Primavera ou verão: qual estação favorece mais a geração de energia solar no Brasil?

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Há quem diga que o verão é a melhor estação para a geração de energia solar, afinal, os dias são mais longos e o sol está mais alto no céu. No entanto, fatores como o calor excessivo e pancadas de chuva podem reduzir a eficiência dos painéis solares. Outros apostam na primavera, devido as temperaturas mais amenas. Mas essa estação muitas vezes é marcada pela formação de corredores de umidade, que também limitam a irradiância solar. A dúvida, então, persiste: afinal, é na primavera ou no verão que os sistemas fotovoltaicos produzem mais energia?

A resposta é: depende. Apesar de a primavera e o verão apresentarem características astronômicas relativamente similares, a meteorologia mostra que o predomínio de diferentes sistemas meteorológicos pode levar a diferenças significativas e, portanto, o predomínio de uma estação ou outra depende da região específica.

Para entender essa variação, é importante analisar o recurso solar desde o momento em que ele chega ao topo da atmosfera, em uma superfície horizontal ortogonal ao raio solar, a chamada irradiância no topo da atmosfera, ou TOA (Top of Atmosphere).

Na figura 1, é possível observar a série temporal dos valores de TOA. Quanto maior esse valor, maior é a quantidade de energia solar incidente esperada no topo da atmosfera. No entanto, não é apenas isso que influencia o potencial solar no topo da atmosfera, fatores como a declinação solar, que é a inclinação do eixo da Terra em relação ao plano do Sol ao longo do ano, e a posição geográfica da região, também exercem grande influência.

Figura 1: irradiância solar no topo da atmosfera em uma superfície horizontal ortogonal ao feixe solar (TOA).

Ao observar a série temporal dos valores de TOA, pode parecer que a quantidade de energia solar disponível é relativamente estável ao longo do tempo e muito similares entre a primavera e verão, apenas dependendo dos parâmetros astronômicos. Mas, na prática, o que realmente importa é o que chega à superfície considerando os processos de extinção da radiação solar por meio da absorção e do espalhamento pelos componentes atmosféricos.

Para captar essa realidade com mais precisão, a Tempo OK calcula as climatologias (Figura 2), que mostram o comportamento do recurso solar diário em superfície usando dados de satélite. Os dados revelam para o Brasil que nem sempre o recurso solar é maior em verão ou primavera, portanto, esse recurso precisa ser analisado regionalmente.

Figura 2: declinação terrestre como exemplo para o ano 2025, esta variável apenas depende do dia do ano, em cores ou sombras se mostram os dias correspondentes as estações primavera e verão.

No verão, a região interior e oeste do Brasil apresenta um recurso solar inferior à primavera. Porém, nas demais regiões do país, o verão é a estação predominante em termos de disponibilidade de radiação solar, especialmente na região Sul. Nesse caso, os sistemas meteorológicos predominantes são os que determinam esse comportamento.

Na Figura 3 podem ser resumidas as diferenças climatológicas da irradiação solar diurna média entre a primavera e o verão. No verão, sistemas transientes chegam com menor frequência às regiões Sul e Sudeste, especialmente sobre o mar e a costa, resultando em menor nebulosidade e, consequentemente, maior irradiação solar nessas áreas. Por outro lado, na região amazônica e Norte do Brasil, o verão é caracterizado pelo aumento do transporte de umidade e da atividade convectiva local, o que eleva a nebulosidade e, portanto, reduz a irradiação em superfície.

Figura 3: diferenças entre a irradiação média do Verão com a primavera. Valores positivos (vermelhos) correspondem a valores onde o verão é superior a primavera.

Imagem: Tempo OK

Esse cenário reforça a importância de uma análise regionalizada, sustentada por dados climatológicos confiáveis. Com ferramentas como o TOK Solar, da Tempo OK, profissionais e empresas podem acompanhar informações de irradiância e climatologia em tempo real, testar diferentes cenários e tomar decisões mais precisas e estratégicas.

A eficiência dos sistemas fotovoltaicos não depende apenas de fatores astronômicos mas, em grande medida, da meteorologia.

Por Jorge Rosas, meteorologista da Tempo OK

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