A geração distribuída, majoritariamente solar, pode chegar a 97,8 GW até 2035, segundo um novo estudo publicado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
Considerando um cenário em que os créditos de geração são descontados no valor de 1 para 1, ou seja, sobre todas as componentes tarifárias como era antes da Lei 14.300, a EPE projeta que a modalidade chegaria a 97,8 GW em 2035. No cenário de referência, em que os consumidores com MMGD pagam integralmente o custo da distribuição, a capacidade acumulada chegaria a 78,1 GW. Já no cenário inferior, em que os créditos são abatidos unicamente sobre a parcela de custo da energia, e todos os encargos setoriais e tarifas de uso da transmissão e distribuição são pagos integralmente, a potência instalada chegaria a 61,4 GW no mesmo período.
Apesar dos diferentes cenários, o diretor de Estudos Econômico-Energéticos e Ambientais da EPE, Thiago Ivanoski Teixeira, comentou que “As previsões que viemos fazendo estão ficando sempre muito próximas da curva superior”. Ele participou, nesta segunda-feira (04/08) da abertura do Fórum Smart Grid, em São Paulo.
Histórico
A micro e minigeração distribuída já representaram 5,6% da geração de energia — diferente da capacidade instalada — no Brasil em 2024 e corresponderam a 13% do consumo de energia no mercado cativo. Desde 2021, a solar distribuída é a principal fontes de expansão da matriz elétrica brasileira, tendo adicionado 9,5 GW em 2024, seguida da geração solar centralizada, que conectou 5,6 GW.
Desde 2023, novos sistemas de geração distribuída passaram a pagar parte da tarifa de distribuição, conforme estabelecido pela Lei 14.300. Em alguns casos, como o de sistemas não despacháveis com mais de 500 kW e de geração compartilhada ou autoconsumo remoto com um dos beneficiados tendo uma participação acima de 25%, a cobrança da tarifa de distribuição passou a ser integral, assim como o de encargos setoriais, e também há pagamento parcial do uso da rede de transmissão. Enquanto os sistemas já instalados ou que solicitaram acesso até 07/01/2023 garantiram os descontos integrais até 2045, para os demais sistemas as regras estabelecidas na Lei 14.300 valem até 2029. Como as regras posteriores ainda não foram definidas, projetar a viabilidade e, portanto, o crescimento da geração distribuída demanda a simulação de diversos cenários.
Crescimento de geração distribuída por região
No cenário de referência, São Paulo lideraria com 15,8 GW, seguido de Minas Gerais com 8,1 GW e pelo Rio de Janeiro com 6,2 GW. Rio Grande do Sul e Paraná viriam em seguida com 5,5 GW e 5,3 GW, respectivamente. O Sudeste teria o maior crescimento entre 2025 e 2035, de 172%, chegando a 20,3 GW. Em seguida, o Nordeste teria 9,2GW, com crescimento de 133%. Sul, Norte e Centro-Oeste seguiriam com 5,8 GW (73%), 3,8 GW (143%) e 3,8 GW (63%).
Baterias atrás do medidor como solução para inversão de fluxo
As projeções foram apresentadas no caderno Micro e Minigeração Distribuída & Baterias Atrás do Medidor elaborado pela EPE como parte do Plano Decenal de Expansão da Energia 2035.
O caderno também traz simulações de aplicações e crescimento potencial das baterias atrás do medidor. O estudo aponta que casos de inversão de fluxo de potência ativa nas redes elétricas têm aumentado no Sistema Interligado Nacional (SIN) em função da difusão de usinas não despacháveis pelo ONS, como a MMGD. A inversão de fluxo pode aumentar a necessidade de restrições na geração das usinas centralizadas para garantir os critérios de segurança do SIN.
Adicionalmente, o fluxo inverso pode afetar o desempenho de equipamentos de proteção e controle da rede elétrica. O uso de baterias para o gerenciamento do consumo e geração de forma sistêmica pode manter a energia gerada dentro da rede de distribuição, evitar fluxo reverso nas subestações de fronteira com a transmissão e amenizar a rampa no final do dia.
Além disso, o caderno estima que as aplicações de baterias junto a sistemas de geração distribuída já podem atingir um payback de até seis anos em instalações residenciais.
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