Transição energética é um dos pilares para limitar a aquecimento global a 1,5°C

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A janela para um caminho confiável para limitar o aquecimento global a 1,5 °C até o final desse século está se fechando rapidamente, diz a Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) em novo relatório

Se implementadas a tempo e integralmente, as contribuições determinadas nacionalmente (NDCs) pelos países seriam suficientes para manter o aquecimento em cerca de 1,7 °C em 2100, ainda acima do limite de 1,5 °C. Entretanto, a trajetória implícita pelas políticas atualmente praticadas, resultaria em um aquecimento de cerca de 2,5 °C em 2100. A temperatura média do planeta já aumentou em média 1,1 °C em relação aos níveis pré-industriais.

Para o cenário em que as emissões líquidas do setor de energia são totalmente zeradas até 2050 – o que resultaria em um aquecimento limitado a 1,5 °C até 2100 – ser realizado, o investimento global em energia renovável deveria quase quadruplicar até 2030, de uma média anual recente de US$ 1,2 trilhão para US$ 4,2 trilhões.

O aumento necessário no investimento em energia limpa é mais acentuado nos mercados emergentes e nas economias em desenvolvimento fora da China, onde o investimento em energia limpa precisa aumentar quase sete vezes até 2030.  Alcançar isso exigirá uma combinação de apoio público internacional ampliado, capital privado internacional e o investimento doméstico, facilitado por políticas mais fortes e eficazes.  

Junto com o desmatamento líquido zero até 2030 e outras ações relacionadas ao uso da terra; a mitigação de emissões de outros gases além do CO2; e a captura de carbono; zerar as emissões líquidas do setor de energia é visto como um dos quatro pilares para limitar o aquecimento global e manter as condições atuais de vida no planeta. 

Descarbonização da eletricidade, eletrificação da energia

O caminho para o net zero no setor de energia passa pela implantação de eletricidade limpa. As fontes renováveis já  corresponderam a 90% do crescimento da geração de eletricidade em 2022.

A agência estima que para atingir as emissões zeradas em 2050, as adições anuais de capacidade renovável precisam quadruplicar em relação aos níveis históricos e atingir 1.200 GW anualmente até 2030, representando em média mais de 90% da nova capacidade de geração a cada ano.

Além disso, a mudança de combustível para eletricidade e combustíveis de baixa emissão, como bioenergia sustentável, hidrogênio e combustíveis à base de hidrogênio permitem cortes profundos de emissões na indústria, transporte e edifícios. Em 2022, os veículos elétricos atingiram 14% das vendas globais de carros. Impulsionado por altos preços do gás natural e incentivos governamentais, as vendas de bombas de calor foram muito fortes em 2022, com vendas globais aumentando 11% em relação aos níveis de 2021 e as vendas somente na UE subindo quase 40% (IEA, 2023a).

Desmatamento líquido zero até 2030, mitigação do metano e captura de carbono

Além da necessidade de acelerar os investimentos e as instalações em energia limpa, para limitar o aquecimento global em 1,5 °C até o final do século, é necessário adotar políticas integradas que abordem outros três pilares: desmatamento líquido zero até 2030, mitigação do metano e captura de carbono.

Redução de gases de efeito estufa (GEEs) não-CO2, especialmente metano, tem um impacto descomunal na redução do pico de aquecimento. A análise realizada para a IEA pelo International Institute for Applied Systems Analysis (IIASA) indica que as emissões desses gases da atividade de agricultura, silvicultura e outros usos da terra cairiam de cerca de 12 Gt por ano em 2021 para cerca de 10 Gt em 2030, sob as políticas declaradas. A Declaração dos Líderes de Glasgow sobre Florestas e Uso da Terra e outras promessas anunciadas relacionadas à essas atividades econômicas reduziriam as emissões líquidas de GEE em 2030 em mais 2,4 Gt. No entanto, isso fica aquém do que seria necessário para colocar o mundo em um caminho de 1,5 °C.

No cenário net-zero da IEA, as emissões de GEE de agricultura, silvicultura e outros usos da terra em 2030 são cerca de 2 Gt menores do que se todas as promessas atualmente anunciadas fossem cumpridas integralmente e no prazo.

O metano é responsável por cerca de 30% do aumento das temperaturas globais desde a Revolução Industrial, e reduzir as emissões de metano no Cenário NZE tem o maior impacto após o CO2 na limitação do aumento da temperatura até 2050. Cento e cinquenta países já aderiram ao Global Metano Pledge, que foi lançado na COP26 em 2021 e visa reduzir as emissões de metano da atividade humana em pelo menos 30% em relação aos níveis de 2020 até 2030. 

A captura e armazenamento de carbono e a remoção de dióxido de carbono atmosférico serão necessárias para mitigar e compensar as emissões residuais difíceis de abater. Projetos que capturem cerca de 1,2 Gt CO2 até 2030 precisam ser implementados, contra cerca de 0,3 Gt CO2 planejados atualmente para 2030. Tecnologias de captura e armazenamento de carbono são o principal foco de transição energética da Petrobras

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