5 anos da Rede MESol na Intersolar: inclusão que transforma o setor de energia solar

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Em 2025, a Rede Brasileira de Mulheres na Energia Solar (Rede MESol) celebra cinco anos de participação na Intersolar South America, o maior evento de energia solar da América Latina. Nesse período, a iniciativa deixou de ser somente um espaço alternativo para debates sobre equidade de gênero e se consolidou como um dos marcos mais significativos de inclusão e diversidade no setor de energia solar, e também um dos maiores eventos organizados pela Rede MESol.

O impacto dessa trajetória pode ser medido não apenas pela presença de mulheres em painéis e estandes, mas também pela mudança de percepção de empresas, investidores e lideranças quanto à importância estratégica da diversidade.

Quando a Rede MESol deu seus primeiros passos dentro da Intersolar, a realidade era marcada pela baixa representatividade de mulheres na feira. O público feminino estava majoritariamente restrito a áreas de marketing, recepção ou como “figuras decorativas” em estandes. Em muitos casos, mulheres eram contratadas apenas para atrair visitantes, vestindo roupas curtas e apertadas, em uma prática de objetificação que gerava desconforto entre profissionais que começavam a ingressar no setor. Palestrantes mulheres eram raridades, e os debates sobre inclusão não tinham espaço formal na programação.

Diante desse cenário, a Rede MESol publicou uma carta de repúdio contra tais condutas, denunciando o uso da imagem feminina de forma desrespeitosa e reivindicando um ambiente mais inclusivo e ético. Essa ação marcou um ponto de virada: a partir dela, empresas e organizadores passaram a rever práticas, e a presença das mulheres deixou de ser vista como objeto de marketing para se consolidar como protagonismo técnico, científico e de liderança.

A Engenheira Civil Renata Mansuelo, voluntária e coordenadora do Núcleo Promover da Rede MESol.

“A Rede trouxe uma abordagem baseada em diagnósticos, dados e propostas práticas, mostrando que equidade não é apenas uma pauta social, mas estratégica para o crescimento do setor. O mercado carece de pessoas qualificadas, e existe uma quantidade enorme de mulheres altamente capacitadas que podem ser absorvidas”.

Renata Mansuelo

Durante esses cinco anos, a Rede MESol implementou uma série de iniciativas que transformaram a experiência da Intersolar South America em um caso de referência em inclusão:

  • Painéis 100% femininos: espaço exclusivo com palestras de mulheres, destacando competências técnicas e de liderança.
  • Interseccionalidade: além da pauta de gênero, inclusão de diversidade racial, sexual, regional e geracional.
  • Manual de boas práticas para eventos inclusivos: documento pioneiro que influenciou conferências como o Congresso Brasileiro de Energia Solar (CBENS), estabelecendo diretrizes de respeito e representatividade.
  • Espaço de amamentação: inovação que ampliou a acessibilidade, garantindo condições para mães profissionais participarem ativamente do evento.

Essas medidas não apenas qualificaram a experiência das mulheres no setor, como também abriram espaço para uma discussão mais madura sobre os caminhos da transição energética justa e inclusiva.

O trabalho da Rede MESol conquistou respeito dentro e fora do Brasil. A atuação consistente e estruturada passou a influenciar diretamente a percepção de empresas e organizações internacionais sobre a importância da diversidade em feiras e congressos.

Gioia Müller-Russo

Gioia Müller-Russo, líder e organizadora da The smarter E South America disse:

“Vi a Rede MESol crescer de uma iniciativa promissora para uma voz reconhecida pela igualdade de gênero nas energias renováveis. A presença evoluiu, tornando-se uma atração fixa no programa da exposição e um destaque para muitos participantes. O setor respondeu com interesse genuíno, respeito e valorização da capacidade da Rede MESol de trazer a diversidade e a inclusão para o debate público, especialmente por meio de conexões pessoais promovidas em iniciativas como a Elas Conectam, onde se estabelecem relações profissionais significativas. A Elas Conectam está oferecendo às mulheres do setor a oportunidade de se encontrarem pessoalmente, compartilharem experiências e construírem redes duradouras que vão muito além do evento. Nós, como organizadores da The smarter E South America – a maior aliança de eventos para o setor de energia da América Latina –, estamos muito felizes em apoiar a iniciativa.”

A mudança é institucional e pessoal. Muitas mulheres que participam do evento passaram a enxergar novas possibilidades de carreira e liderança a partir da atuação da Rede.

Thais Crestani

A Dra. Thais Crestani, voluntária e coordenadora do núcleo Apoiar da Rede MESol.

“Participar da Rede MESol e vivenciar sua atuação na Intersolar mudou minha percepção de futuro no setor. O espaço de fala e de networking me deu confiança para ocupar posições que antes eu não me imaginava capaz. Ver mulheres em liderança técnica e executiva no palco é inspirador e mostra que o setor está, de fato, mudando.” 

Esse efeito multiplicador revela que a representatividade não é simbólica, mas transformadora: mulheres que antes se viam excluídas ou subestimadas agora encontram inspiração e suporte para trilhar percursos profissionais mais ambiciosos.

O trabalho não termina aqui. Para os próximos anos, a Rede MESol já definiu novas metas estratégicas:

  • Estabelecer metas quantitativas de participação feminina em painéis e debates.
  • Expandir a pauta da interseccionalidade, com maior inclusão de diversidade racial, regional e geracional.
  • Levar o manual de boas práticas a eventos internacionais, com a criação de uma certificação inclusiva.
  • Desenvolver métricas de impacto para monitorar a efetividade das ações implantadas.

Esses objetivos demonstram que o futuro da Rede MESol vai além da representatividade: trata-se de criar sistemas estruturados e mensuráveis de inclusão para todo o setor energético.

Cinco anos depois, o que começou como uma ação corajosa se consolidou como referência. A Rede MESol não apenas conquistou espaço, mas também ressignificou o papel das mulheres no setor solar, apontando que diversidade é estratégia de inovação, competitividade e sustentabilidade.

Por fim, Renata Mansueto completa:

“Cada avanço abre caminho para outras mulheres, e a soma de pequenas conquistas transforma o setor como um todo.”

No coração da transição energética, a equidade deixou de ser discurso para se tornar prática concreta e a Intersolar, com o protagonismo da Rede MESol, provou que a transformação é possível para construir um futuro energético verdadeiramente inclusivo.

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