A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) apresentou em nota técnica uma metodologia inédita para direcionar a contratação de Sistemas de Armazenamento de Energia em Baterias (SAEB) no Leilão de Reserva de Capacidade (LRCAP) para locais prioritários para o sistema elétrico. O objetivo é que os projetos contratados contribuam para o fortalecimento da robustez e da estabilidade do Sistema Interligado Nacional (SIN), além do atendimento à demanda por capacidade.
A nota técnica que faz parte da Consulta Pública sobre o LRCAP, aberta até o dia 01/12, e propõe um critério locacional para indicar as regiões onde a instalação de baterias traria maior benefício técnico ao sistema elétrico. A abordagem pretende evitar investimentos ineficientes e reduzir riscos de “arrependimento” na expansão da rede.
Uma lista final dos pontos prioritários deve ser publicada junto com a sistemática final do leilão e os sistemas de armazenamento que participarem da concorrência, quando conectados nesses locais, receberão uma bonificação.
Tendência a priorizar conexões no Nordeste e Norte de Minas
Em testes preliminares com a metodologia proposta, a EPE identificou a coincidência entre os pontos selecionados e áreas já conhecidas por apresentarem problemas de controle de tensão, locais onde o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) atualmente avalia instalar soluções como compensadores síncronos.

Essa convergência, segundo a EPE, reforça a validade técnica do critério locacional e sugere que o uso de baterias — especialmente com tecnologia Grid Forming (GFM) — pode aumentar a estabilidade de tensão, melhorar o desempenho dinâmico do sistema, reduzir a necessidade de equipamentos adicionais e otimizar investimentos em expansão da rede.
Critério locacional baseado no índice MISCR
O cerne da metodologia é o uso do índice MISCR (Multi-Infeed Short Circuit Ratio), que mede a robustez elétrica de diferentes barras do sistema considerando a interação entre múltiplos recursos baseados em inversores (IBRs), como usinas solares e eólicas.
O cálculo do MISCR depende de três fatores: a potência de curto-circuito da barra analisada (SCCᵢ); a potência nominal dos IBRs conectados às barras vizinhas (Pⱼ); e o fator de interação entre as barras (MIIFⱼ,ᵢ). A fórmula utilizada é: MISCRᵢ = SCCᵢ / (Pᵢ + Σⱼ(MIIFⱼ,ᵢ × Pⱼ)). Quanto menor o MISCR, menor a robustez elétrica e, portanto, maior a prioridade para a instalação de baterias.
A partir desse cálculo, é possível definir regiões prioritárias a partir de um corte estatístico — como os 10%, 20% ou 30% de barras menos robustas — esse seria o Nível 1 da abordagem proposta.
Em uma segunda etapa, o Nível 2 da análise, essa seleção prioritária passaria por um refinamento com análises de estabilidade eletromecânica (dinâmica) em múltiplos cenários operativos e aplicação de contingências críticas (N-1 e N-2, locais e remotas), para selecionar barras com maiores afundamentos de tensão e taxas de recuperação de tensão (dV/dt).
O resultado final é um mapa ou lista de regiões onde a instalação de SAEB traz maior impacto positivo para o desempenho elétrico, sobretudo pelo aumento da capacidade de curto-circuito e do suporte de tensão.
A expectativa é que, com a aplicação da metodologia, os SAEB contratados no leilão contribuam com mais flexibilidade, estabilidade e preparo para receber a crescente participação das fontes renováveis no SIN.
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