Baterias serão as protagonistas da transição energética no Brasil, aponta SolaX Power

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O armazenamento de energia deixou de ser promessa e começa a se consolidar como peça central da transição energética no Brasil. Em um mercado solar já amadurecido, as baterias despontam como complemento natural às usinas fotovoltaicas, criando oportunidades de negócio e reforçando a segurança energética. Essa é a avaliação do diretor executivo da SolaX Power, Gilberto Camargos, em entrevista exclusiva à pv magazine Brasil.

De acordo com o executivo, o movimento é semelhante ao que o país viveu com a expansão da energia solar, mas agora com a vantagem de chegar a um setor estruturado, com acesso a financiamento, monitoramento e modelos de negócio validados. “As baterias não vêm para matar o solar, mas para complementá-lo. São o solar 2.0, permitindo gerar, armazenar e reduzir a dependência da rede”, afirmou.

Na feira realizada este ano, a SolaX apresentou três modelos de sistemas de armazenamento. Dois estavam disponíveis em unidades físicas: o BESS em acoplamento AC, bastante demandado pelo mercado, e um modelo híbrido, com inversor integrado ao banco de baterias, que pode ser expandido até 400 kWh de capacidade. O terceiro, chamado ORI, é voltado ao mercado de utility scale e começa com 2,5 MW de potência e 5 MWh de armazenamento, cuja versão física deve desembarcar no país no próximo ano.

Além dos sistemas de maior porte, a empresa também apostou em soluções desenhadas para o varejo. Entre elas, destacou-se o micro Fast Track de 1.875 Wp, considerado ideal para o mercado brasileiro e pioneiro em relação ao modelo de 2.500 Wp predominante entre concorrentes. Outro lançamento foi o inversor híbrido trifásico de 220 V com potência de 37,5 kW, acompanhado do inversor split phase híbrido de 7,5 kW. Também chamou atenção o Balcony, voltado a apartamentos e inspirado na tendência europeia de sistemas plug & play de até 800 W que dispensam homologação. No Brasil, o equipamento funcionará em modo off-grid, alimentando diretamente as cargas residenciais.

Gilberto Camargos, diretor-executivo da SolaX Power no Brasil

Imagem: SolaX Power Brasil

Para Carmargos, trata-se de uma solução promissora em mercados metropolitanos como São Paulo, onde os apagões são frequentes em períodos de calor intenso. “Ainda que haja questões estéticas, o benefício do armazenamento deve falar mais alto”, comentou.

A estratégia da empresa reflete uma leitura do setor que enxerga no armazenamento um caminho natural de evolução. O executivo acredita que a trajetória seguirá a mesma lógica da energia solar: começando no segmento residencial, avançando para pequenas e médias empresas e, em seguida, conquistando grandes corporações. A diferença é que as baterias já entram em um mercado amadurecido, e não precisam mais comprovar viabilidade. Na visão dele, o futuro será híbrido, conectado à rede, mas com a possibilidade de armazenar energia e transformar o grid em suporte, não mais em protagonista.

Os obstáculos, contudo, não são poucos. A alta da taxa Selic encarece o financiamento e é apontada como um dos maiores entraves. No campo da política industrial, medidas como o ex-tarifário são vistas como distorções que atrapalham mais do que ajudam. Gilberto também ressaltou que a falta de regulamentação para a injeção noturna de energia armazenada e a demora em criar regras para sistemas em larga escala limitam o desenvolvimento de novos modelos de negócio. “O governo está atrasado nesse processo, e o setor não pode esperar por leilões ou regulamentações para avançar”, disse.

Ainda assim, as oportunidades são enormes. O Brasil sofre com uma infraestrutura elétrica deficiente, abrindo espaço para soluções de backup e gestão energética. Em alguns projetos industriais, o retorno pode ser quase imediato: em casos de paralisações de fábricas, o payback pode ser alcançado em até 60 horas de operação interrompida evitada.

Enquanto isso, o mercado de inversores string e microinversores enfrenta uma guerra de preços que pressiona fabricantes a reduzir qualidade em troca de custos mais baixos. A SolaX busca se diferenciar apostando em inversores híbridos, onde as margens são melhores e os riscos de segurança, menores. Um dos diferenciais é a garantia de dez anos em seus produtos, independentemente do distribuidor, em contraste com concorrentes que oferecem prazos curtos e transferem a responsabilidade ao fabricante.

A SolaX Power aposta que as baterias serão protagonistas da transição energética no Brasil. “A demanda já está posta e quem entender isso sairá na frente. As baterias não vão esperar regulamentação ou leilão para se consolidar. O movimento já começou”, concluiu o executivo.

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