Custo de capital para projetos solares no Brasil ligeiramente menor que na América Latina

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O custo de capital para investimentos em energia solar realizados no Brasil foi de 6,3%, em 2021, mesmo patamar médio de países como El Salvador, Guatemala, Cazaquistão e Rússia. É um custo ligeiramente mais baixo que a média regional para a América Latina, de 6,6%.

Os dados fazem parte do relatório “O custo de financiamento para energia renovável“, publicado nesta quarta-feira (03/05) pela Agência Internacional de Energias Renováveis (Irena), que apresenta dados de custo de capital obtidos a partir de pesquisa com especialistas e entrevistas cobrindo seis regiões do globo, com dados sobre as tecnologias eólica onshore, eólica offshore e solar fotovoltaica em 100 países.

Esse indicador é composto tanto pelo custo de empréstimos e financiamentos quanto pelo custo do capital próprio – o retorno sobre o patrimônio esperado pelo proprietário, geralmente o desenvolvedor do projeto. O custo de capital é um dos principais determinantes do preço final para os consumidores de energia renovável.

Por exemplo, para um projeto solar fotovoltaico centralizado ou projeto eólico onshore, o custo total da eletricidade aumenta em 80% se o custo de capital for 10% em vez de 2% – considerando um custo de US$ 700 por kW instalado para solar, com fator de capacidade de 18%, e US$ 1.300 por kW de eólica onshore, com fator de capacidade de 38%.

Entre os países, o custo de capital para projetos solares variou consideravelmente, de 1,3% na Alemanha a 21% no Líbano. Veja a lista completa aqui.

10 países com maiores custos de capital para solar fotovoltaica (referente a 2021):

Líbano 21%
Venezuela 18,7%
Iêmen 17,2%
Argentina 13,8%
Equador 12,2%
Cuba 11,6%
Irã 11,4%
Algéria 11%
Bosnia e Herzegovina 10,4%
Sri Lanka 10,3%

10 países com menores custo de capital para solar fotovoltaica (referente a 2021):

Alemanha 1,3%
Países Baixos 1,4%
Suíça 1,7%
França 1,8%
Malta 1,8%
Bélgica 1,9%
Reino Unido 2%
Dinamarca 2,1%
Japão 2,3%
China 2,5%

Diferenças entre regiões e projetos

Os dados levantados pela pesquisa revelam que há consideráveis variações entre as respostas, mesmo dentro de um mesmo país e para uma mesma tecnologia. Para a energia solar fotovoltaica na Espanha, por exemplo, o CoC variou de 36% abaixo a 72% acima da média, enquanto na Itália o intervalo foi de 43% abaixo a 44% acima.

A conclusão é que o custo de capital varia muito de acordo com o desenvolvedor, acordos de aquisição e outros fatores específicos de cada projeto.

No entanto, há algumas conclusões gerais: um dos principais determinantes do CoC é o ambiente macroeconômico, incluindo as taxas de juros vigentes. Em muitos mercados, há capital disponível e projetos sólidos não tiveram dificuldade em ser financiados, em parte devido ao aumento da disponibilidade de novos provedores de capital, como os fundos de pensão. Por outro lado, a incerteza sobre a receita esperada aumenta o custo de capital – e vem sendo mais frequente, com mais projetos expostos ao mercado de curto prazo ou sem receita garantida em contratos por toda sua vida útil.

As políticas e desenhos de mercado também influenciam a composição e custo de capital. Na América do Norte e na Europa Ocidental, a participação do financiamento e outras opções de dívida no custo de capital é baixa, embora por motivos diferentes. Na América do Norte, a parcela da dívida é normalmente baixa (35%-65%) porque o custo do capital próprio é normalmente mais baixo do que em outros lugares, devido aos benefícios dos créditos fiscais. Na Europa, a parcela da dívida é tipicamente maior (80% ou mais), mas o custo da dívida é muito baixo.

As diferenças entre regiões precisam ser consideradas também porque é necessário quadruplicar o investimento global em energia renovável até 2030, de uma média anual recente de US$ 1,2 trilhão para US$ 4,2 trilhões, para zerar as emissões líquidas do setor de energia até 2050 e limitar o aquecimento global a 1,5 °C até 2100. E o aumento necessário no investimento em energia limpa é mais acentuado nos mercados emergentes e nas economias em desenvolvimento fora da China, onde o investimento em energia limpa precisa aumentar quase sete vezes no mesmo período.

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