Implementação de BESS para C&I exige vende consultiva e maior capacitação técnica

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O painel de abertura do evento Meet & Greener, realizado esta semana na capital paulista, destacou o crescente potencial do armazenamento de energia (BESS) para o segmento de Comércio e Indústria (C&I) no Brasil. Especialistas do setor como o CEO da Greener, Marcio Takata, o head comercial da Engemon, Rafael Resende, o diretor-executivo da SolaX Power, Gilberto Carmargos, o diretor de operações da Renew Energia, Eduardo Nicol, e o gerente comercial da Matrix Energia, Gledson Torquato, enfatizaram a necessidade de acelerar a adoção desse modelo de negócio, considerado fundamental para a evolução da matriz energética mundial e, em particular, para o cenário brasileiro.

O CEO da Greener observou que “o mercado de BESS no Brasil já demonstra um movimento significativo, com projeções de superar 200 MWh de capacidade instalada. O ano de 2026 deve ser visto como um ‘ponto de virada’ para a aceleração dos negócios, impulsionado pela combinação de diferentes fatores que tornam a aplicação estratégica para a matriz energética nacional”.

No entanto, a transição do mercado solar para o BESS apresenta desafios. Enquanto a energia solar focava na economia de energia, o BESS oferece uma gama mais ampla de benefícios, exigindo uma compreensão aprofundada das necessidades do cliente. A complexidade financeira também aumenta, com o empilhamento de soluções que podem se abater mutuamente.

Para o sucesso na implementação de soluções BESS, a análise consultiva e a capacitação técnica são cruciais, exigindo dos profissionais um conhecimento mais aprofundado sobre qualidade de energia, comportamento de carga e infraestrutura do cliente. A venda de BESS é descrita como ‘muito mais consultiva’ do que a de energia solar, demandando a identificação do real problema do cliente e a coleta de informações detalhadas para um dimensionamento ótimo do sistema.

Diversos fatores foram apontados como relevantes para a viabilidade de projetos BESS no segmento C&I e, com os demais participantes, Takata explorou um checklist para a viabilidade de projetos BESS no segmento de comércio e indústria:

  • Localização e concessionária: onde o cliente está localizado e a tarifa de energia praticada pela concessionária influenciam diretamente a atratividade financeira.
  • Planejamento operacional: entender o roadmap de desenvolvimento do cliente, incluindo planos de aumento de produção ou expansão, é fundamental para prever futuras demandas energéticas.
  • Infraestrutura existente: a avaliação da infraestrutura elétrica e a disponibilidade de espaço seguro para a instalação de sistemas de grande porte são aspectos práticos importantes.
  • Sensibilidade da produção: para indústrias com processos críticos, o valor de evitar paradas de produção devido à falta de energia pode ser um diferencial significativo.
  • Benefícios acessórios: o BESS pode mitigar problemas como multas por ultrapassagem de demanda e consumo de energia reativa, agregando valor financeiro.
  • Combinação de benefícios: a viabilização de projetos BESS frequentemente depende da combinação de diferentes benefícios, como o time shift (armazenamento da energia barata para uso durante preço mais alto) com a melhoria da qualidade e confiabilidade do fornecimento.

A percepção de risco e o alto custo inicial são barreiras para a adoção do BESS. Mas, de acordo com Torquato, da Matrix, “o modelo as a service, onde o investimento pela empresa que cobra uma assinatura pelo uso da solução, surge como uma alternativa para mitigar o risco financeiro do cliente. Além disso, diversos casos de implementação bem sucedidos em segmentos específicos, como hotéis e frigoríficos, facilitam a demonstração do valor do BESS”.

A educação do mercado é vista como um pilar fundamental para o crescimento do setor. É necessário desmistificar o BESS e mostrar aos clientes que a solução vai além do gerador a diesel, oferecendo vantagens como sustentabilidade, menor custo operacional e maior previsibilidade.

A recente mudança regulatória (fim do desconto de TUSD para fontes incentivadas) foi destacada como um fator que pode impulsionar o mercado de BESS. Com a redução da atratividade do mercado livre para novos consumidores, o BESS pode oferecer um benefício financeiro similar, criando uma “economia sintética” e antecipando o potencial de mercado para os próximos anos.

O mercado de BESS caminha para um cenário de “empilhamento de benefícios”, onde a solução pode ser utilizada para diversas finalidades, como o load shifting, ou deslocamento de carga – que transfere o consumo de eletricidade de horários de pico para horários de baixa demanda, o peak shaving e o backup de energia. A integração com usinas fotovoltaicas, utilizando o BESS para armazenar o excedente de geração solar, é uma aplicação promissora.

Camargos, da SolaX Power finaliza explicando que a inteligência por trás do BESS, por meio dos Energy Management Systems (EMS), é crucial para otimizar o gerenciamento da energia. “Esses sistemas, que podem até incluir previsões meteorológicas, permitem que a bateria seja carregada e descarregada de forma estratégica, maximizando os ganhos financeiros e operacionais

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