Em novembro, a atuação de canais de umidades menos frequentes e menos intensos sobre o Brasil favoreceu a ocorrência de anomalias positivas de radiação solar, o que contribuiu diretamente para o aumento da geração de energia solar, sobretudo nas regiões Centro-Oeste, Sudeste, Norte e em parte do interior do Nordeste. Esse cenário resultou em um acréscimo de aproximadamente 79 GWh no potencial de geração solar centralizada em novembro de 2025, valor que corresponde ao equivalente a quase um dia adicional, quando comparado ao desempenho observado em novembro de 2024.
Em termos quantitativos, novembro de 2025 apresentou um acumulado de geração solar centralizada produzível de 3.612 GWh, com média diária próxima de 120 GWh, enquanto novembro de 2024 registrou um acumulado de 3.533 GWh, com média diária em torno de 117 GWh.
No mapa (Figura 1), observa-se que, em novembro de 2025, a faixa em tons de vermelho, que se estende do Sudeste ao Norte do Brasil, indica condições mais secas e com irradiação solar significativamente acima da média. Esse padrão foi especialmente favorável ao aumento do potencial de geração produzível nas usinas solares, com destaque para o estado de Minas Gerais.

Imagem: Tempo OK
Apesar de novembro ser um mês da primavera, caracterizado pelo aumento dos volumes de precipitação no Centro-Norte do país em relação ao período seco, este padrão não se confirmou em 2025. Normalmente, o aumento das chuvas ocorre devido à formação mais frequente de canais de umidade nos estados do Sudeste, Centro-Oeste e Norte, além da Bahia, que podem ou não se configurar como ZCAS, a depender do comportamento de sistemas meteorológicos típicos da estação chuvosa, como a Alta da Bolívia e o Vórtice Ciclônico de Altos Níveis (VCAN).
A baixa frequência de corredores de umidade neste mês está associada a condições atmosféricas que desfavoreceram a organização desses sistemas. A circulação atmosférica mais intensa em altitude ficou em muitos momentos deslocada mais ao sul, redirecionando o transporte de umidade para áreas do Sul do Brasil e MS. Isso muito provavelmente se deveu ao comportamento da Oscilação Antártica, que se mostrou predominantemente em fase negativa. Além disso, a disponibilidade de umidade ficou limitada pelo maior aquecimento do Atlântico Norte Tropical em relação ao Atlântico Sul Tropical.
A Alta da Bolívia e o VCAN não se configuraram de forma intensa sobre suas posições climatológicas, o que dificultou a convergência de umidade para o interior do país e a formação de ZCAS. O fenômeno La Niña atuou com fraca intensidade, não conseguindo trazer uma resposta robusta e duradoura na circulação atmosférica global. Sua influência restringiu-se ao posicionamento dos poucos canais de umidade formados, que acabaram deslocando-se mais ao norte, ainda que, climatologicamente, tendam a se formar em latitudes ligeiramente menores nesta época do ano.
Ao longo do mês, tivemos dois eventos. Entre os dias 19 e 22, uma frente estacionária próxima à costa da Bahia organizou um breve canal de umidade que se estendeu entre os estados do Norte, centro-sul do Maranhão, Piauí, oeste de Pernambuco e Bahia, com acumulados pontuais superiores a 100 mm em locais do centro e norte baianos.
Depois entre os dias 24 e 28, uma frente estacionária próxima à costa capixaba formou um canal de umidade mais ao sul em relação ao primeiro, concentrando os maiores volumes de chuva em pontos do Tocantins, Goiás, Distrito Federal, sul da Bahia, norte de Minas Gerais e Espírito Santo.
Nestas condições, predominou um cenário de chuvas abaixo da média em grande parte do Centro-Norte do país, diferentemente do que ocorreu em anos recentes com um padrão de La Niña mais clássico, como em 2021 e 2022, por exemplo.
Por: Paulo Lombardi e Márcio Bueno, meteorologistas da Tempo OK
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