Especial Armazenamento: Growatt defende regras claras e menor tributação para acelerar mercado

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O mercado brasileiro de armazenamento de energia está em transformação, impulsionado pelo avanço da geração distribuída e pelas discussões regulatórias que começam a ganhar força. Em meio a esse cenário, a Growatt, fabricante global de inversores e sistemas de armazenamento, vem reforçando sua estratégia local com foco em soluções integradas e tecnologia de baterias de lítio-ferro-fosfato (LFP).

Apesar de não ter produção nacional, a empresa amplia sua atuação comercial por meio de parcerias com distribuidores e aposta em um portfólio diversificado, voltado tanto ao segmento residencial quanto ao comercial e industrial. Para destravar o potencial do mercado brasileiro, a Growatt compartilhou com a pv magazine para o especial de armazenamento que defende duas medidas prioritárias: a criação de uma regulamentação específica para baterias e a redução da carga tributária sobre os equipamentos importados.

“Estamos acompanhando de perto as discussões e participando ativamente dos grupos de trabalho da Absolar dedicados ao tema. Acreditamos que regras claras e uma tributação mais equilibrada são fundamentais para acelerar a adoção do armazenamento no Brasil”, afirma o gerente de Marketing de Produto da Growatt, Silvio Robusti.

Silvio Robusti é o gerente de marketing de produto da Growatt no país.

Imagem: Growatt

Produção concentrada na China e parceria com distribuidores no Brasil

Atualmente, todas as baterias da Growatt são fabricadas na China, em unidade própria da empresa, com tecnologia de lítio-ferro-fosfato (LFP). Segundo Robusti, o processo inclui o desenvolvimento interno de componentes-chave, como o sistema de gerenciamento de baterias (BMS), além da montagem e dos testes finais.

No Brasil, a distribuição dos equipamentos é feita por parceiros locais. “A Fortlev, por exemplo, mantém em estoque o modelo Growatt AXE 5.0, uma bateria modular de LFP, muito procurada pela sua confiabilidade e compatibilidade com nossos inversores híbridos”, destaca o executivo.

A empresa acompanha de perto a evolução da demanda nacional e diz estar preparada para ampliar o suporte logístico e técnico conforme o mercado amadureça.

Crescimento gradual, mas promissor

A adoção de baterias tem avançado de forma gradual, com maior destaque para aplicações residenciais e comerciais que buscam autonomia energética e proteção contra falhas da rede.

“Embora o volume ainda seja pequeno frente às instalações fotovoltaicas convencionais, o interesse por soluções híbridas cresce a cada dia”, afirma Robusti. Ele aponta como principais motores dessa tendência o amadurecimento tecnológico, a redução de custos e o entendimento mais amplo dos benefícios do armazenamento, como backup, otimização de autoconsumo e resposta a tarifas diferenciadas por horário.

A projeção da Growatt é que o mercado ganhe tração significativa nos próximos um a dois anos, impulsionado por avanços regulatórios, redução de custos de importação e maior capacitação técnica entre integradores.

Foco em LFP e integração total dos sistemas

A Growatt trabalha exclusivamente com baterias de íons de lítio na química LFP, tanto em modelos de baixa quanto de alta tensão. A escolha, segundo Robusti, se dá por motivos de segurança térmica, longevidade e estabilidade química.

“Nosso diferencial é ter controle sobre todas as etapas críticas da produção, especialmente o BMS, essencial para garantir segurança, eficiência e vida útil”, explica.

A empresa compra as células de fornecedores especializados, mas realiza internamente o design dos módulos, integração de sistemas de proteção, encapsulamento e todos os testes.

Portfólio para residencial, comercial e industrial

O portfólio da Growatt atende diferentes perfis de clientes:

Segmento residencial (baixa tensão):

  • HOPE 5.0L-B1: 5 kWh por módulo, até 240 kWh.
  • ALP 5.0L-E1: 5 kWh por módulo, até 320 kWh.
  • HOPE 14.3L-A1: 14,3 kWh por módulo, até 457 kWh.

Segmento comercial e industrial (alta tensão):

  • AXE 30-65H-E1: 30 kWh por módulo, até 65 kWh.
  • ACE 209H-2H: 209 kWh, sistema fechado de alta capacidade.

“As soluções foram desenvolvidas para integração perfeita com nossos inversores híbridos, criando sistemas inteligentes e escaláveis”, afirma o gerente. Por ora, a empresa não oferece o modelo BESS as a Service no Brasil, atuando apenas no fornecimento de equipamentos.

Barreiras e oportunidades no mercado brasileiro

Segundo Robusti, os principais drivers para adoção de armazenamento no Brasil são a busca por autonomia energética, mitigação de tarifas de ponta, necessidade de backup e otimização de autoconsumo.

Mas a falta de capacitação técnica dos integradores ainda é um gargalo relevante. “Muitos profissionais não estão preparados para dimensionar, configurar e vender sistemas de armazenamento de forma estratégica. Por isso, a capacitação será fundamental para o crescimento do mercado”, alerta.

Além disso, a carga tributária sobre baterias importadas é vista como uma barreira significativa. “Hoje o custo ainda é um limitador importante. Rever essa estrutura é essencial para tornar as soluções mais competitivas”, reforça.

Participação ativa nas discussões regulatórias

A Growatt acompanha de perto os debates sobre regulamentação do armazenamento no Brasil e participa dos grupos de trabalho da ABSOLAR voltados ao tema.

“Estamos engajados nas discussões sobre o leilão de reserva de capacidade e na formulação de uma regulamentação específica para baterias. Esses avanços serão decisivos para destravar investimentos”, afirma Robusti.

A empresa defende uma regulação moderna, clara e alinhada com as necessidades técnicas do setor elétrico brasileiro. Entre as prioridades, estão:

  • Criação de marcos legais para diferentes aplicações (backup, autoconsumo, alívio de rede).
  • Revisão da carga tributária sobre baterias.
  • Incentivos à capacitação técnica de integradores.

Próximos passos: integração com o setor elétrico

A Growatt vê as aplicações para o setor elétrico, como gerenciamento de demanda e participação futura em mercados de energia, como áreas com grande potencial de crescimento.

“Não estamos falando só de geração distribuída, mas de criar um ecossistema energético inteligente, no qual geração, armazenamento e consumo estejam integrados de forma eficiente e sustentável”, conclui Robusti.

Assim, para a empresa, o futuro do armazenamento no Brasil passa por um sistema elétrico mais descentralizado, digitalizado e flexível, com as baterias ocupando um papel cada vez mais central na transição energética.

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