Relatório do ONS sobre apagão descarta problemas com fontes renováveis, alerta Absolar

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A minuta do Relatório de Análise de Perturbação (RAP), publicada pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) nesta semana, deixa claro que não há nenhuma relação entre as características tecnológicas das fontes renováveis eólica e solar e o blecaute elétrico da manhã do dia 15/08. Pela análise da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), o documento preliminar do ONS aponta como causa do apagão um desalinhamento no tratamento dos dados enviados pelos agentes geradores para o operador.

De acordo com o divulgado pelo ONS, foram os equipamentos de controle de tensão em campo de diversos parques eólicos e fotovoltaicos, no perímetro da Linha de Transmissão Quixadá-Fortaleza II, no Ceará, a principal causa da interrupção de 23.368 MW de carga ocorrida no dia 15/08.

Esses dispositivos das usinas deveriam compensar automaticamente a queda de tensão decorrente da abertura da linha de transmissão, porém o desempenho no momento da ocorrência ficou aquém do previsto nos modelos matemáticos fornecidos pelos agentes e testados em simulações pelo ONS.

Na prática, o ocorrido no dia 15/08 poderia acontecer com qualquer fonte de geração, renovável ou não.

“Com isso, estão descartadas as especulações infundadas, divulgadas previamente por alguns agentes e entidades do setor, de que a simples presença de centrais geradoras renováveis no sistema elétrico brasileiro teria ocasionado a ocorrência. Diferentemente, a minuta do ONS esclarece que as características tecnológicas das fontes renováveis não deram origem ao blecaute no Sistema Interligado Nacional (SIN)”, diz a associação em comunicado.

Com a publicação do documento preliminar, avalia a associação, fica evidente que não há nenhuma relação do blecaute com as características tecnológicas das fontes renováveis e que é preciso avaliar rapidamente os modelos de simulação e a interface entre o operador e os agentes geradores.

“O aumento da participação das fontes renováveis na matriz elétrica brasileira é desejável e positivo, contribuindo para a atração de investimentos, geração de empregos locais e de qualidade e aceleração da transição energética sustentável do Brasil”, diz a associação em nota.

Para a Absolar, a fonte solar fotovoltaica contribui para diversificar e aumentar a robustez da matriz elétrica brasileira, com sustentabilidade. Além disso, a fonte solar é altamente versátil, possui ágil implantação e oferece rápida recomposição da operação dentro do Sistema Interligado Nacional (SIN) em casos de desligamentos.

A versatilidade dos empreendimentos solares fotovoltaicos também é observada na diversidade geográfica das usinas no território nacional, com centrais geradoras espalhadas em todas as regiões do país. A operação em conjunto e de forma diversificada das fontes renováveis abundantes no Brasil, em especial usinas hidrelétricas, solares, eólicas e termelétricas movidas a biomassa e biogás, contribui para uma maior segurança de suprimento e resiliência da matriz elétrica nacional.

Estudo de integração de fontes renováveis variáveis na matriz elétrica do Brasil

A maior presença das fontes renováveis na matriz elétrica nacional é ambientalmente desejável, tecnicamente sólida e economicamente viável, conforme demonstrou o projeto “Sistemas Energéticos do Futuro: Integração de Fontes Variáveis de Energia Renovável na Matriz Elétrica do Brasil”. Os estudos concluíram que é possível aumentar significativamente a participação das fontes solar e eólica na matriz elétrica d0 país para mais 40%, mantendo a confiabilidade, segurança e estabilidade, com equilíbrio técnico e econômico para a expansão e operação, do sistema elétrico brasileiro. Considerando apenas a geração centralizada, essa participação é de menos de 20% atualmente.

A iniciativa foi fruto de três anos de intensos trabalhos técnicos de especialistas do setor e analisou, em detalhes, a inserção de grandes quantidades de energia dessas fontes renováveis na matriz elétrica brasileira, e contou com participação do Ministério de Minas e Energia (MME), Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e Operador Nacional do Sistema (ONS), em parceria com a entidade do governo alemão Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ).

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