O mercado de energia solar no Brasil vem amadurecendo e entra em uma fase onde há a necessidade de integrar armazenamento, backup e gestão inteligente do consumo. Nesse cenário, surgem soluções que buscam reduzir os atritos mais comuns entre consumidores e integradores, como a dificuldade de entender por que a conta de luz permanece alta mesmo após a instalação de sistemas fotovoltaicos. Para contornar esse problema, a Solfácil anunciou o lançamento da linha Solfácil Smart, composta por dispositivos de monitoramento com inteligência artificial e hardware proprietário. O investimento no desenvolvimento foi de R$ 2,5 milhões, e o lançamento aconteceu durante a Intersolar 2025, em São Paulo.
Concebido internamente pelo time de engenharia da empresa, o projeto rompe com a tradição do setor, que ainda depende fortemente de equipamentos importados, sobretudo da China. “Nosso time desenvolveu 100% da tecnologia. É um diferencial porque a maioria das soluções disponíveis são globais e pouco adaptadas ao modelo de compensação do Brasil. Nós partimos da realidade local, de como o cliente lê a conta, quais tarifas são aplicadas, como a energia injetada na rede é de fato compensada”, afirma o CEO e fundador da Solfácil, Fabio Carrara.
Segundo Carrara, o Solfácil Smart representa o início de uma nova fase para a gestão energética em casas e empresas. Ele explica que, enquanto a instalação fotovoltaica com foco em economia foi o primeiro passo, o próximo movimento será a integração de baterias e soluções de backup. “Com a Lei 14.300, a energia injetada na rede já não vale o que valia antes, e em alguns casos, com problemas de curtailment e fluxo reverso, pode nem ser possível injetar. Para explorar essas oportunidades, é preciso ter dados confiáveis”, observa.
Essa perspectiva amplia o escopo de atuação dos integradores, que passam de vendedores de kits fotovoltaicos a provedores de soluções completas, incluindo baterias, carregadores de veículos elétricos e sistemas híbridos. “Nosso objetivo é criar um dispositivo capaz de orquestrar todos os ativos de energia da casa. Esse é o futuro”, acrescenta.
Enquanto a produção de energia já pode ser acompanhada pelo inversor, o consumo instantâneo com a rede elétrica, informação essencial para dimensionar corretamente os sistemas e compreender a fatura de energia, normalmente só aparece de forma consolidada na conta de luz. Essa lacuna, conhecida no setor como “experiência do choque da conta”, gera frustração em clientes e retrabalho no pós-venda.

Imagem: pv magazine
O Solfácil Smart busca resolver essa dor ao detalhar, em tempo real, onde estão as diferenças: se houve injeção maior na rede que não foi compensada integralmente, se o consumo ocorreu fora do horário de geração ou se há algum problema técnico. Além de evitar atritos, a ferramenta abre espaço para novas vendas. O dispositivo também identifica padrões de consumo e falhas operacionais, permitindo orientar clientes de acordo com suas necessidades: quem sofre com quedas de energia pode adotar backup; consumidores com baixa simultaneidade entre geração e consumo podem migrar para baterias; já empresas podem ajustar processos para reduzir picos fora do horário de produção solar.
A linha chega em duas versões. O Smart Home é voltado para residências, funcionando como um painel de controle acessível que identifica rapidamente falhas de geração, aumento de consumo ou problemas de manutenção, garantindo que a economia esperada seja atingida. Já o Smart Pro foi desenhado para empresas, com monitoramento trifásico detalhado, detecção de picos fora do horário de produção, otimização de processos, redução de desperdícios e comprovação da energia contratada.
Ambos são dispositivos agnósticos, compatíveis com equipamentos de diferentes fabricantes de painéis, inversores ou baterias. Para Carrara, essa característica é estratégica. “O mercado solar no Brasil é muito sensível a preço, e os ecossistemas abertos são mais adequados. O cliente pode ter painel de uma marca, inversor de outra, microinversor numa expansão. Nosso dispositivo conversa com todos, sem amarrar o consumidor a um único fornecedor”, explica.
O modelo de negócio combina hardware com assinatura mensal, e parte da receita é compartilhada com os integradores parceiros. Além disso, eles passam a contar com ferramentas de monitoramento remoto das instalações, alertas automáticos de falhas, comprovação da qualidade do serviço prestado e novas oportunidades de venda de upgrades, baterias e serviços de backup.
Uma pesquisa interna realizada pela empresa indica que 84% dos integradores consideram dados em tempo real um diferencial competitivo, e 60% afirmam acessar aplicativos de monitoramento diariamente.
O Solfácil Smart substitui e unifica funções antes distribuídas entre os equipamentos Ampera e Ampera Consumo, descontinuados pela empresa. Diferentemente deles, não está atrelado ao financiamento da companhia, sendo um produto independente, com onboarding próprio, ativação via QR Code e compatibilidade com qualquer sistema solar conectado à rede. A empresa informa também que o Ampera foi removido como opção no financiamento e deixa de estar disponível para novas formalizações, mas continuará operacional para os clientes que já o utilizam.
Outro diferencial está na adequação ao cenário regulatório nacional. A plataforma já mostra, por exemplo, quanto o cliente consumiu da rede, quanto injetou, qual tarifa pagou e como ocorreu a compensação, dados que normalmente não são claros na fatura de energia elétrica.
A comercialização será feita inicialmente por integradores e distribuidores parceiros, mas o dispositivo também poderá atender consumidores que já possuem sistemas adquiridos de outros fornecedores. “Hoje nosso canal é o integrador, porque envolve instalação. Mas no futuro, se houver demanda, podemos criar modelos B2C. Queremos atender inclusive os chamados ‘órfãos do solar’, clientes que perderam contato com o integrador original”, adianta Carrara.
O primeiro lote já está em pré-venda, e o grande volume deve chegar em cerca de 30 dias. A expectativa é vender milhares de unidades nos próximos meses, com ajustes a partir do feedback dos clientes. Entre as evoluções previstas estão a integração com sistemas híbridos e até a possibilidade de interação via WhatsApp.
“Temos mais de 100 profissionais em tecnologia. Isso nos dá velocidade para evoluir o produto. Os dados já são capturados, o que vai mudar é a forma de apresentá-los e as novas aplicações que surgirem, como a geração distribuída compartilhada. Estamos prontos para adaptar rapidamente”, conclui o executivo.
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