Em meio ao cenário de aceleração do mercado de armazenamento, a Huawei Digital Power tem intensificado sua atuação, com foco em soluções integradas, parcerias estratégicas e participação ativa nas discussões regulatórias do setor. Embora atualmente a Huawei não possua fábricas de baterias no Brasil, a empresa já avalia a viabilidade de instalar unidades produtivas no país. É o que afirma o CTO da Huawei Digital Power, Roberto Valer, à pv magazine para o especial de armazenamento.
“Nossa equipe está conduzindo estudos estratégicos e análises de viabilidade para potenciais investimentos. Embora ainda não haja uma definição concreta, entendemos a importância de uma presença local para atender à crescente demanda do mercado brasileiro de armazenamento de energia”, diz o executivo.
O crescimento da adoção de sistemas de armazenamento (BESS) no Brasil é visto com otimismo pela empresa, que já acumula experiência em mercados como Europa, América do Norte e Ásia. “Acreditamos que o Brasil se consolidará como um dos principais mercados globais para BESS, impulsionado pela expansão das fontes renováveis e pela necessidade de modernização do sistema elétrico”, destaca Valer.

Imagem: Huawei
Para atender às diferentes demandas do mercado, a Huawei firmou parcerias para a comercialização de sistemas de baterias em aplicações “antes do medidor” para consumidores do mercado livre, além de desenvolver soluções específicas para setores como agronegócio, mineração e sistemas isolados. A empresa também mantém uma equipe dedicada ao Leilão de Reserva de Capacidade e a projetos de integração com geração e transmissão.
Foco em tecnologia LFP e integração verticalizada
Em termos de tecnologia, a Huawei trabalha exclusivamente com baterias de íon-lítio com química de fosfato de ferro-lítio (LFP). “Essa escolha deve-se ao equilíbrio superior que essa química oferece entre segurança, desempenho, durabilidade e custo”, explica o CTO.
Embora não produza as células, a empresa realiza um rigoroso processo de qualificação com mais de 100 ensaios técnicos e testes periódicos para garantir a qualidade das células adquiridas. “Somos responsáveis pela integração das células em módulos, packs e containers, além do desenvolvimento e fabricação dos sistemas de conversão de potência (PCS) e de controle e monitoramento”, detalha Valer.
A Huawei também atua em diferentes elos da cadeia de valor do armazenamento, oferecendo soluções que vão desde módulos e containers até subestações transformadoras para projetos de grande porte (utility scale). “Essa integração verticalizada nos permite oferecer soluções completas e otimizadas, reduzindo significativamente os prazos de comissionamento e facilitando a identificação e resolução de eventuais problemas”, comenta. Como exemplo, ele cita um projeto recente na Alemanha: “Nosso time conseguiu comissionar um sistema de 63 MWh, integrado a uma planta solar de 120 MW, em menos de três dias.”
Portfólio diversificado e BESS as a Service

Imagem: Huawei
O portfólio da Huawei atende desde aplicações residenciais e comerciais até grandes projetos para o setor elétrico e industrial. Em 2024, a empresa firmou um Memorando de Entendimento com a Matrix Energia para viabilizar a oferta de sistemas de armazenamento no modelo BESS as a Service no Brasil. “Nesse padrão, o cliente final não realiza a compra direta do sistema de baterias, mas se beneficia dos ganhos operacionais e econômicos proporcionados pela solução, de acordo com as necessidades específicas de cada projeto, como redução de demanda, backup ou participação em mercados de energia”, explica Valer.
Drivers de mercado e oportunidades futuras
Entre os principais fatores que impulsionam o mercado de armazenamento, o executivo destaca a crescente penetração de fontes renováveis intermitentes, como solar e eólica, e a necessidade de maior estabilidade e confiabilidade no sistema elétrico. Também ganham força demandas por independência energética, segurança no suprimento e redução de custos operacionais, além de pressões por descarbonização em setores como o agronegócio e a mineração.
O Leilão de Reserva de Capacidade, previsto pelo governo federal, é apontado como um catalisador importante para o desenvolvimento do mercado. “Estamos atuando fortemente nesse processo, tanto em termos comerciais quanto técnicos”, afirma Valer.
As oportunidades futuras incluem projetos de geração híbrida (solar + BESS), sistemas para modulação de carga no mercado livre, soluções para microrredes e apoio a sistemas isolados. “As aplicações para o setor elétrico representam uma parcela estratégica da demanda pelas soluções de armazenamento da Huawei”, completa.
Participação ativa na regulamentação
Além da atuação comercial, a Huawei tem se engajado de forma ativa nas discussões regulatórias do setor. A empresa contribuiu formalmente para a consulta pública da portaria referente ao Leilão de Reserva de Capacidade e defende a adoção de requisitos técnicos que garantam segurança e eficiência, com foco na tecnologia Grid Forming.
“Defendemos fortemente a inclusão e promoção da tecnologia Grid Forming nas regulamentações brasileiras. Trata-se de uma tecnologia consolidada internacionalmente, já em operação em mercados como Reino Unido, Austrália, China e Estados Unidos”, ressalta Valer. Segundo ele, essa tecnologia permite que os sistemas BESS forneçam inércia sintética e atuem de forma semelhante a máquinas síncronas tradicionais, contribuindo para a estabilidade do sistema elétrico e mitigando riscos de apagões.
Para tornar essas aplicações viáveis, a Huawei acredita que o Brasil precisa avançar em duas frentes: “É necessário que a regulamentação reconheça e valorize as funcionalidades avançadas dos sistemas de armazenamento e que sejam criados mecanismos de remuneração pelos serviços ancilares prestados, de modo a garantir a sustentabilidade econômica dos projetos e estimular novos investimentos no setor”, conclui.
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