O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) concluiu a análise preliminar dos eventos ocorridos em 15/08. Foi constatado que o primeiro evento da ocorrência foi a abertura, por atuação incorreta da proteção, da LT 500 kV Quixadá-Fortaleza II, no Ceará, da Eletrobras CHESF, que teve seu fluxo de energia interrompido devido a uma atuação indevida da proteção. Entretanto, de acordo com o operador, esse desligamento isolado não causaria o impacto visto no Sistema Interligado Nacional (SIN) e este é um ponto que ainda está sendo apurado.
Neste momento, as equipes do Operador seguem aprofundando a análise da ocorrência, estando prevista para o dia 25/08 próximo a realização de reunião com os agentes envolvidos, além do MME e Aneel, para avaliar detalhadamente as causas e as consequências da ocorrência. Essa avaliação será consolidada em um Relatório de Análise da Perturbação (RAP), que leva cerca de 30 dias para ser concluído.
O levantamento realizado até o momento da sequência de eventos verificada em 15/08, quando foi registrada interrupção no fornecimento de cerca de 18.900 MW no Sistema Interligado Nacional (SIN), indica que houve, após a abertura da linha, afundamento brusco de tensão seguido da atuação de proteções de caráter sistêmico instaladas no SIN, as quais têm por objetivo conter e minimizar a propagação das perturbações no SIN, além das proteções intrínsecas dos equipamentos.
De acordo com as conclusões preliminares já alcançadas, as proteções sistêmicas, que são mecanismos automáticos de intervenção no SIN, com destaque para a proteção de perda de sincronismo (PPS) e o Esquema Regional de Alívio de Carga (ERAC), foram sensibilizadas de modo a evitar oscilações no sistema após a ocorrência do distúrbio inicial. As indicações preliminares são de que a atuação dessas proteções foi correta. Além disso, cabe destacar que a atuação do ERAC foi uma das razões que permitiu o rápido restabelecimento de 100% da carga no Sul e no Sudeste/Centro-Oeste em aproximadamente uma hora.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, convocou nesta quarta-feira (16/08) uma reunião extraordinária do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) para levantar as informações sobre os eventos ocorridos no Sistema Interligado Nacional (SIN) nessa terça-feira (15/8). Antes da reunião, o ministro já tinha se reunido na sala de situação com representantes do Ministério de Minas e Energia (MME), do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) para tratar do assunto.
A reunião do CMSE contou com participação do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) e da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
SIN suporta mais de 40% de penetração de renováveis variáveis
Após o corte de carga, foram levantadas hipóteses, não comprovadas nem corroboradas pelas autoridades responsáveis, de que as fontes renováveis como eólica e solar, por ter uma geração variável, poderiam ser responsáveis pelo apagão, após uma súbita queda de geração.
Sobre esse tema, a Absolar afirma que é necessário aguardar a apuração pericial e técnica dos órgãos competentes, para entender de fato as causas da ocorrência.
Além disso, o projeto “Sistemas Energéticos do Futuro: Integrando Fontes Variáveis de Energia Renovável na Matriz Energética do Brasil”, que é possível aumentar significativamente a participação destas renováveis a um patamar de mais 40% do total, mantendo a confiabilidade, segurança e estabilidade, com equilíbrio técnico e econômico para a expansão e operação, do sistema elétrico brasileiro. “As conclusões derrubam o mito de que as fontes renováveis, por serem variáveis, representem risco ao sistema elétrico”, disse a Absolar em comunicado.
A iniciativa, fruto de três anos de intensos trabalhos técnicos de especialistas do setor, contou com participação do Ministério de Minas e Energia (MME), Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e Operador Nacional do Sistema (ONS), em parceria com a entidade do governo alemão Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ).
Para Rodrigo Sauaia, presidente executivo da ABSOLAR, o sistema elétrico brasileiro, com dimensões continentais e devidamente interconectado por linhas de transmissão, é robusto e seguro para as usinas renováveis em operação. “Além de garantir segurança aos consumidores brasileiros, o sistema interligado nacional também se beneficia das usinas solares fotovoltaicas, que fornecem energia limpa e barata para a população”, comenta. “Obviamente, nenhum sistema está livre de falhas e acidentes. No caso do blecaute de ontem, os órgãos competentes atuaram de forma rápida para minimizar os danos e agora precisam esclarecer à sociedade brasileira as causas da falha de suprimento”, acrescenta.
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