Volume de BESS comercializados no Brasil em 2025 pode atingir 2,5 GWh

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O volume de sistemas de armazenamento de energia em baterias (BESS) comercializado no Brasil pode atingir entre 1,3 GWh e 2,5 GWh em 2025, segundo estimativa da consultoria Clean Energy Latin America baseada em anúncios e entrevistas com empresas. No cenário moderado, a CELA, estima que as vendas de BESS totalizem 1,9 GWh, voltadas pra aplicações como hibridização de usinas, leilão de sistemas isolados, C&I e backup.

“Enquanto todo mundo está esperando o leilão de reserva de capacidade, que deve contratar gigawatts em baterias, nós já temos esse volume de GW sendo instalados no setor elétrico para ‘N’ aplicações. Estamos nos encaminhando do cenário base [1,9 GWh] para o otimista [2,5 GWh], porque realmente foi um ano muito bom para BESS, tendo em vista as diversas complexidades que a gente viu no nosso setor elétrico”, comentou a head de Consultoria da CELA, Marília Rabassa.

As projeções foram apresentada durante o webinar “Panorama do Armazenamento de Energia por Baterias”, realizado na quarta-feira (05/11).

Queda expressiva e contínua de custos

Um dos motivos para a aceleração do mercado é a acentuada queda de custos dos equipamentos nos últimos anos. Houve uma queda significativa nos preços dos packs de baterias, de 61% entre 2015 e 2023, e de mais 40% entre fevereiro de 2024 e fevereiro de 2025, chegando ao patamar de US$ 100 a US$ 120 por kWh para sistemas com 1 MWh/250 kW de capacidade.

Esse movimento de redução de custos deve continuar globalmente com o avanço de outras tecnologias de bateria além do lítio. No Brasil, a aprovação da MP 1304 incluiu a redução da carga tributária sobre BESS, equiparando-a a outros equipamentos do setor elétrico, o que pode reduzir ainda mais os custos no país.

Viabilidade junto à GD…

Além disso, as mudanças recentes nas regras para sistemas de geração distribuída vem incentivando o uso menor da rede, o que favorece a instalação de baterias junto às usinas de menor porte.

A CELA apresentou no webinar a ferramenta Mapa de Viabilidade de Projetos com Geração Distribuída, que estima a viabilidade de investimento em baterias com GD solar por área de concessão. Os dados indicam que a inclusão de baterias não alteram significativamente o payback dos projetos, em alguns casos prolongados por apenas um ano, e mantém as taxas internas de retorno atrativas. No exemplo da Equatorial Pará, a TIR de um projeto de GD sem bateria saiu de 52,9% para 39,2% com o armazenamento.

… e independente de geração para atender comércios e indústrias

A CELA também apresentou uma ferramenta que estima a viabilidade de sistemas de armazenamento stand alone para indústrias e comércio (C&I). A viabilidade dos investimentos nesse segmento é mais variada, dependendo não só das tarifas nas áreas de concessão mas também do tipo de aplicação, se para deslocamento de carga, redução do consumo na hora da ponta, backup ou aumento da qualidade de fornecimento de energia.

“Trazendo aqui o caso da da Equatorial Maranhão, se o consumidor faz um investimento direto no BESS para load shifting [deslocamento de carga], ele consegue ter um retorno de 23,6%. Isso é um retorno extremamente significativo e explica porque esse mercado tem avançado. Quando a gente olha em payback, estamos falando de um retorno de 5,9, 6 anos, o que é similar ao começo da solar”, disse Rabassa.

A consultora destacou que no caso do backup e da qualidade do serviço, há ganhos além de por exemplo substituição de geradores a diesel. O fornecimento de backup por até 3 a 4 horas para unidades consumidoras, com um acionamento muito rápido (até 0,3 segundos, podendo ser até 0,1 segundos em algumas aplicações), é extremamente valioso para indústrias sensíveis a oscilações na rede, onde uma breve interrupção ou baixa qualidade de energia pode resultar em perdas significativas.

“Estava conversando com um cliente do segmento de vidro e ele estava me explicando que uma breve oscilação na rede dele, pode fazer com que todo lote que ele estava produzindo seja jogado fora. Então imagina o custo de uma intermitência de energia”.

Ao final do evento, a consultora reforçou que o BESS não a solução única para os problemas do setor elétrico, mas traz uma importante contribuição para aumentar a flexibilidade do sistema.

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