HyperStrong inicia operações no Brasil e mira leilão de armazenamento

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Em entrevista à pv magazine Brasil, o diretor da HyperStrong no país, Ruy Lima, confirmou que a fabricante de sistemas de armazenamento em baterias pretende participar do leilão de energia de reserva de capacidade previsto para 2026. “Como um dos maiores players globais, temos soluções BESS altamente competitivas e contratos de fornecimento de células garantidos com os principais fabricantes do mundo”, afirmou Lima.

A empresa possui em seu portfólio global diversos projetos de grande escala que ultrapassam 1 GWh, que lhe confere a experiência para atender à crescente demanda brasileira. Atualmente, opera com uma capacidade anual de produção de 40 GWh, com expansão prevista para os próximos anos, garantindo escala e competitividade no fornecimento global.

Ruy Lima, diretor da HyperStrong no país.

Imagem: HyperStrong

Lima destacou a urgência do Brasil em adotar sistemas de armazenamento, devido à grande oscilação diária da geração solar. “Estamos desperdiçando energia limpa por falta de infraestrutura para armazená-la. O armazenamento é o elo que falta entre a geração renovável e a estabilidade da rede”, explicou.

Para a HyperStrong, o BESS não é apenas uma bateria: é um sistema inteligente que permite regulação de frequência, controle de tensão e gestão temporal da energia.

HyperBlock M: modularidade e eficiência no centro da inovação

O principal produto da HyperStrong no Brasil é o HyperBlock M, um sistema modular de 10 pés que oferece 3,2 MWh por container. Projetado para logística eficiente, é mais leve e compacto que sistemas tradicionais de 20 pés, simplificando transporte e instalação em locais desafiadores.

O HyperBlock M apresenta 28% mais densidade energética e requer até 23% menos espaço físico, além de contar com resfriamento líquido, isolamento térmico e acústico integrado, e monitoramento automatizado inteligente. É ideal para aplicações no setor de comércio e indústria (C&I), agronegócio e locais off-grid. O produto foi recentemente apresentado na RE+ nos EUA e seguirá padrões globais de excelência.

Desafios brasileiros e oportunidade para BESS

Para ilustrar o desafio da matriz energética nacional, Lima comparou a oscilação da geração solar à maior hidrelétrica do sistema brasileiro: “É como se duas Itaipus em painéis solares fossem ligadas e desligadas todos os dias entre 9h e 15h”. O país possui cerca de 110 GW em hidrelétricas, o equivalente a três usinas de Itaipu, e 60 GW em solar, sendo 40 GW em geração distribuída (GD) fora do controle direto do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

Essa variação diária tem provocado curtailment em níveis sem precedentes e exige o acionamento de termelétricas caras e poluentes no fim do dia. Além disso, há limitações de transmissão, especialmente entre nordeste e sudeste. “Mesmo com novas linhas, o problema persistirá. Precisamos descentralizar e armazenar a energia onde ela é gerada, garantindo eficiência e evitando sobrecarga no sistema”, explicou Lima.

BESS: o elo perdido da transição energética

Para Lima, o BESS é a solução natural para um sistema cada vez mais intermitente. “Não é apenas uma bateria. É um sistema inteligente que regula frequência e tensão, absorve o excesso de energia durante o dia e a devolve ao sistema nos horários de pico”.

O executivo ressalta que associações setoriais, como Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica) e Associação Brasileira de Soluções de Armazenamento de Energia (Absae), têm defendido regulamentação específica da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para reconhecer o armazenamento como agente do sistema, permitir o empilhamento de receitas e eliminar encargos indevidos. “Países como Chile e Argentina já avançaram com leilões de armazenamento. O Brasil, apesar do potencial gigantesco, ainda precisa destravar esse mercado”, conclui.

Energia armazenada, energia aproveitada

O Brasil possui uma das matrizes mais limpas do mundo, mas parte da energia renovável é desperdiçada diariamente. “Temos potencial para ser o sistema elétrico mais estável e sustentável do planeta. Mas sem armazenamento, continuaremos acionando térmicas e desperdiçando energia equivalente a Itaipus inteiras todos os dias”, afirma Lima.

O executivo finaliza com uma mensagem clara: “O BESS deve ser tratado como prioridade nacional. Ele é o elo que garantirá eficiência, segurança energética e continuidade na transição verde brasileira”.

Histórico e expansão global

Fundada em 2011 por engenheiros chineses, a HyperStrong se consolidou omo uma das principais integradoras de sistemas BESS do mundo, com mais de 300 projetos. “Nunca tivemos incidentes de segurança. Temos um controle de qualidade e o sistema proprietário de gerenciamento de baterias (BMS) são reconhecidos internacionalmente”, destacou Lima.

O IPO da empresa, realizado em janeiro de 2025 na Bolsa de Xangai, marcou o início de uma nova fase de expansão global, com o Brasil posicionado como mercado estratégico, ao lado de Estados Unidos, México e Chile.

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