Brasol planeja investir até R$ 2 bilhões por ano na compra de ativos GDI

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Em vez de buscar novos projetos no modelo de geraçãocompartilhada ou autoconsumo remoto sob as regras da GDII ou III, a Brasol decidiu concentrar seus esforços na consolidação de ativos GDI. “Quase todo o nosso pipeline GDI já está em construção e deve entrar em operação até o primeiro semestre de 2026”, afirmou o CEO da companhia, Ty Eldridge, em entrevista à pv magazine Brasil.

Ty Eldridge, CEO da Brasol.

Imagem: Brasol

Segundo o executivo, a empresa está alocando entre R$ 1 bilhão e R$ 2 bilhões por ano para a aquisição de carteiras operacionais de geração distribuída em todo o país. “A nossa prioridade é consolidar os ativos GDI existentes, onde vemos oportunidade de melhorar o desempenho dos ativos, reduzir os custos operacionais e oferecer serviços de energia agregados a clientes industriais”, afirma.

GD II perde atratividade; foco é escala e desempenho

Para a Brasol, o modelo de geração distribuída passa por uma mudança estrutural de atratividade. Eldridge destaca que o GDI proporcionava escala, previsibilidade regulatória e apetite dos investidores, condições que não se repetem nas regras atuais. “A GDII permanece fragmentada, geograficamente limitada e exposta a restrições de interconexão não resolvidas”, diz.

Ele avalia que os novos projetos fazem sentido apenas em nichos específicos, o que não justifica grandes aportes. “A nossa estratégia é consolidar e otimizar a base GDI existente, reforçando o nosso papel na transição energética do Brasil por meio da excelência operacional e da escala, e não do desenvolvimento especulativo.”

Mercado bilionário de fusões e aquisições

Com a retração no desenvolvimento de novos projetos, o mercado de M&A se aqueceu. Eldridge estima que mais de R$ 20 bilhões em oportunidades de fusões e aquisições foram mapeadas nos últimos 18 meses. De um lado, estão os vendedores, geralmente players com dificuldade de capital ou escala operacional. Do outro, consolidadoras como a própria Brasol, além de fundos de infraestrutura e investidores institucionais em busca de ativos com retorno estável e indexado à inflação.

Para o executivo, os melhores negócios vêm da capacidade de capturar sinergias, seja via eficiência de O&M (Operação e Manutenção), melhorias no desempenho ou melhor atendimento ao cliente. “Diligência profunda, capacidade de integração de portfólio e execução pós-aquisição são o que separam os bons negócios dos excelentes”, resume.

Armazenamento com foco industrial e em parceria com utilities

O armazenamento de energia também faz parte do plano estratégico da Brasol, embora ainda não seja foco nas usinas solares GD. A empresa enxerga mais valor imediato em duas frentes: sistemas atrás do medidor para clientes industriais, voltados à qualidade de energia e redução de custos, e parcerias com utilities para aliviar gargalos na produção e na transmissão.

“O armazenamento é uma prioridade estratégica. Embora a co-localização com energia solar GD seja promissora a longo prazo, é necessário um quadro regulamentar mais claro antes que se torne viável para investimento em escala”, afirma o CEO. Os primeiros projetos comerciais de armazenamento da empresa devem entrar em operação ainda este ano.

Consolidação nacional com parceiros regionais

A Brasol vê na consolidação do setor a próxima etapa da criação de valor em geração distribuída. O plano é construir uma plataforma nacional por meio da aquisição de portfólios exclusivos e da parceria com operadores regionais. “Estamos nos posicionando como um consolidador nacional, com presença em todas as regiões e capacidade de atender grandes clientes com qualidade consistente, preços competitivos e confiabilidade de serviço”, diz Eldridge.

Segundo o CEO, o setor ainda é altamente fragmentado, e há grande espaço para padronização da gestão de ativos e entrega de desempenho superior. “Estamos construindo uma presença nacional robusta e integrada.”

Desafios persistem, mas oportunidades também

Apesar das oportunidades, o setor solar enfrenta uma série de entraves. Eldridge aponta incertezas regulatórias na GDII e III, restrições na transmissão, inflação nos custos de importação e os efeitos da reforma tributária como pontos de atenção. Ainda assim, ele vê o Brasil como um dos mercados solares mais promissores do mundo.

“A oportunidade está em transformar ativos legados em plataformas de alto desempenho, com serviços agregados e disciplina na gestão. É assim que pretendemos contribuir com a transição energética do país”, conclui o executivo.

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