Com início em 22 de setembro e término em 21 de dezembro, a primavera é tradicionalmente uma das estações mais estratégicas para o setor solar. Neste ano, porém, o comportamento da irradiância solar apresenta um grau maior de incerteza, devido à indefinição sobre a duração e intensidade do resfriamento das águas do oceano Pacífico, condição que pode favorecer o desenvolvimento do fenômeno La Niña, com potencial para intensificar as chuvas já no início do período úmido.
Segundo a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA, na sigla em inglês), a chance de ocorrência do fenômeno La Niña entre outubro e dezembro de 2025 é de 71%. Esse percentual diminui para 54% no período de dezembro de 2025 a fevereiro de 2026.
Apesar do cenário ainda indefinido, os principais modelos climáticos mantêm uma perspectiva positiva para a geração fotovoltaica, especialmente nas regiões Sul, Nordeste e em amplas áreas do Centro-Oeste e Sudeste. Porém, destaca-se a perspectiva de variações regionais de irradiância ao longo da estação.
Em outubro, o Pacífico Equatorial deve seguir em neutralidade, com pouca ou nenhuma influência da La Niña. Com isso, o principal fator climático será o aumento do transporte da umidade proveniente do Atlântico Sul Tropical, que se intensifica neste período e contribui para o início do período chuvoso em grande parte do Brasil.
Esse retorno da umidade, aliado à atuação frequente de sistemas transientes (frentes frias, cavados, ciclones, etc.) no Centro-Sul, favorece o aumento da frequência de chuvas e cobertura de nuvens em grande parte de Mato Grosso, além do nordeste do Paraná, São Paulo, centro-sul e leste de Minas Gerais e Espírito Santo. Por outro lado, a irradiância solar se manterá elevada na maior parte do Nordeste e nas demais regiões do Sudeste e do Centro-Oeste, com expectativa de uma frequência maior de dias ensolarados.
Em novembro, o resfriamento da superfície oceânica do Pacífico Equatorial pode provocar alterações na circulação atmosférica, com a atmosfera passando a responder mais a um padrão de La Niña.
Com isso e com a evolução do período úmido, a combinação entre calor, transporte de umidade e circulações locais favorecerá o aumento de nebulosidade e das precipitações na porção norte da região Sudeste, na Bahia, centro-norte de Goiás, Distrito Federal, sul do Maranhão e do Piauí e norte do Mato Grosso.
Em grande parte do Centro-Sul do país e nos demais setores da região Nordeste, o predomínio será de irradiância solar de média a acima, dada a menor disponibilidade de umidade e à circulação atmosférica mais desfavorável à formação de nuvens.
A previsão para dezembro é mais incerta, mas o cenário mais provável aponta o deslocamento da nebulosidade mais persistente mais ao sul em relação a novembro, com concentração especialmente no centro-norte do Mato Grosso do Sul e na região Sudeste do país, em áreas como o oeste e sul de Minas Gerais e São Paulo.
Por outro lado, a região Sul do país e o sul do Mato Grosso do Sul têm uma perspectiva de um cenário mais seco, dada a convergência de umidade mais ao norte. A mesma situação de uma atmosfera mais estável e com nebulosidade mais irregular é esperada na região Nordeste e no restante das regiões Sudeste e Centro-Oeste.
Mesmo com o avanço do período chuvoso, o cenário atmosférico atual sugere padrões de instabilidade menos persistentes, favorecendo janelas de sol em várias regiões do país, o que reforça o potencial da primavera como uma estação estratégica para a geração solar, tanto distribuída quanto centralizada.
Diante de um cenário ainda marcado por variabilidade climática e possíveis mudanças associadas ao Pacífico, o monitoramento meteorológico contínuo torna-se essencial para o planejamento e operação dos sistemas solares. Ferramentas como o TOK Solar, portal gratuito da Tempo OK, oferecem dados personalizados de irradiância, climatologia e simulações ajustáveis, permitindo antecipar mudanças, reduzir riscos e maximizar a performance dos ativos ao longo da estação.
Por Paulo Lombardi, meteorologista da Tempo OK
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