Fast track ganha tração nos estados com maior inversão de fluxo

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Um ano após a entrada em vigor do fast track, a avaliação é de que a modalidade vem cumprindo seu papel onde é mais necessária: nas regiões com alto índice de geração distribuída (GD) e maiores desafios relacionados à inversão de fluxo. A análise é do diretor de distribuição da Solfácil, Jaison Reis, que analisou o impacto do modelo no avanço do setor.

Jaison Reis, diretor de distribuição da Solfácil.

Imagem: Solfácil

O levantamento feito pela pv magazine Brasil com base em dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), mostra que apenas 31% dos sistemas instalados no primeiro semestre de 2025 seguiram pelo fast track. O número, à primeira vista, pode parecer abaixo do esperado, mas ganha outra dimensão quando analisado por estado.

De acordo com o executivo da Solfácil, “em Minas Gerais, São Paulo e nas áreas atendidas por concessionárias como CPFL, RGE e Cemig, a participação do fast track tem crescido de forma expressiva”, afirma Reis. No primeiro trimestre de 2025, 53% dos projetos nesses estados usaram a modalidade. No segundo trimestre, esse percentual subiu para 58%.

Limite de potência influencia comportamento do mercado

Hoje, o fast track está disponível para projetos de até 7,5 kW. Essa faixa de potência cobre uma parcela significativa dos sistemas conectados, mais de 60% dos projetos de GD no país têm até 6 kW, segundo o executivo.

Reis aponta, no entanto, que o fast track não é obrigatório. “Nos estados sem desafios graves de fluxo, o integrador consegue aprovar o projeto via processo convencional, sem as restrições do fast track.”

Nos locais em que o modelo tem sido necessário, fabricantes e integradores já vêm se adaptando. “Ano passado ainda havia venda significativa de inversores de 8 kW. Hoje, vemos uma migração forte para equipamentos de 7,5 kW, com integradores trabalhando com overload para entregar mais potência sem ultrapassar o limite”, afirma. Segundo ele, marcas como Sofar, Goodwe e Huawei já oferecem modelos otimizados para esse mercado.

Pressão por mais potência e avanço das baterias

Apesar da popularidade dos sistemas de 6 kW, a expectativa é que o aumento do consumo residencial, com a popularização do ar-condicionado, da mobilidade elétrica e de outros eletrodomésticos, pressione a demanda por sistemas mais robustos. Nesse cenário, as baterias ganham protagonismo.

“O solar no Brasil é menos sobre substituir o consumo atual e mais sobre permitir que as pessoas tenham mais conforto. Elas passam a usar mais energia, e os sistemas precisam acompanhar”, observa Reis.

Com a previsão de redução dos incentivos do net metering até 2028 e a queda no preço das baterias, a tendência é de aceleração da adoção. “A bateria hoje é menos sobre economia e mais sobre resiliência. Em São Paulo, por exemplo, os apagões recentes fizeram disparar o interesse em backup para residências e comércios”.

De acordo com levantamento recente da Solfácil, as baterias usadas em sistemas de energia solar ficaram mais baratas no último ano no Brasil. O estudo identificou que o preço das baterias monofásicas, voltadas para residências, caiu 25% entre os meses de maio de 2024 e 2025.

Já as baterias trifásicas, usadas principalmente em sistemas comerciais e indústrias, tiveram uma redução de 20% no mesmo período. A queda foi puxada, principalmente, pela diminuição do preço do lítio — material usado na fabricação das baterias — e por avanços na produção, que ficou mais eficiente devido ao aumento da procura.

Soluções off-grid para contornar limites

A busca por projetos maiores do que o permitido no fast track tem levado integradores a explorar soluções off-grid, muitas vezes combinadas com armazenamento. “Já vemos integradores perguntando como montar sistemas de 15, 20 ou 25 kW em regiões onde o projeto não passa pela distribuidora. A bateria, nesses casos, se torna uma aliada para viabilizar instalações que não se encaixam nas regras atuais”, destaca.

A Solfácil, segundo Reis, tem apostado fortemente nesse movimento. A empresa ampliou o portfólio de baterias e firmou parcerias estratégicas para atender à demanda crescente. Só para se ter uma ideia, de março a junho deste ano, a venda de baterias pela Solfácil mais do que dobrou. “É um ano recorde para a gente em termos de venda de baterias. Vemos uma movimentação clara no mercado.”

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