Combustíveis fósseis concentram maior parte dos investimentos em P&D de energia no Brasil

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Em 2024, os investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) no setor de energia totalizaram R$ 7,6 bilhões, o maior valor da série histórica, representando um crescimento de 33% em relação a 2023, segundo um levantamento realizado pela Empresa de Pesquisa Energética. Esse crescimento foi impulsionado pelos investimentos publicamente orientados.

Os investimentos regulados pelas agências nacionais de Petróleo e Gás (ANP) e de energia elétrica (Aneel) representaram quase 90% do volume total, ou R$ 6,8 bilhões. As agências reguladoras fazem a gestão e orientam a aplicação desses recursos, com parte das receitas dos agentes sendo obrigatoriamente revertida em recursos para P&D. A ANP mobilizou R$ 5,9 bilhões em investimentos, sendo 82% (R$ 4,8 bilhões) em tecnologias fósseis sem captura de carbono. Por outro lado, os recursos para P&D provenientes do setor elétrico tiveram um perfil mais diversificado de tecnologias, com predominância de soluções de baixa emissão de carbono.

Crescimento dos investimentos em hidrogênio, captura de carbono e armazenamento

Apesar da predominância das fontes fósseis como destino dos recursos de P&D no setor, houver crescimento no investimento em pesquisa e desenvolvimento de tecnologias renováveis.

Os biocombustíveis apresentaram o maior crescimento em PD&D entre as tecnologias renováveis, com um salto de 67% em relação a 2023, atingindo R$ 411 milhões em 2024. Eles representaram 53% da aplicação de recursos entre as tecnologias renováveis, seguidos por energia eólica (22%), solar (12%), hídrica (8%) e outras (5%). Fatores de impulso incluem a possibilidade de novos mercados, como o etanol de segunda geração e combustíveis sustentáveis de aviação (SAF), e chamadas públicas de fomento.

Os investimentos em PD&D em hidrogênio e células a combustível cresceram mais de 10 vezes entre 2019 e 2024, atingindo R$ 304 milhões em 2024. Essa tendência é impulsionada pela expansão do mercado global de hidrogênio, diretrizes regulatórias que o priorizam (CNPE 2021 e Plano Trienal 2023-2025 do PNH2) e fomento público através de chamadas específicas.

Os investimentos em captura e armazenamento de carbono (CCUS) também cresceram significativamente nos últimos dois anos, totalizando R$ 209 milhões em 2024, com 94% desse valor suportado por recursos do programa de P&D da ANP. Esse crescimento é impulsionado pela Lei do Combustível do Futuro (Lei nº 14.993/2024), que define o papel da ANP como reguladora das atividades de CCUS, e pelo aprimoramento regulatório do CCUS pela ANP.

Ainda tímidos diante do volume total, os investimentos em P&D para o segmento de armazenamento de energia saíram de R$ 37 milhões para R$ 64 milhões.

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