Nacionalizar a produção de módulos reduz impacto ambiental em 1,5%

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Cientistas da Universidade Federal do Rio de Janeiro e do Centro de Pesquisas da Energia Elétrica (Cepel) modelaram a diferença do impacto ambiental de usinas fotovoltaicas usando módulos produzidos na Malásia e usinas com módulos nacionais.

Os pesquisadores utilizaram a técnica da Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) para conduzir a análise de impacto ambiental. A equipe concentrou a sua análise em três categorias da ACV, que de acordo com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) são os que mais impactam a evolução do setor energético no Brasil: aquecimento global, uso de espaço, e consumo de água.

A AVC engloba a fase de produção, distribuição, construção, operação e manutenção (O&M), e descomissionamento. Os dados sobre os insumos e saídas foram adquiridos da base de dados internacional Ecoinvent. As análises foram processadas no software SimaPro 9.0. A ACV reflete o desempenho ambiental dos sistemas para a produção de 1 kWh de eletricidade.

Primeiro, a equipe realizou a ACV para usinas fotovoltaicas com módulos provenientes da Malásia. Seguidamente, calculou a diferença em impacto ambiente nas três categorias acima assumindo que os módulos seriam fabricados no Brasil em vez de na Malásia.

Os resultados indicam que a nacionalização dos módulos tem o potencial de reduzir a emissão de gases de carbono associados com a geração de 1kWh de eletricidade em 1,5%, de 55,13 gramas de carbono para 54,31 gramas.

“Esta suposição implica considerar que a intensidade de carbono da energia utilizada na manufatura dos módulos é menor – visto que o setor energético brasileiro é um dos menos intensivos em carbono do mundo”, afirmaram os pesquisadores. A desconsideração do transporte dos painéis entre a Malásia e o Brasil também contribuiu para a redução da contribuição para o aquecimento global.

Por outro lado, mover a fabricação dos módulos para o Brasil implicaria um aumento do uso de água em 0,56%, de 1.79 x 10-3 m3 de água para 1.80 x 10-3 m3, devido a eletricidade no Brasil ser predominantemente de origem hídrica.

“No conjunto, os dados aqui apresentados fornecem evidência de que podemos, inconscientemente, intensificar outros efeitos ambientais adversos se nos concentramos em uma única questão ambiental”, concluíram os pesquisadores.

A equipe publicou o seu estudo em “Environmental life cycle-based analysis of fixed and single-axis tracking systems for photovoltaic power plants: A case study in Brazil”, na revista cientifica Cleaner Engineering and Technology.

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