Com foco principalmente no mercado de varejo — para residências e pequenos comércios — a Osda espera um crescimento de 20% em suas vendas em 2025, na comparação com 2024, mesmo em um cenário mais desafiador. O diretor da companhia para a América Latina, Felipe Santos, falou à pv magazine Brasil sobre as perspectivas para o mercado brasileiro e a integração da marca Austa, fabricante de inversores e baterias, para oferecer uma solução “one-stop-shop” no país.
Atualmente, a companhia oferece módulos TopCon de 585 W, 610 W e 710 W no Brasil. Santos observa que em 2025 o mercado brasileiro vem mostrando preferência pelos módulos de 710 W, que medem cerca de 1,3 m por 2,4 m, e que normalmente são destinado para projetos de geração centralizada e não para o segmento de geração distribuída.
“Porém, com o ex-tarifário do HJT, como o TopCon não tinha benefício e o HJT tinha, muitos distribuidores trouxeram o HJT para aplicações de varejo. Mesmo não sendo o produto ideal para isso, esses módulos acabaram ganhando espaço. Agora, mesmo com o fim do ex-tarifário para o HJT, alguns distribuidores continuam mantendo esses módulos maiores — agora TopCon — no portfólio, porque alguns instaladores passaram a preferir trabalhar com eles”.
Mesmo sendo mais pesados e difíceis de manusear, esses módulos podem oferecer vantagem por exigir menos unidades para atingir determinada potência, observa Santos. Além disso, com o aumento da potência dos microinversores, arranjos com módulos de 710 W se tornaram mais viáveis e com bom custo-benefício. Então, apesar das dificuldades práticas, muitos instaladores têm optado por esse tipo de produto, e os distribuidores seguem ofertando.
Certificação para baterias e ampliação de ofertas
Atualmente, a Osda está finalizando a obtenção de certificações locais para as baterias. “Já vínhamos percebendo esse movimento: fabricar apenas módulos vai ser um caminho mais difícil. Entendemos que é cada vez mais importante entregar uma solução completa”, disse Santos. “Estamos finalizando a certificação do Inmetro. Assim que concluirmos, liberaremos as vendas. A expectativa é que isso ocorra no segundo trimestre do ano que vem”.
A meta da companhia é integrar todo o portfólio, incluindo inversores híbridos e baterias residenciais e comerciais de fabricação própria.
“É um caminho sem volta. A OSDA tem se posicionado como um fornecedor one stop solution, ou seja, que oferece todos os equipamentos em um só lugar. Acreditamos muito nessa estratégia”.
A marca atua no mercado brasileiro desde 2019 e, além dos módulos, oferece no país uma linha completa de inversores — de monofásicos a trifásicos, híbridos e com armazenamento — de 5 kWh a 250/260 kWh, com gabinetes próprios.
Expectativa de crescimento em ano mais desafiador
Na percepção de Santos, o mercado brasileiro de energia solar entrou em uma curva de estabilização em termos de nova capacidade adicionada.
“O mercado de geração centralizada está muito difícil e não vemos solução no curto ou médio prazo. A GD de grandes projetos, com a virada da regulação, também perdeu atratividade. Há empresas ainda executando projetos de GD1, mas o volume é pequeno”, comenta.
O segmento que permanece gerando negócios é o de varejo — residencial e comercial de pequeno porte. “É um mercado pulverizado, com grande concorrência e baixa barreira de entrada, mas também o mais constante e estável, menos afetado por questões geopolíticas, mas no qual sempre acreditamos e continuaremos a acreditar”.
Esse segmento também é favorecido pelo direcionamento que o governo e a regulação estão dando para o setor solar no Brasil, incentivando instalações no local de consumo e menor uso da rede — o que também impulsiona o uso de baterias, avalia Santos.

Nesse cenário, a companhia espera um crescimento de aproximadamente 20% em 2025 na comparação com 2024, já que é justamente na geração distribuída que concentra a maior parte de suas vendas.
“Durante muitos anos o mercado crescia 20%, 30%, até 100% ao ano sem esforço. Hoje, para crescer, é preciso ter diferenciais e correr atrás. Ainda assim, o mercado continua expressivo: acreditamos em 6 GW a 8 GW de novas instalações em GD, o que é muita coisa”.
Juros altos e tarifa injusta
Para Santos, o mercado atual é mais “puro”, sem os estímulos fiscais e regulatórios que impulsionaram o crescimento acelerado dos últimos anos.
“Durante muito tempo o setor contou com incentivos relevantes, que foram sendo reduzidos. Por outro lado, a carga tributária aumentou de forma que considero injusta — 25% é muito alto; algo em torno de 10% seria mais razoável”, afirma o executivo.
A tarifa de importação é parcialmente compensado pela forte redução nos preços internacionais. “Ela teve impacto, mas os preços caíram bastante. Mesmo com a taxa, o valor do módulo FOB está em cerca de um terço do que já foi, o que ainda é vantajoso. Ainda assim, considero a alíquota injusta”, pontua.
O movimento de importações no último ano foi intenso, impulsionado por incentivos fiscais e pelo encerramento de alguns benefícios, como o ex-tarifário aplicado a módulos HJT. Esse volume expressivo levou as distribuidoras a adotarem uma postura mais cautelosa em 2025.
“Muitos sofreram com a queda de preços e agora preferem trabalhar com estoques menores. Acredito que encerraremos o ano com níveis bem inferiores aos de 2024”, avalia.
Outro fator que limita o avanço da geração distribuída, segundo ele, é a taxa básica de juros ainda elevada, que encarece o crédito e restringe o acesso ao financiamento. “A GD depende fortemente de crédito, e os bancos estão mais seletivos por causa da inadimplência. O próximo passo para destravar o mercado é a queda da Selic.”
China busca reequilíbrio na cadeia solar
No cenário internacional, o executivo destaca uma tendência de alta nos preços dos módulos, impulsionada pelo controle de produção implementado pelo governo chinês para enfrentar a sobrecapacidade do setor. “A meta é que as fábricas operem entre 50% e 75% da capacidade. Quem está abaixo de 50% é incentivado a sair do mercado, e quem descumpre as regras sofre punições, como exclusão de leilões e restrição no fornecimento de matéria-prima.”
O foco do controle, diz Santos, está na cadeia de polissilício, onde o governo chinês tem estimulado fusões e aquisições para consolidar o setor. “Os preços do polissilício subiram e se mantêm altos. Ainda há flutuação nos valores dos módulos devido aos estoques e à necessidade das empresas manterem operação. Algumas vendem abaixo do custo para não parar a produção, mas o governo também pune quem exporta com preços muito baixos.”
Os preços atuais, avalia o executivo, não refletem o custo real de produção, o que abre espaço para uma recomposição gradual.
“A meta é estabilizar entre 10 e 12 centavos de dólar por watt, ante os 8 a 9 centavos atuais. Uma elevação seria positiva para toda a cadeia — fabricantes e distribuidores —, porque preços muito baixos reduzem o faturamento médio.”
A implementação desse ajuste, contudo, é complexa, já que cada província chinesa possui autonomia e políticas próprias, o que gera distorções e até uma espécie de “guerra fiscal” interna. “Por isso o governo está concentrando o controle no polissilício, até que o excesso de oferta se normalize. Mais adiante, pode adotar medidas semelhantes no downstream, incentivando fusões também entre fabricantes de módulos”, conclui.
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