para operar com resíduos perigosos.
Além disso, informe-se sobre o processo de reciclagem utilizado e a porcentagem do módulo que é efetivamente reciclada. Também é fundamental saber se algum subproduto resultante do processo é encaminhado para outros destinos e, em caso afirmativo, certificar-se de que esses locais são ambientalmente adequados. Esses passos são essenciais para garantir uma reciclagem eficiente e responsável dos módulos fotovoltaicos.
Projetos de lei sobre reciclagem de painéis solares no Brasil
Projeto de Lei 3784/2023
O PL 3784/2023, apresentado pelo Senador Carlos Viana, visa alterar a Lei nº 12.305/2010 para obrigar fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de painéis solares fotovoltaicos a estruturar e implementar sistemas de logística reversa. Isso significa que esses agentes deverão garantir o retorno adequado dos produtos após o uso, promovendo sua reciclagem e disposição final ambientalmente adequada.
Projeto de Lei 998/2024
O PL 998/2024, apresentado na Câmara dos Deputados, estabelece normas e diretrizes para a reciclagem de painéis solares fotovoltaicos, visando a criação de uma estrutura nacional que facilite o processo de reciclagem e manejo adequado dos resíduos, além de incentivar a reutilização de componentes recicláveis.
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