Com o avanço das fontes renováveis e a diversificação das aplicações em setores como telecomunicações, data centers, sistemas isolados e redes elétricas, o mercado brasileiro de armazenamento de energia vem ganhando tração, e a indústria nacional se movimenta para acompanhar essa nova demanda. A SecPower, com mais de 28 anos de atuação no setor elétrico, é uma das empresas que aposta na diversificação tecnológica como caminho para capturar esse crescimento.
Atualmente, a companhia já opera com capacidade de produção de 336 MWh por ano em baterias, incluindo tecnologias como chumbo-ácido, lítio, sódio e sistemas BESS (Battery Energy Storage Systems). A meta é dobrar esse volume, alcançando até 672 MWh anuais com a adoção de um segundo turno de produção. A expansão é acompanhada por investimentos em estrutura, engenharia própria e canais estratégicos de distribuição.
Em entrevista à pv magazine Brasil para o especial de armazenamento, a CEO da SecPower, Gabriella Reigada, detalha as frentes de atuação da empresa e os movimentos estratégicos que estão sendo feitos para atender tanto o mercado de consumo quanto o setor elétrico. “Estamos ampliando nossa estrutura fabril, verticalizando etapas produtivas e nos posicionando para capturar esse crescimento com competitividade, sustentabilidade e velocidade”, afirma.

Imagem: SecPower
Crescimento acelerado e novas aplicações
Segundo Gabriella, a adoção de baterias se intensificou desde o ano passado, puxada por fatores como incentivos governamentais para fontes intermitentes (solar e eólica), queda de preços e a necessidade crescente de segurança energética. “Vimos crescimento em aplicações em sistemas isolados, telecomunicações com a expansão do 5G, e no segmento C&I, onde os projetos se tornaram financeiramente viáveis”, diz a executiva.
A expectativa da empresa é de crescimento contínuo nos próximos anos, especialmente com o amadurecimento de programas regulatórios e modelos de negócio. “A Associação Brasileira de Soluções de Armazenamento de Energia (Absae) estima que esse mercado movimentará R$ 45 bilhões até 2030. Estamos nos preparando para capturar esse crescimento com competitividade, sustentabilidade e velocidade.”
Portfólio tecnológico diversificado
A SecPower trabalha com diferentes tecnologias de armazenamento: chumbo-ácido (incluindo chumbo puro), lítio, sódio e alcalina. Também desenvolve soluções integradas, como sistemas BESS e retificadores com baterias para aplicações em corrente alternada e contínua.
O portfólio atende a diversas aplicações, desde sistemas solares residenciais com design diferenciado até data centers, telecomunicações, sistemas off-grid e substituição de geradores a diesel. A empresa também oferece baterias de lítio compatíveis com os formatos tradicionais de chumbo, facilitando a substituição em projetos legados.
“Estamos em fase avançada de estruturação para oferecer o modelo BESS as a Service no Brasil, ampliando o acesso ao armazenamento com mais flexibilidade e menor investimento inicial”, revela Gabriella.
Verticalização e engenharia nacional
Ainda que nem todas as etapas da produção estejam internalizadas, a empresa conta com uma engenharia robusta de projetos e desenvolvimento, além de parcerias estratégicas. “Estamos investindo cada vez mais para ampliar nossa verticalização e aumentar nossa competitividade localmente”, afirma a CEO.
A estrutura fabril está sendo moldada para atender à crescente demanda, com foco em eficiência, qualidade e nacionalização. “Queremos trazer etapas produtivas mais próximas do cliente final, adaptando as soluções às necessidades do mercado nacional.”
Gabriella detalha os principais elos da cadeia de valor das baterias: da extração de matérias-primas como chumbo e lítio, à fabricação de células, BMS (Battery Management System (Sistema de Gerenciamento de Bateria), integração, distribuição, instalação e, por fim, a logística reversa e reciclagem. “Essa última etapa ainda está em desenvolvimento no Brasil para baterias de lítio, enquanto já é consolidada para chumbo-ácido”, pontua.
Drivers do setor e potencial no segmento elétrico
Entre os principais motivadores da adoção de sistemas de armazenamento, Gabriella destaca a segurança energética, ganhos econômicos e maior independência em relação às distribuidoras. “No setor C&I, o armazenamento permite estratégias como peak shaving e load shifting, com redução de custos e otimização do uso da rede.”
A executiva também enxerga forte expansão das baterias no setor elétrico, especialmente em distribuidoras que buscam reforço de rede, melhoria dos indicadores de continuidade e adiamento de investimentos em infraestrutura. “Projetos de sistemas isolados e armazenamento de até 6 MWh têm enorme potencial, e estamos nos estruturando com engenharia própria e soluções customizadas para atender a essa demanda.”
Participação regulatória e defesa de pautas estratégicas
A SecPower participa ativamente das discussões sobre a regulamentação do armazenamento no setor elétrico. É membro da ABSAE e atua em fóruns técnicos e na elaboração de normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
A empresa também acompanha de perto o Leilão de Reserva de Capacidade, e acredita que sua regulamentação será fundamental para destravar o mercado. “Defendemos que as baterias sejam reconhecidas como um recurso de flexibilidade essencial, apto a prestar serviços como controle de frequência e suporte à tensão.”
Gabriella destaca a necessidade de corrigir assimetrias tributárias que ainda penalizam as baterias em relação a outras fontes de energia limpa. E defende que o armazenamento desempenhe papel central em políticas públicas voltadas à universalização da energia e à transição energética. “Iniciativas como o programa “Mais Luz para a Amazônia” devem considerar as baterias como alternativa limpa e confiável aos geradores a diesel”, conclui.
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