Cinco escolas das comunidades extrativistas no Rio Tapajós, em Santarém, no Pará, receberam sistemas fotovoltaicos para substituir geradores a diesel por uma fonte de energia renovável, silenciosa e confiável, reduzindo custos com manutenção e combustível e garantindo um ambiente de aprendizado mais adequado e a conservação de alimentos frescos para os alunos, além de economia de aproximadamente R$ 20.000 por mês em combustível.
O projeto, coordenado pela Prefeitura de Santarém em conjunto com a Secretaria de Educação do município, foi comissionado pela empresa integradora de soluções fotovoltaicas Photonex. O sistema conta com 86 módulos fotovoltaicos, com potência de 700 W, além de inversores com capacidade de 30 kW e 40 kW/h de armazenamento por baterias.
Essa configuração garante energia 24 horas por dia para alimentar o básico da escola, como geladeiras, freezers, iluminação e laboratórios de informática com ar-condicionado. As escolas beneficiadas estão nas comunidades de Aldeia Indígena Muratuba (Escola Santa Luzia), Surucuá (Escola São Benedito), Parauá (Escola Frei Marcos) e Suruacá (Escola Santo Inácio de Loyola e Escola João Franco Sarmento). Ao final do cronograma, serão 103 unidades com sistema de energia off grid instalado apenas na Reservas Extrativistas (RESEX), Tapajós-Arapiuns, que dependem de atividades como coleta de castanhas, óleos vegetais, mel, entre outros.
Desafios e Soluções

Imagem: Prefeitura de Santarém
Antes da implementação dos sistemas fotovoltaicos, as escolas dependiam de geradores a diesel, que eram chamados de “motor de luz”. Esses geradores representavam desafios tais como, baixa qualidade da energia, que tendia a oscilar e ocasionava a queima dos aparelhos. Além disso, a falta de combustível era frequente, e a logística para transportá-lo até as comunidades era complexa e cara.
De acordo com Natália Maestá, diretora técnica de engenharia e armazenamento da Photonex e responsável pela instalação dos sistemas fotovoltaicos, “muitas vezes as merendeiras precisavam encher garrafas de água para fazer gelo em suas casas e levá-las para a escola para conservar os alimentos frescos nos freezers, e a pessoa responsável por buscar o combustível tinha que usar um carrinho de mão para transportar galões de 50 litros até as margens do rio”, explica.
Ela conta também que a manutenção dos geradores era constante, e quando eles paravam de funcionar, alimentos frescos como frango e carne apodreciam nos freezers, forçando as crianças a consumirem embutidos e enlatados.
Equipamentos levados “no muque” e por carro de boi
A instalação dos equipamentos foi um desafio logístico significativo. Todos os materiais foram transportados de barco, em três viagens, devido ao peso e à segurança de pessoas e equipamentos. A primeira levou os módulos fotovoltaicos, e a segunda, a estrutura, o inversor e as baterias. “A equipe de instalação, que esteve no local cerca de 30 dias antes da minha chegada, enfrentou dificuldades como a necessidade de descarregar os módulos na água e transportá-los “no muque” [com esforço físico] por barrancos, já que as embarcações maiores não conseguiam atracar devido à pouca profundidade. Em alguns locais, foram utilizados tratores e até carro de boi para o transporte dos equipamentos”, explica a engenheira.
As soluções inusitadas de transporte podem ser vistas nos vídeos a seguir:
Já na terceira etapa, Natália parametrizou e configurou os sistema e finalmente pôde desligar os geradores a diesel. “Sem dúvida, o maior benefício foi ver a felicidade das crianças, que agora podem estudar sem o barulho constante dos geradores. “Temos a missão de levar energia de qualidade para regiões remotas, garantindo o futuro das próximas gerações e promovendo o desenvolvimento regional do Pará e do Brasil. Esse projeto demonstra que é possível gerar energia de forma limpa, sem destruir a natureza, mantendo as árvores em pé e protegendo a fauna e a flora”, explica.
O projeto de Santarém será apresentado na COP 30, com um documentário profissional em produção para o evento.
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