Trackers de alumínio para geração distribuída de pequeno porte

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Empresas brasileiras estão mirando um segmento ainda não atendido por fabricantes de trackers no Brasil: o de sistemas de pequeno porte instalados em solo. Desde 2021, a Esaf Solar vem desenvolvendo o próprio seguidor solar, que já está em operação em um sistema de 42 kWp instalado pelo laboratório de Sistemas Fotovoltaicos do Instituto de Energia e Ambiente da USP. Os 78 módulos do sistema, de 540 Wp cada, estão distribuídos em três fileiras com 26 módulos cada de trackers de alumínio e aço inoxidável fornecidos pela Ibrap.

“O nosso tracker não foi pensado para a geração distribuída, mas para a geração centralizada. Porém abrimos os olhos para esse segmento, que é pouco explorado atualmente pelos fornecedores tradicionais”, diz o engenheiro de Desenvolvimento Fotovoltaico e coordenador de Novos Negócios da empresa, Fernando Bettiol Elias, à pv magazine.

Os trackers disponíveis no mercado acabam sendo subutilizados por projetos de menor porte. O seguidor da Esaf, por ser fabricado em alumínio e ter um design modular, pode ser customizado para atender a necessidade dessas pequenas usinas, com a vantagem de ser mais leve, facilitando o transporte e a montagem.

Um exemplo é do empreendedor Luis Robson Muniz, que tinha um pequeno projeto de geração distribuída de 50 kWp em um terreno no interior do Ceará e queria maximizar a geração.

“Em um primeiro momento, para esse porte de projeto, os trackers tradicionais elevariam o investimento em quase 100%, em comparação com o sistema de montagem fixo. Era como comprar um sistema com uma capacidade mínima para suportar 500 painéis, mas montar apenas 100”, diz o empreendedor à pv magazine. “Com os seguidores de alumínio de menor porte, para um sistema de 50 kWp, o investimento, em vez de ser 100% a mais , fica em torno de 25% a mais. Por exemplo, se o investimento inicial era R$ 100 mil, iria para R$ 200 mil com o tracker tradicional – sobredimensionado – e para R$ 125 mil com o tracker customizado para pequeno porte”, ele adiciona.

Muniz conheceu a Esaf, marca da Industria Brasileira de Alumínio e Plástico (Ibrap) na Intersolar de Fortaleza, em abril de 2023 e, na Intersolar de São Paulo, em agosto, consolidou uma parceria, através da sua empresa Trackenup, para a venda dos trackers da fabricante, especialmente na região Nordeste.

A Trackenup já fechou um contrato com uma proprietária de um terreno no Ceará e também enxerga oportunidades de fornecer o equipamento para projetos de pequeno porte como os que são contemplados pelo plano Renda do Sol, do governo do estado do Ceará, que inclui a instalação em assentamento rurais , com parte da energia gerada para consumo no próprio local e outra parte para o Hub de hidrogênio verde do estado. “Esses projetos podem ganhar ainda mais eficiência e gerar mais renda com o uso do tracker no lugar dos sistemas fixos”, diz Muniz.

A Esaf pode entregar pedidos em três meses e estima um aumento de até 28% na geração de energia dos sistemas.

O seguidor desenvolvido pela Esaf

“Os trackers normalmente são fabricados em aço galvanizado, porque desde o início foram desenvolvidos para a geração centralizada. O nosso foi o primeiro de alumínio, pensado também para grandes usinas, mas com um material mais leve e resistente, com a possibilidade de criar geometrias com encaixes, devido ao uso de perfis de alumínio extrudado”, comenta Bettiol.

O engenheiro conta que, para desenvolver o tracker, a Esaf realizou uma série de ensaios computacionais e simulações aerodinâmicas, incluindo simulação de túnel de vento e ensaios de aeroelasticidade. Um tracker de alumínio e aço inoxidável da Ibrap está em operação em um pequeno sistema, com oito painéis, instalado pelo Grupo de Pesquisa Estratégica em Energia Solar da UFSC, no campus da universidade, a 300 metros do mar – uma forma de testar também durabilidade do material.

“Estabelecemos um limite de comprimento da fileira por região, de acordo com o regime de ventos de cada local. O maior é de até 68 metros, para as regiões ao Norte e Nordeste, onde os ventos são menos velozes. Nas regiões mais ao Sul, onde os ventos chegam a 180 km/h, a fileira chega a ter no máximo 35 metros”, detalha o engenheiro.

Apesar de não ter sido desenvolvido especificamente para a geração distribuída, o seguidor vem despertando interesse das usinas de menor porte. “Se torna competitivo por dar acesso aos consumidores. Outros fabricantes dificilmente atenderiam essa faixa de potência. Toda a estrutura do projeto na USP foi montada na mão”, comenta Bettiol.

Sistemas de 42 kWp com com trackers Esaf Solar instalados pela USP.

Imagem: Divulgação

Molduras de alumínio e estruturas metálicas

A Ibrap, com sede em Urussanga, Santa Catarina, é fabricante de esquadrias de alumínio e PVC desde 1979. Em 2011, passou a produzir o próprio alumínio e a fornecer a matéria prima para o mercado. Em 2016, começou a estudar o mercado fotovoltaico para fornecer molduras de alumínio. Em 2017, passou a fornecer frames para a Canadian Solar, chegando a produzir 1.500 por dia, por dois anos, até 2019.

Também em 2017 a empresa começou a desenvolver estruturas metálicas. “Nessa época, a Engie estava com dificuldade de encontrar suporte de fixação para telhados e buscou a UFSC, com quem a Ibrap já tinha uma aproximação. A Ibrap passou a desenvolver a própria estrutura de fixação, adaptada aos telhados brasileiros e a UFSC testou o protótipo”, conta Bettiol. Em 2018, colocou no mercado a estrutura Ecoground, de alumínio modular, que pode ser usado inclusive em laje, com fácil montagem e transporte.

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